sexta-feira, 27 de junho de 2008

CAPÍTULO VIII (CONTINUAÇÃO)

(...)

Serena nem percebia que era alvo dos pensamentos de Lisa. Havia ligado o seu computador, mas olhava a tela sem, no entanto, ler nada. Por fim, tomou uma decisão e abriu sua gaveta para pegar a matéria que havia terminado na noite anterior. Olhou sua imagem em um pequeno espelho que guardava na bolsa e não ficou nada satisfeita com sua imagem. Estava abatida e com olheiras - resultado de uma noite mal dormida - mas ajeitou o máximo que pôde em sua aparência.
Firme em sua decisão, ela caminhou com passos decididos para a sala do seu chefe.

─ Posso entrar, sr Fray? ─ perguntou, batendo na porta.
─ Claro, Serena. ─ respondeu ele rapidamente.
─ Vim trazer a matéria que o senhor me pediu. Desculpe a demora... ─ disse em um tom o mais doce possível.
“Vou procurar nos hospitais... se achar um doador compatível neles, será muito mais fácil e ninguém suspeitará se o paciente morrer... acidentalmente!.” Essa frase não saia da cabeça de Serena e, olhando no rosto do autor dela, ela só conseguia sentir revolta e raiva.
─ Como não irei desculpar uma moça tão... talentosa! ─ disse em tom sedutor, deixando claro suas segundas intenções.
Deixando de lado sua aversão, Serena se esforçou para sorrir e sentou numa cadeira de frente para a mesa de Ricardo.
─ Fico muito feliz em contar com sua admiração, Sr.
─ Por favor, Serena, nada de senhor. Apenas Ricardo. Pode deixar que leio a matéria hoje mesmo.
Ela, ao invés de deixar o papel sob a mesa dele, se levantou estendeu a mão para entregá-lo.
─ Gostaria que o senhor desse ênfase em alguns pontos que sublinhei. ─ disse, inclinando-se e ficando mais perto dele para mostrar algumas partes do texto.
Ricardo pareceu entender a insinuação, pois nem olhou para onde ela apontou.
─ Estarei em minha mesa, caso precise de mim... Ricardo. ─ disse e saiu da sala, sem esperar resposta.
Com um leve sorriso no rosto, encaminhou-se para sua mesa. Com surpresa, encontrou Dário sentado em sua cadeira e com cara de poucos amigos.
─ Serena, Dário estava te procurando e como não sabia se iria demorar, tomei a liberdade de convidá-lo a sentar enquanto esperava você vir de sua pequena reunião com o sr. Fray. ─ disse Lisa, adiantando-se a Dário e destilando seu veneno.
─ Obrigada, Lisa. Você foi muito prestativa. ─ respondeu sarcástica.Assim que Lisa voltou a sua mesa, Serena voltou-se para Dário, que continuava quieto. Quieto demais.
─ Tudo bem, Dário? Não te esperava por aqui...─ disse sem graça.
─ Percebi que não. Vim te convidar para almoçar... mas se tiver livre, né?
─ Estou livre sim. Vamos? ─ perguntou ansiosa, antes que ele comentasse algo que a denunciasse para Lisa.