quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

CAPÍTULO VII (CONTINUAÇÃO)

(...)
─ E hoje, por acaso, escutei uma conversa telefônica muito suspeita do meu editor chefe. Pode ter sido coincidência, mas ele falava sobre transplante de rim e mencionou o tipo sangüíneo da pessoa que precisava. Ele marcou uma reunião com a tal pessoa com quem ele conversava no galpão abandonado às 23 horas. Você sabe onde fica?
Dário franziu o cenho e ficou um instante pensativo.
─ Serena, eu venho acompanhando alguns encontros nesse galpão. Qual o nome do seu chefe?
─ Ricardo Fray.
─ Não acredito! Serena, você não pode continuar trabalhando diretamente para ele. Pelo que sei, ele é uma pessoa central dessa organização. ─ disse preocupado.
─ Mas eu posso tirar proveito disso, Dário...
─ Como, Serena? ─ perguntou ele, desconfiado.
─ Bem... ─ começou, mas ficou envergonhada ─ É que uma colega de trabalho acha que o sr. Fray anda me cantando... eu, pessoalmente, nunca notei nada de mais.
─ E você acha que eu vou permitir que você dê corda para esse homem, Serena? ─ perguntou em tom elevado e bastante irritado.
Ela ficou assustada com a reação dele, mas logo entendeu. Ficou tão contente por descobrir que ele estava com ciúmes que até sorriu sem querer.
─ Posso saber o motivo do seu divertimento? ─ perguntou ainda mais irritado.
─ É que você está irritado.
─ E isso a faz feliz? Posso saber o por quê?
─ Você está com ciúme de mim...
Dário não resistiu ao tom meigo dela e acabou rindo também.

domingo, 2 de dezembro de 2007

CAPÍTULO VII (CONTINUAÇÃO)

Como se o mundo tivesse parado e só os dois estivessem vivos, os lábios duros de Dário encontraram os trêmulos e macios dela. Dessa vez não foi um beijo tranqüilo e, sim, uma explosão de sentimentos. Serena entreabriu um pouco a boca, como se buscasse ar, e sentiu que a língua quente dele invadia todo o seu interior aveludado, querendo conhecer todos os recantos escondidos.
Ficaram perdidos nesse encantamento quando Serena sentiu que as mãos dele percorriam a parte mais externa de sua perna e entraram na sua saia. Como se um alarme disparasse no fundo de sua mente, ela começou a ficar apreensiva.
─ Dário, por favor... não... ─ suplicou, mas sem forças.
─ Desculpe, querida, não quero assustá-la. Mas você me deixa louco assim. ─ respondeu se afastando dela e com um sorriso nervoso.
─ Você fica muito mais lindo... quando sorri... estava tão sério antes!
─ Vou me lembrar disso... vou tentar sorrir para te deixar feliz, Serena. Mas quando soube a verdade toda, fiquei com muito medo por você. Por mais que eu já soubesse que você me escondia algo, não imaginava que era isso. Acho que não adianta eu te pedir para se esconder, né?
─ Desculpe, Dário. Peça qualquer coisa, menos isso.
─ Eu imaginei. Vamos nos sentar mais confortavelmente na sala e quero que você me conte tudo.
E assim, Serena explicou toda a história da investigação da mãe, inclusive, o fato dela só ter descoberto tudo após a sua morte e a conversa com Marcos Wong. Propositalmente não quis comentar nada sobre os motivos que levaram Marina a se embrenhar nessa história perigosa. Não conseguia mencionar as maldades de seu próprio pai.

sábado, 1 de dezembro de 2007

CAPÍTULO VII (CONTINUAÇÃO)

(...)
Ele a colocou sentada na mesa da cozinha e foi buscar o kit de primeiro socorros. Enquanto isso olhou para o joelho e viu que estava bem ralado, provavelmente por estar usando uma saia e não a calça comprida costumeira.
Dário voltou à cozinha com uma caixa de remédios e, com um pedaço de algodão, limpou o machucado. Mesmo doendo, Serena mordeu o lábio inferior e ficou quieta.
─ Obrigada, Dário. Mas não quero mais te incomodar. ─ disse ela, percebendo que o clima estava tenso. Dário estava muito estranho.
─ Precisamos conversar, Serena. E dessa vez quero a verdade!
Ela saltou da mesa e o encarou com um misto de medo e desafio.
─ Que verdade? Não sei do que está falando!
─ Tem certeza? Por que não me disse que você é filha de Marina Hill? Eu não havia ligado seu sobrenome ao dela. Mas agora, tudo me começa a se encaixar.
Serena ficou muda de espanto, pois não esperava essa descoberta.
─ Serena, por favor, preciso que você me conte a verdade. Eu posso ajudá-la, só você não percebe isso.
─ Como... você pode me ... ajudar? ─ perguntou confusa.
─ Sua mãe investigava algo perigoso e tenho a intuição de que você veio terminar o que ela começou.
─ Como você sabe disso, Dário?
─ Eu sou um policial, querida. Esqueceu?
Não, ela não esqueceu.
─ Não sei se posso confiar em você... pelas poucas informações que obtive, sei que há policiais envolvidos nessa história suja.
─ Também sei disso. Mas você precisa confiar em mim, Serena. Será que se olhar no fundo do seu coração, não há uma mínima parcela de confiança em mim? ─ perguntou, agora mais carinhoso.
Ela o olhou bem dentro dos olhos e suspirou. Sabia que estava perdida.
─ Dário, minha vida sempre foi muito complicada. Reconheço que tenho dificuldade em confiar nas pessoas, principalmente depois de ter perdido minha mãe. E por incrível que possa parecer, ela também não confiou em mim, pois não me contou nada do que estava acontecendo. Mas algo dentro de mim soube que eu podia confiar em você, desde a primeira vez em que te vi.
O final da frase não foi nada mais que um murmúrio e baixou os olhos, envergonhada. Por isso não viu o brilho que surgiu nos olhos daquele homem que a fascinava.
─ A minha vontade é te beijar, Serena. Mas não sei se devo...
─ E porque não me beija? ─ perguntou com uma coragem que não sabia que tinha.
Ele não precisou escutar mais nada e a abraçou pela cintura, trazendo seu corpo junto do dele. O calor do corpo dele a deixava sem ar e com formigamentos pelo corpo. Eram muitas sensações novas, mas que queria muito descobri-las.
─ Olhe para mim, querida! ─ perguntou em voz baixa, junto ao seu ouvido. ─ Não tenha medo.
─ Não tenho medo de você... ─ respondeu, levantando a vista e encontrando um par de olhos castanhos brilhantes.

CAPÍTULO VII (CONTINUAÇÃO)

(...)
Dário se preparava para sair da delegacia quando o telefone de sua mesa tocou. Já estava com uma das mãos na maçaneta da porta e pensou duas vezes antes de voltar para atender. Suas atividades profissionais e extra-profissionais estavam esgotando sua mente. Por fim, sua consciência falou mais alto e atendeu o telefone. A pessoa do outro lado da linha passou uma informação rápida, mas importante. Quem o conhecia, sabia pela expressão de seu rosto, que a notícia o havia perturbado. Ele desligou o telefone vagarosamente e, após pensar por alguns instantes, levantou rápido e saiu da delegacia.

Já era fim do expediente e a maioria dos funcionários já havia ido embora. Serena estava sentada em sua mesa e terminava de escrever uma matéria. Felizmente, Lisa a havia deixado em paz e não a procurara mais durante o resto do dia, embora pudesse sentir seu olhar o tempo todo. Sabia que estava ganhando uma inimiga.
Serena escrever a última frase e, após uma rápida revisão, mandou imprimir a matéria. Como a impressora do jornal ficava no final da sala, ela juntou suas coisas e desligou o computador. Pegou as folhas impressas e se dirigiu a sala do editor-chefe, Ricardo Fray. Queria deixar com ele a matéria para que ele aprovasse sua publicação no jornal do dia seguinte. Antes de bater na porta, percebeu que ele estava ao telefone, embora falasse bem baixo.
─ Quem está interessado? ─ perguntou Ricardo.
Serena pensou se tratar de uma conversar particular e não queria interromper. Já ia se afastando da porta quando ouviu mais uma parte da conversa e ficou estarrecida.
─ Mas é transplante de rim? Qual o tipo sangüíneo do interessado?
Serena ficou imediatamente em alerta e, olhando a sua volta e percebendo estar sozinha, se abaixou perto da porta para escutar melhor a conversa.
─ Esse sangue vai ser mais difícil... ─ continuava ele, em voz bem baixa.
─ ... Certo. Vamos nos encontrar hoje às onze horas no galpão abandonado... Até.
Percebendo que a conversa chegara ao fim e que Ricardo se levantou da cadeira, Serena saiu de seu esconderijo e correu ao longo do corredor. Chegou à portaria do prédio ofegante e assustada. A conversa fora um tanto suspeita e precisava confirmar sua desconfiança. Iria até esse galpão abandonado... mesmo não tendo idéia de onde era. Com esse pensamento, saiu correndo do prédio e, ao mesmo tempo, procurando seu celular na bolsa para avisar a Martha que chegaria tarde em casa. Mas foi uma péssima idéia. Na pressa, acabou tropeçando e caiu no chão e todo o conteúdo da bolsa se espalhou a sua volta.
─ Acho que meu destino é sempre te ajudar mesmo, Serena Hill. ─ disse Dário, chegando por trás e estendendo a mão para ajudá-la.
Serena suspirou aliviada ao vê-lo. Já estava acostumada com suas chegadas inesperadas. Quando levantou do chão e olhou para seu rosto, percebeu que ele estava mais sério do que nunca o havia visto.
─ Está machucada? ─ perguntou, sem mudar a expressão de seu rosto e juntando os objetos espalhados.
─ Não. Obrigada pela ajuda, Dário. Nem sei mais o que faço sem você... ─ perguntou, tentando faze-lo rir um pouco. Adorava seu sorriso.
─ Nem sempre vou poder ajudá-la, Serena. ─ respondeu, ainda sério.
Ela estranhou a atitude dele, mas não comentou mais nada. Quando deu um passo em sua direção, seu joelho doeu e, sem querer, soltou uma exclamação de dor.
─ Você está machucada, Serena. Quando vai deixar de ser teimosa, menina? ─ perguntou e a pegou no colo, antes que ela pudesse protestar. ─ Vou levá-la para minha casa para cuidar desse ferimento.
─ Foi só um arranhão, Dário... ─ ia começar, mas se calou. O colo dele era confortante.
Ele a depositou com muito carinho no carro dele e foram para a casa dele.
─ Mônica não vai estranhar você me trazendo para cá há essa hora? ─ perguntou Serena assim que chegaram.
─ Minha mãe foi a uma reunião das amigas dela. Não deve chegar cedo.
Ele a colocou sentada na mesa da cozinha e foi buscar o kit de primeiro socorros.

sábado, 17 de novembro de 2007

CAPÍTULO VII (CONTINUAÇÃO)

─ Fontes boas, não é mesmo? ─ perguntou com certa ironia.
─ Pois é... tento me manter informada de tudo o que ocorre aqui na cidade. Faz parte do meu trabalho!
Serena fez uma tentativa de sorriso e voltou sua atenção para seu prato de comida.
“Lisa é perigosa demais. Tenho que ter muito cuidado com ela.” Pensou.
─ Então, o que foi fazer lá? Visitar o pai do seu filho? Quem sabe... matar as saudades! ─ Lisa deu uma piscadela.
─ Lisa, aonde fui ou o que eu fui fazer são problemas unicamente meus. Estamos entendidas? ─ perguntou, em tom perigoso.
Lisa assentiu e passou o restante do almoço em silêncio. Voltaram ao trabalho sem mencionar mais nada.

CAPÍTULO VII

Ama a verdade, mas perdoa o erro.
(Voltaire)


Era hora do almoço da segunda-feira. Lisa não parava de falar ao seu lado e Serena estava ficando angustiada. Estava um dia muito quente e abafado e o ar condicionado não dava vazão.
─ Então, Serena, como foi o final de semana? Sei que você fez uma viagem rápida no sábado.
─ Como você sabe disso, Lisa?
─ Tenho minhas fontes. ─ respondeu com uma risada ─ Mas me conta... o que você foi fazer na cidade vizinha?
─ Nossa... você sabe até aonde eu fui? ─ perguntou, tentando disfarçar ─ Talvez você possa me responder o que eu fui fazer lá...
─ Bom, para você ter voltado no mesmo dia, deduzi que você foi na cidade vizinha... na verdade, joguei um verde e colhi maduro. E segundo minhas fontes, você foi vista chorando na lanchonete do Mario’s. E que quem te ajudou foi Dário!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

CAPÍTULO VI (FINAL)

– Você não vai dar um mergulho? – perguntou Mônica – Nem tirou a saída de banho.
– Vou sim, mas não quis atrapalhar seu filho. Ele está tão entretido com as crianças.
– Ele olha toda hora para cá, querida. Está com vergonha dele?
– Eu? Imagina! ─ exclamou, nervosa.
Mônica fingiu que acreditou nela e não disse mais nada. Sabia que teria que lidar com calma e paciência com Serena.
No final da tarde, Serena deu um banho em Lucas e o deixou com Mônica para que ela própria pudesse se arrumar. Durante o banho, ela pensava que pela primeira vez em meses, conseguiu se divertir e não pensar na morte da mãe. Ela se enrolou numa toalha e, com outra na mão, voltou ao quarto para terminar de secar o cabelo. Ela olhava a paisagem enquanto se ocupava dessa tarefa e não percebeu a porta se abrindo.
─ Você é perfeita, Serena... ─ disse uma voz familiar.
─ Dário! ─ exclamou no susto ─ O que faz aqui? Estou terminando de me arrumar.
─ Estou percebendo isso... e me desculpe. Achei que já te encontraria vestida.
─ Pois não estou. Poderia me esperar do lado de fora?
─ O que a faz tão diferente, Serena? Você é tão valente, mas tão frágil e inocente também. Nunca pensei que fosse encontrar qualidades tão distintas em uma pessoa. Você me intriga muito.
─ Eu... ─ mas não pode concluir a frase, pois Dário a abraçou de repente e a beijou apaixonadamente.
Ela não soube dizer se haviam passado horas ou apenas alguns segundos, mas sabia que não queria que terminasse nunca aquele beijo.
─ Eu estou me apaixonando por você, querida. ─ disse ele com voz rouca ao seu ouvido. ─ E nesse momento sinto algo a mais por você... mas irei te respeitar. Um dia você vai me entender... assim como eu quero muito te entender.
Ele a beijou novamente e Serena sentiu que as mãos deles desciam vagarosamente pelas suas costas. Mas a carícia foi interrompida bruscamente e a deixou sozinha no quarto, com seus pensamentos confusos e desejos.

O maravilhoso da fantasia é nossa capacidade de torná-la realidade.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

CAPÍTULO VI (CONTINUAÇÃO)

Mais tarde, Serena observava a cena a sua frente com curiosidade. A irmã de Dário não pôde aparecer, mas mandou seus dois filhos pequenos. Dário brincou com os sobrinhos e Lucas na piscina enquanto Serena ajudava Mônica a lavar os pratos do almoço. Depois de terem arrumado tudo, ela sentou numa cadeira perto da piscina e conversava com Mônica, mas sem tirar os olhos de Dário. Estava surpresa em ver como ele adorava crianças.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

CAPÍTULO VI (CONTINUAÇÃO)

─ Sua casa? Como assim? ─ perguntou sentindo um imenso rubor no rosto.
Nesse momento, Mônica entrou na cozinha com várias sacolas. Sem perceber o que se passava, começou a esvaziar o conteúdo dos sacos.
─ Dário, meu filho, já conheceu Serena?
Filho?!
─ Já conheci sim, mamãe. ─ respondeu ele com o mesmo sorriso de antes.
Serena estava confusa, mas lembrou-se de que Mônica havia dito que tinha dois filhos, sendo um policial e que morava com ela.
─ Ah! ─ exclamou sem querer.
─ Convidei ela e o filho para um banho de piscina hoje. Está tão quente, não é mesmo? Serena, fique a vontade, sim? Vou só temperar o frango e a carne para um churrasquinho mais tarde.
“Ai, meu Deus!”. Serena ainda estava desnorteada com a coincidência. Não sabia mais como reagir na frente de Dário.
─ Dário, meu filho, nem vi você chegando ontem. Não gosto quando chega muito tarde! Sei que anda aprontando algo...
─ Fiquei de serviço até mais tarde, mamãe. Apenas isso. ─ disse rapidamente, cortando a mãe ─ Vou tomar um banho e me junto a vocês daqui a pouco.
Mas antes de sair da cozinha, abaixou e pegou a mamadeira do chão e entregou a Serena, segurando sua mão por mais tempo que o necessário.
─ Você e essa mania de derrubar as coisas!─ disse em voz baixa antes de sair.

Algum tempo depois, Serena e Mônica estavam sentadas perto da piscina e conversavam.
─ Quer dizer que você já conhece meu filho... Bom, sendo ele policial, não sei por que estou surpresa.
─ Conheci ele na re-inauguração do orfanato.
─ Percebi que os dois já são... um tanto... íntimos.
Serena corou fortemente.
─ Não precisa se envergonhar. Vou te confidenciar algo: nunca vi Dário desse jeito. Aliás, ele estava andado tão sério e fechado, mas de uns tempos para cá, tem estado mais sorridente.
Involuntariamente, Serena sorriu e ficou feliz com o simples comentário.
─ Mas, minha querida, preciso te dizer algo. Desde que te conheci, percebi uma tristeza imensa em seu olhar. Você não precisa concordar com o que eu vou dizer, mas acho que você está procurando algo nessa cidade. Algo que te trará paz... infelizmente, tenho o pressentimento de que é algo perigoso. Peço cuidado ao tomar suas decisões e não deixe que elas atrapalhem sua vida. Sei que você não tem mãe... por isso, me acho na obrigação de dizer isso.
“Mãe!” pensou com revolta e tristeza.
─ Confio muito em você, Mônica. Realmente vim buscar algo aqui na cidade e estou encontrando algo que eu não esperava. Ou melhor, algo em que não acreditava ser possível...
─ Que bom que você usou o verbo no passado. Quer dizer que acredita agora, Serena? ─ perguntou Dário, que havia se aproximado sem que ela percebesse.
─ Estou tentando acreditar, Dário. Eu quero poder acreditar!

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

CAPÍTULO VI (CONTINUAÇÃO)

Uma hora mais tarde, Serena já estava colocando as coisas no carro e seguia para casa da Mônica. O céu estava azul límpido com o sol brilhando forte e, por isso, já fazia calor cedo.
─ Que bom que aceitou meu convite, Serena. Tenho uma piscina que raramente uso, pois já sou velha. ─ disse Mônica, sorrindo.
─ Velha nada! E com uma piscina dessas, você devia dar um mergulho todo dia pela manhã.
A casa de Mônica possuía dois andares e era muito bem decorada, sem exageros. A piscina também não ficava atrás, apesar de não ser muito grande, e ao seu redor tinham umas cadeiras de sol. Havia um lugar reservado para a churrasqueira com mesinhas e cadeiras. Tudo de muito bom gosto.
─ Sua casa é realmente linda, Mônica! Parabéns!
─ Obrigada, querida. Mas venha comigo. Vou te levar a um quarto para que você possa arrumar Lucas e se instalar. Mas, por favor, fique a vontade!
Quando ficou sozinha no quarto, Serena abriu a bolsa que trouxe e tirou uma saída de praia e uma toalha de banho. Como tanto ela quanto Lucas já estavam com roupa de banho por baixo, só foi preciso tirar as roupas. Serena também havia trazido papinha e mamadeira fresca para Lucas. Ela vestiu a saída por cima do biquíni branco e rosa que usava e desceu com Lucas no colo. Não havia sinal de Mônica e, então, resolveu colocar na geladeira a mamadeira de Lucas.

─ Acho que ainda estou sonhando! Ou será que não agüentou de saudades? ─ disse uma voz grave vindo da porta da cozinha, enquanto Serena arrumava um lugar na geladeira.
Quando escutou a voz, achou que quem estava sonhando era ela. Não era possível! Ficou tão nervosa que a mamadeira que segurava acabou caindo no chão, mas, por sorte, não quebrou.
─ Dário... o que... você está fazendo... aqui? ─ perguntou, gaguejando.
─ Acho que eu quem deve perguntar o que você faz em minha casa? ─ perguntou com um sorriso no rosto.
Ele estava lindo. Tinha acabado de acordar e estava vestindo apenas uma bermuda. Seu peito estava descoberto e Serena reparou como era musculoso. Sua barba estava por fazer e o cabelo estava levemente despenteado.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

CAPÍTULO VI (CONTINUAÇÃO)

Serena escutava um barulho insistente ao longe, mas não conseguia identificar do que se tratava em meio ao sono pesado. Com dificuldade, abriu os olhos, mas a luz do sol a fez fechar imediatamente. Quase ao mesmo tempo, Lucas começou a chorar no quarto e ela não teve outra opção a não ser acordar. Quando se sentou na cama, percebeu que o barulho que a incomodava era o telefone tocando.
─ Alô? ─ disse com voz de sono ainda.
─ Bom dia, minha querida. Aqui é Mônica. Desculpe se te acordei.
Serena olhou para o relógio na cabeceira da cama e viu que eram ainda 8:00. E de Domingo!
─ Tudo bem, Mônica. Lucas também acabou de acordar.
─ Bom, o motivo de eu estar te ligando é para te convidar para tomar um banho de piscina aqui em casa com Lucas. O sol está brilhando hoje muito forte e nada melhor do que um mergulho, não é mesmo?
─ Acho que vou aceitar seu convite. Estou precisando mesmo relaxar um pouco.
─ Fico te esperando então, minha querida. Até mais!

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

CAPÍTULO VI (CONTINUAÇÃO)

OBS.: Estou colocando um título provisório para a história. Estava incomodada com isso... aceito sugestões! Abraços!

QUANDO O AMOR ACONTECE


(...)

O céu estava escuro, com poucas estrelas e nuvens. O ar estava seco e não corria praticamente nenhum vento. A casa estava silenciosa e Lucas dormia serenamente no seu berço. Serena estava sentada na cozinha com uma xícara de café a sua frente e a carta de sua mãe na mão.
Tinha demorado a criar coragem para ler a carta. Na verdade, só conseguia lembrar de Dário e de como havia gostado do seu beijo. Estava muito confusa e não queria ter que resolver mais nenhum problema em sua vida. Mas a carta da mãe parecia ser uma resposta indireta para seus questionamentos. Deveria confiar nessa paixão e nesse homem?


Dário se aproximou do galpão abandonado silenciosamente. Tinha certeza de que alguma coisa iria acontecer naquela hora da madrugada. Ele circundou o local sorrateiramente e se escondeu debaixo de uma janela. Só precisou esperar alguns minutos para escutar o barulho do motor de um carro se aproximando. Como estava em um lugar meio escondido, só conseguiu ver um homem vestido de cinza sair e pegar o celular. Alguns instantes depois, um outro carro se aproximou e dois outros homens desceram. Os três trocaram algumas poucas palavras e entraram no galpão, mas antes tiveram o cuidado de olhar ao redor para ver se havia movimentação.

(...)

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

CAPÍTULO VI

OBS.: Peço desculpas pelo meu desaparecimento mas devido a uma nova condição em que me encontro, provavelmente as próximas semanas serão difícies também. Mas espero retornar a uma certa regularidade as postagens. Continuem opinando... mesmo que por emails! ABraços e obrigada pela compreensão!
***

“Minha querida Serena,

Caso você esteja lendo essa carta é porque não estou mais presente em sua vida. E na de Lucas também. Sei que você deve estar com raiva de mim, mas peço que me entenda. Nunca ninguém me entendeu como você, Serena.

Deixei essa carta com Marcos por confiar muito nele. Tenho certeza de que ele só vai te entregar se você o procurar. Não quero que se preocupe à toa. Mas sei muito bem a filha que tenho. Você tem o mesmo espírito que eu, meu anjo.

Quando Juca nos deixou, achei que fosse morrer. Eu amava muito ele, mas percebo agora que de um modo doentio. Mas não podia ser fraca com um filho pequeno para criar ainda, pois você já era crescida. Então procurei por Marcos, um antigo amigo meu. Eu trabalhei para ele anos atrás. E acho que posso te confidenciar que ele gostava muito de mim. E com o passar do tempo, aprendi a gostar dele também. Não o amava, Serena, mas tão pouco amava verdadeiramente seu pai. Eu finalmente descobri isso.

Eu não quero que você fique com amargura nem ódio no coração por causa do pai de vocês. Você não merece isso, minha filha. Você só merece felicidade após tanto sofrimento. Não deixe seu coração fechado para o amor. Amar é maravilhoso! Mas me prometa que nunca você vai deixar de ser o que é por causa de alguém. Lembre-se que amar é ser livre e querer o mesmo ao outro. Agora sei disso tudo.

Você recebeu também de Marcos uma chave. Dentro do envelope há um pequeno papel com um endereço de uma caixa postal para você pegar uma caixa. Lá você encontrará as respostas que precisa. Mas muito cuidado minha querida filha. Mamãe ama muito vocês dois.

Com amor, Marina”.

domingo, 7 de outubro de 2007

CAPÍTULO V (FINAL)

(...)

Ela levantou o rosto banhado de lágrimas e sentiu uma imensa alegria ao ver quem era.

─ Dario... ─ murmurou, saindo do carro. Sem pensar no que fazia, atirou-se em seus braços.
─ O que aconteceu, Serena? ─ perguntou preocupado, abraçando-a também. ─ Alguém a atacou?
─ Não. É tão complicado...

Algum tempo depois, Serena deu conta de que se encontrava nos braços dele. Muito constrangida e com a desculpa de pegar um lenço na bolsa, desvencilhou-se do abraço.
─ Desculpe a cena dramática. Acho melhor eu voltar para casa agora.
Dario ficou alguns instantes em silêncio, apenas olhando-a com seus olhos castanhos enigmáticos.
─ Não posso deixar você dirigir assim, Serena. Vamos comer algo na lanchonete. Sem discussões, por favor. ─ pediu quando viu que ela ia retrucar.
E assim Dario a levou para a lanchonete e pediu café e torradas para ambos.
─ Não vou atrapalhar seu serviço? ─ perguntou ela apontando para seu uniforme.
─ Não estou de serviço agora.
─ E o que está fazendo tão distante do centro da cidade?
─ Eu vim resolver um problema particular.
Foram interrompidos pela garçonete, que veio trazer o pedido.
─ Muito tempo que não te vejo por aqui, policial! ─ exclamou a garçonete abrindo um sorriso ─ Sentimos sua falta.
Serena percebeu que ela estava flertando com Dario e não gostou nem um pouco disso. Mas sabia que um homem bonito como ele e solteiro devia conquistar os corações das mulheres.
─ Suponho que você não queira me falar sobre o que aconteceu.
─ Supôs certo, policial Dario.
─ Será que você podia me explicar porque sempre é tão evasiva comigo? E por que será que não gosto quando me chama de “policial Dario”? Parece que você me recrimina apenas por eu ser um policial.

Serena levou a xícara de café aos lábios para ganhar tempo. Sabia que estava errada em julgá-lo tão cedo, mas não podia confiar em ninguém no momento. Mesmo sendo esse alguém uma pessoa que fazia seu coração bater descompassado.
─ Eu não sei nada a seu respeito, Serena. O que eu sei é que você se mudou para Vista Formosa com seu filho por algum motivo que não entendo. Tenho certeza de que não foi por achar nossa cidade uma maravilha. Estou certo?
─ Você está certo, Dario. Mas não me peça maiores explicações, está bem?
─ Está bem. Eu respeito sua decisão. Mas gostaria que confiasse um pouco mais em mim.
─ Entenda que é algo muito pessoal. Não quero falar sobre isso, por favor.
Ele assentiu com a cabeça e também tomou seu café.
─ Não vou pedir que você entenda nada, pois sei que é impossível. Mas gosto de você como a um... amigo. E vou tentar confiar em você e, quando o momento certo chegar, vou contar tudo. ─ disse, colocando sua mão sobre a dele em cima da mesa, numa atitude confiante.

Os dois ficaram alguns instantes fitando um ao outro, presos num mundo à parte. Serena sabia que estava caindo numa armadilha... e que doce armadilha.
─ Dario, você quer mais alguma coisa? ─ a voz da garçonete apaixonada soou um pouco distante.
Serena voltou à realidade abruptamente e se irritou com a garçonete, que parecia estar ignorando-a propositadamente.
─ NÓS não vamos querer mais nada, obrigada! Pode trazer a conta, por favor? ─ respondeu ela antes de Dario e enfatizando sua presença.
─ Dario, preciso realmente voltar para casa. Já está anoitecendo e preciso dispensar Martha. Muito obrigada pelo café e não precisa me acompanhar ao carro. A garçonete está voltando e não quero atrapalhar o namoro de vocês. ─ continuou.

Mas antes que Serena se movimentasse, ele se levantou e segurou seu braço. Tirou algumas notas do bolso e deixou sobre a mesa.
─ Vamos. ─ mandou com voz seca.
Caminharam em silêncio até o carro dela. Serena estava irritada e, ao mesmo tempo, nervosa.
─ Já disse que não quero atrapalhar seus planos, Dario. Sua namoradinha não vai gostar nem um pouco de...
─ É impressão minha ou você está com ciúmes de Fiona? ─ cortou ele.
─ Eu com ciúmes daquela garçonete? Você só pode estar brincando comigo!
─ Que pena... adoraria vê-la com ciúmes de mim... ao menos teria certeza de que gosta um pouco de mim...
─ E preciso sentir ciúmes para provar que gosto de você? ─ perguntou no calor do momento, sem perceber que se comprometera.
─ Não. Realmente não precisa sentir ciúmes, mas... talvez um outro jeito me ajudaria... ─ insinuou ele com um leve sorriso no canto dos lábios.
─ Que outro jeito?
Dario nem esperou ela concluir a frase. Sabia que ela não estava raciocinando direito sobre o que estava falando e decidiu se aproveitar desse momento irracional dela.

Abraçou Serena, trazendo seu corpo para perto do dele, e a beijou nos lábios. A princípio era apenas um beijo simples. Mas à medida que sentia os lábios daquela menina misteriosa estremecerem sob os seus, perdeu completamente o controle.
Serena foi pega de surpresa. Mas secretamente ansiava por um beijo dele. No início nem conseguir reagir, só sentia os lábios duros daquele homem sob os seus. Depois, foi como se algo começasse a derreter dentro de si e correspondeu abertamente ao beijo. Foi uma sensação incrível e indescritível. Não soube dizer quanto tempo ficaram ali, abraçados... como se um tentasse completar o outro.
─ Eu sabia, Serena. Não ouse negar mais. ─ Dario sussurrou ao seu ouvido, quando afastou os lábios do dela. Estava com a voz rouca de paixão. E virou-lhe as costas, deixando-a com seus próprios pensamentos.

Todos os dias Deus nos dá um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes. O instante mágico é o momento em que um "sim" ou um "não" pode mudar toda a nossa existência.

***

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

CAPÍTULO V (CONTINUAÇÃO)

(...)

Serena sentia lágrimas descerem pelo seu rosto enquanto dirigia de volta para casa em Vista Formosa. A história relatada por Marcos continuava ecoando em sua cabeça.

“... Não sei todos os detalhes, mas sei que sua mãe deixou tudo explicado numa carta. Ela pediu que eu te entregasse essa chave e esse papel. Isso é tudo o que posso te dizer, menina Serena. Eu não quis saber mais. A morte de sua mãe nos afetou de modo avassalador. Por causa de sua investigação, o jornal acabou fechando. Sua mãe mexeu com gente graúda e as conseqüências foram as piores. Por isso, você achou tudo muito quieto e vazio. Serena, não acho necessário você sofrer mais... seja feliz! Tenho certeza de que sua mãe também quer isso.”

Essas foram suas últimas palavras, mas não saíam de sua mente. Ela olhou para o envelope branco jogado no banco do carro e estremeceu. Não tivera coragem de abrir ainda.

Ela secou as lágrimas com as costas da mão e olhou para o céu. Notou que já estava escurecendo. A estrada estava vazia e o silêncio era perturbador. Serena se sentiu muito sozinha e triste nesse momento. Já tinha entrado em Vista Formosa e resolveu parar o carro perto de uma lanchonete.

Encostou o rosto no volante e voltou a chorar. Sentia um vazio imenso dentro de seu coração. Queria entender por que a mãe se expôs tanto quando tinha uma família para cuidar. Queria entender o motivo de sua própria tristeza. Não tinha respostas naquele momento. Apenas lágrimas. Não soube dizer quanto tempo se passou até escutar baterem no vidro do carro.

─ Serena? Está tudo bem? Abre o vidro, por favor. ─ era Dario quem estava do lado de fora, segurando uma lanterna.

Ela levantou o rosto banhado de lágrimas e sentiu uma imensa alegria ao ver quem era.

(...)

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

CAPÍTULO V

Serena olhou com certa tristeza para o prédio que lhe era tão familiar. Muitas vezes sua mãe a levara junto quando ia trabalhar para ir se acostumando a rotina de um jornal. Lembrava de como a atmosfera alegre do departamento a contagiava sempre. Agora alegria era o último sentimento que havia em seu coração.

Abriu a pesada porta da recepção e olhou em volta, procurando alguém, mas estava tudo no mais absoluto silêncio. Caminhou para a escada e foi para o terceiro andar, onde ficava a sala de Marcos Wong. Os corredores estavam estranhamente quietos e completamente diferentes da época que freqüentava.

─ Sr. Wong? ─ chamou Serena, batendo levemente na porta.
─ Pode entrar, menina. ─ respondeu uma voz cansada de dentro da sala.
Serena entrou e se sentou numa cadeira em frente à mesa do editor. Deu uma rápida olhada na sala e constatou que estava vazia também.
─ Sei o que você deve estar pensando. Está tudo muito vazio, não é mesmo?
─ Reconheço que estranhei muito tudo aqui dentro. Mesmo num sábado a tarde, sempre havia gente trabalhando. Lembro muito bem de minha mãe ficando até mais tarde pesquisando e escrevendo matérias, sobre as quais nunca comentava.

A menção do nome da mãe fez o semblante de Marcos mudar instantaneamente.
─ Acho que o sr. tem algo muito sério para me falar. Apesar de estar bastante apreensiva, preciso saber a verdade!
─ Eu sei, menina Serena.

“Logo depois que Marina voltou a trabalhar aqui no jornal, recebemos uma denúncia anônima de corrupção envolvendo pessoas de posições altas e policias em Vista Formosa. Ninguém quis pegar esse caso, por motivos óbvios. Nem eu, menina. Mas Marina não pensou duas vezes. Como um amigo antigo de sua mãe, eu sabia que o que ela queria na verdade era fazer algo surpreendente. O seu pai, menina, quase acabou com a auto-estima de sua mãe. Ela sabia que precisava se sentir útil e nada melhor do que desvendar um mistério desse tipo. Só que ela não pensou nos riscos. E para falar a verdade, nem eu. Ela conseguiu manter contato com o nosso anônimo e, conforme investigava a denúncia, foi descobrindo coisas terríveis. O que havia por trás das corrupções era um esquema de tráfico de órgãos. Sua mãe não contou para ninguém o que descobrira, pois precisava de provas antes de divulgar. Ela só me contou um dia antes de fazer aquela viagem que acabou tirando sua vida. Acho que ela só me contou porque sabia que podia não voltar. E me fez prometer que eu não te contaria nada a não ser que você me procurasse. E acho que ela conhecia muito bem a filha que tinha...”

(...)

sábado, 29 de setembro de 2007

CAPÍTULO IV (FINAL)

No dia seguinte, enquanto digitava um texto no computador, Serena pensava no que ia ser revelado nessa conversa com Marcos Wong. Precisava estar preparada para tudo.
─ Você está fazendo muito sucesso. O sr. Fray está gostando muito disso. ─ disse Lisa, encostando o corpo em sua mesa.
─ Não entendi, Lisa. Você está insinuando alguma coisa? ─ perguntou sem, no entanto, levantar os olhos da tela.
─ Ora, Serena. Todos aqui do departamento já perceberam os olhares que ele te dirige. Não é possível que...
─ Lisa, por favor, vamos parar por aqui. Você está imaginando coisas. O Sr. Fray nunca me dirigiu uma palavra mais íntima. Isso aqui é um ambiente de trabalho. E, por falar nisso, você não tem trabalho para fazer?
Lisa ficou surpresa com o tom de voz dela. Sabia que se quisesse ganhar algo nessa história toda, precisaria bancar a amiga legal.
─ Desculpe, Serena. Acho que estou com um pouco de ciúmes só.
─ Tudo bem. Só espero não escutar mais essas insinuações pois me ofendem.
Lisa assentiu e voltou a sua mesa. Precisava se acalmar. E pensar seriamente em algumas coisas.

***
"Otimismo é esperar pelo melhor. Confiança é saber lidar com o pior."
Roberto Simonsen

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

CAPÍTULO IV (CONTINUAÇÃO)

(...)

– Bom dia, Sr. Wong! Como vai o senhor? – Serena perguntou a pessoa do outro lado da linha.
– Vou muito bem, Serena. O que aconteceu com vocês? Sumiram de repente.
– Sr. Wong, preciso muito conversar com o senhor pessoalmente. É urgente.
– Você pode me adiantar o assunto?
– É sobre minha mãe.
Marcos ficou uns poucos instantes mudo. Parecia procurar as palavras certas.
– Bom, Serena, eu acho que já sei o que você quer. Você não está na casa de parentes, certo?
– Não. Estou em Vista Formosa.
Mais um momento de silêncio.
– Eu devia ter imaginado desde o principio. Você tem alguma noção do perigo que está correndo aí, Serena?
– Não é hora para sermões. Realmente preciso me encontrar com o senhor o mais rápido possível.
– Tudo bem, Serena. Eu já esperava um telefonema seu mais cedo ou mais tarde. Acho melhor você vir até o meu jornal no final de semana. Não acho prudente eu aparecer aí.
– Como o senhor quiser.
E desligou o telefone.

domingo, 23 de setembro de 2007

CAPÍTULO IV (CONTINUAÇÃO)

(...)
Colocou Lucas no carrinho novamente e abriu a bolsa procurando o celular. Para variar, ela estava lotada, inclusive com o material de trabalho e acabou deixando a bolsa cair no chão.
─ Pelo visto, Serena, você sempre carrega uma pequena mala ao invés de uma simples bolsa. ─ disse alguém ao seu lado de pé.
Não ficou surpresa ao ver que era Dario. Ele estava uniformizado e com um leve sorriso na boca.
─ Deixe-me ajudá-la.
─ Obrigada, Dario.
─ É um prazer para mim. Fico feliz que se lembre de meu nome também.
─ E por que não lembraria? Esqueceu de que sou jornalista? Tenho memória fotográfica! ─ disse ela, simplesmente.
─ Não. Com certeza não me esqueci. ─ ele disse num tom levemente rouco.
Serena preferia não tentar entender algumas das sensações que estava sentindo, só por estar ao lado daquele homem.
─ Li sua matéria.
─ E...?
─ Você já deve ter recebido muitos elogios. Vai ficar convencida.
Ela quase respondeu que adoraria receber um elogio dele, mas conseguiu se conter.
─ E quem é esse garotão?
─ Lucas... ─ respondeu o menino, antes.
─ Ele é meu filho, Policial Dario. ─ disse, em tom de desafio e enfatizando a palavra policial.
Dario arqueou as sobrancelhas, um pouco surpreso.
─ Você me parece bem nova. Não sabia que era casada...
─ Não sou casada. Não posso ser mãe solteira? Por acaso é preconceituoso?
─ Não sou preconceituoso, Serena. E, se me permite dizer, fico feliz que seja solteira.
Antes que ela pudesse abrir a boca para responder, uma senhora se aproximou dele, pedindo ajuda para atravessar a rua.
─ Bom, o dever me chama. Espero poder continuar essa conversa uma outra hora. Até mais, Serena.
─ Até, Dario.
E ela sabia que gostaria muito de revê-lo.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

CAPÍTULO IV (CONTINUAÇÃO)

– Percebo que você ficou bastante perturbada. Vou pedir um copo de água.
Com o copo já vazio nas mãos, Serena olhou para Mônica e disse:
– Muito obrigada, mas já estou melhor.
– Tem certeza? Não quer conversar sobre isso?
– Não é preciso. Como eu disse, foi só um mal entendido. Vamos dar uma volta no shopping?
E encerrou o assunto.

Duas horas mais tarde, Mônica já havia ido embora e Serena sentou num banco da praça com Lucas no colo. A única conclusão a que conseguiu chegar foi que a mãe estava metida em algo muito sério. Tão sério a ponto de nem comentar nada com a filha.
– Mamãe deve ter deixado alguma dica para mim, Lucas. Ela não faria algo tão perigoso sem ninguém saber.
– Mamãe... tenho saudades, Sere..na – ele ainda tinha dificuldades em pronunciar o nome da irmã.
– Eu sei, meu querido. Também tenho. Mas sabe onde ela está agora?
– No céu?
– Isso mesmo. Lembra que eu falei que mamãe se transformou em um lindo anjo que mora no céu? Sabe como podemos conversar com ela?
– Não.
– Juntamos nossa mão, fechamos os olhos bem fortes e pedimos em oração. Ela sempre escuta.
Lucas deu um sorriso e fez o que ela ensinou. Ambos fecharam os olhos e oraram para a mãe.
– Marcos Wong!!! – exclamou Serena, de repente – O amigo e chefe de mamãe. Ele com certeza deve saber de algo.
– Obrigada mamãe... – murmurou, em tom de agradecimento. Sabia que a mãe a tinha ajudado de alguma forma.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

CAPÍTULO IV

Otimismo é esperar pelo melhor. Confiança é saber lidar com o pior
Roberto Simonsen
Serena empurrava o carrinho de Lucas com um sorriso no rosto. Sua matéria sobre o orfanato havia sido muito elogiada pelo seu chefe, Ricardo Fray. Havia passado praticamente à noite em claro escrevendo a matéria, aproveitando para chamar a atenção sobre a importância da adoção. Já haviam passado três dias da publicação da matéria e estava com algumas outras para escrever. Parecia que já estava conseguindo conquistar a confiança do chefe.

Aproveitava uma folga no final da tarde para passear um pouco com Lucas e se encontrar com Mônica. Assim que entrou no shopping, avistou Mônica sentada num dos bancos da praça principal.
– Como tem passado Mônica?
– Muito bem. Eu que nem preciso perguntar! Li sua matéria. Você deve estar muito orgulhosa.
– Acho que não preciso fingir que não estou. – disse Serena, com um sorriso.
– Claro que não, minha filha. Mas me diga o que tem achado da cidade, do emprego, enfim, de tudo.
Elas se sentaram numa cafeteria, pediram café com torradas e conversaram por algum tempo. Em dado momento, Serena colocou Lucas no colo para dar a papinha de legumes.

– Você deve sentir falta dele quando está trabalhando.
– Sinto sim. Ele é minha única família agora.
– E o pai do Lucas? Desculpa... não devia ter perguntado.– arrependeu-se Mônica vendo que Serena ficou perturbada com a pergunta.
– Eu não sei onde ele está...
– Não se preocupe querida. Não é nenhuma vergonha. O pai dos meus filhos, apesar de já ser falecido, também me abandonou quando os dois ainda eram jovens.
– Não sabia que você tinha filhos.
– Tenho dois filhos. Os dois já são crescidos. Mas só meu filho mais velho ainda mora comigo. Acho que ele tem pena da velha mãe aqui.
– Mônica... você me disse que morava há muito tempo aqui certo?
– Sim, minha filha. A vida inteira.
– Você lembra de algum incêndio que aconteceu há alguns meses? Acho que aconteceu num galpão.
– Incêndio? O último que aconteceu foi há anos.
Serena ficou uns instantes sem palavras.
– Tem certeza?
– Absoluta. Sei de praticamente tudo que ocorre nessa cidade. Ainda mais porque meu filho é policial. Mas por quê?
– É que... fui informada de um incêndio criminoso ocorrido há algum tempo... mas estou bastante confusa agora.
Confusão era pouco para descrever a angústia que Serena sentia. Sua mãe havia dito que tinha ido averiguar um incêndio para escrever uma importante matéria. Se não houve incêndio, o que sua mãe fora fazer ali então?

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

CAPÍTULO III (FINAL)

Pediu que o fotógrafo tirasse algumas fotos das crianças brincando e, quando escutou o burburinho, foram para o jardim. Serena viu o mesmo policial que encontrara na entrada subindo ao palanque para ficar de prontidão. Sem perceber, ficou observando ele por um tempo.
– Você vai fazer alguma pergunta? – perguntou o fotógrafo, desviando sua atenção.
– Sim.
– Então vamos ficar mais perto do palanque.
Quando olhou de novo para o policial, percebeu que olhava para ela, com um leve sorriso. Sem conseguir evitar, ficou ruborizada e fingiu que anotava algo no seu bloco para esconder o rosto.

Quando a cerimônia foi dada como aberta, uma aglomeração de pessoas formou-se perto do palanque. O prefeito fez um discurso pequeno e passou a palavra para a diretora do orfanato. Assim que ela terminou de falar, os repórteres puderam, finalmente, fazer as perguntas. Serena esperou para ver que tipo de perguntas eram feitas e ficou surpresa ao perceber que nenhuma delas era relacionada ao bem-estar das crianças.
– Sr. Prefeito! – falou alto, esperando o momento certo – Quando vocês resolveram fazer a reforma no orfanato, procuraram saber a opinião das crianças?

Tanto o prefeito quanto a diretora ficaram bastante surpresos com a pergunta. Quem acabou respondendo foi o engenheiro-chefe, que estava ao lado do prefeito. E como já esperava, disse que a reforma foi baseada nos melhores orfanatos do país, que, por sua vez, visavam apenas o conforto das crianças.
– Se o Sr. me permite – continuou Serena, antes que alguém tomasse a palavra – acho que deveriam escutar mais as opiniões das crianças já que estas são as principais interessadas. E tenho uma sugestão a fazer.
– Qual o seu nome, minha filha? – perguntou o prefeito, falando pela primeira vez.
– Serena, senhor. Jornal da Vista.
– Gostaria de ouvir sua sugestão.
– Bom, acho que poderíamos fazer uma campanha de adoção, mostrando os seus benefícios. O que as crianças mais necessitam é de uma família e de carinho. Conversei com algumas delas, senhor.
– Você tem futuro, Serena. Vou passar sua sugestão para meus assessores. – respondeu o prefeito com um sorriso.

O resto da tarde, Serena passou brincando com as crianças que havia conversado antes. Estava muito feliz por ter conseguido a atenção do prefeito. Tinha certeza de que sua matéria iria ser um sucesso.
– Então seu nome é Serena? – perguntou uma voz masculina ao seu lado.
Ela estava tão entretida com a brincadeira que se assustou. Quando viu quem era, ruborizou de novo.
– Ah... é você.
– Meu nome é Dario. Você chamou bastante atenção na entrevista.
– Só fiz o que achei certo. Não quis chamar nenhuma atenção.


Dario sorriu diante da resposta malcriada dela.
– Não achei ruim. Você foi brilhante. Há muito tempo não via ninguém fazer perguntas decentes.
– Sei... bom, se me dá licença agora, vou para casa para escrever a matéria. Já estou bastante atrasada.
– Você quer uma carona?
– Você não está de serviço? – perguntou, apontando para o seu uniforme de trabalho.
– Estou voltando para a delegacia já. Um pequeno desvio não irá fazer nenhum mal... além do mais, será nosso segredo.
– Muito obrigada, Dario. Estou de carro. Tchau.

Serena virou-lhe as costas e rumou ao pátio. Não queria admitir, mas sabia que queria fugir do olhar dele. Precisava ocupar sua mente com o trabalho. Sabia que o momento de começar as próprias investigações e de agir estava se aproximando.
***

Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.
(Clarisse Lispector)

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

CAPÍTULO III (CONTINUAÇÃO)

(...)

O salão principal estava lotado e havia muitos repórteres. Havia flores enfeitando o salão, mas a recepção iria ocorrer no amplo jardim do orfanato. Este estava muito enfeitado e havia um pequeno palanque montado com um microfone no meio. No centro do jardim, muito florido e arborizado, tinha uma mesa de buffet e alguns garçons circulavam com bebidas.

Serena encontrou o fotógrafo do jornal e pediu que tirasse fotos do jardim e da entrada do orfanato. Também pediu que não esquecesse de tirar fotos das crianças que corriam de um lado para outro. Tinha crianças de variadas idades e todas estavam vestidas com seus uniformes do local, mas de muito bom gosto.

– Olá crianças!– exclamou sorrindo se aproximando de um grupo delas – Meu nome é Serena. Como se chamam?
Todas as crianças disseram os nomes praticamente ao mesmo tempo.
– Vamos com calma. Sou repórter do Jornal da Vista. Vocês conhecem?
Apenas duas crianças responderam afirmativamente.
– É um jornal onde saem as principais notícias da cidade de vocês! Sabiam que hoje está acontecendo um evento especial?
– Não. – responderam.
– Pois é sim. Hoje é um dia em homenagem a vocês, sabiam disso? Por isso gostaria de entrevistar vocês. Posso?
– Simmm!– todas responderam alegres.
– Bom, então vamos começar a dizer o nome de vocês... mas um de cada vez! – pediu com um sorriso, pegando seu bloco de anotações e gravador.
Serena anotou pacientemente o nome de cada uma delas. Depois perguntou a opinião delas sobre a vida que levavam e sobre o orfanato. Todas gostavam muito do orfanato e acharam que a reforma melhorou bastante as condições do lugar.

– Agora tenho uma cama só minha! E brinquedos! – foi a resposta de uma menina que não passava dos cinco anos.
– Fizeram também um parque cheio de brinquedos para nós! –respondeu um menino.
– Vejo que vocês estão muito felizes! Agora me diga do que sentem falta?
Todas as crianças se calaram de repente.
– Acho que posso responder por todos aqui. – se prontificou um menino de treze anos – Sentimos falta de uma família. Tive mãe até meus nove anos e sei o que é ter uma família, mesmo que pequena.

Serena sentiu os olhos ficarem cheios de lágrimas. Imaginava o sofrimento dessas pequenas e inocentes crianças.
– Posso dizer uma coisa a vocês? Vocês acabaram de ganhar uma amiga leal. Sempre que eu puder venho brincar com vocês. Mas quero que vocês tenham algo em mente... não importa o que houver, sempre lembrem-se que vocês têm uns aos outros. Não há nada mais importante que a amizade sincera de um amigo. Muitas vezes é a única coisa em que podemos confiar!

terça-feira, 11 de setembro de 2007

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

CAPÍTULO III (CONTINUAÇÃO)

– Não posso. Tenho que terminar de escrever essa matéria ainda hoje.
– Está bem. Vou andando então. Tchau, Lisa.

Dizendo isso, Serena juntou suas coisas, não esquecendo de seu rádio gravador e seu bloco de anotações, e foi pegar seu carro. Quando chegou ao local, que já se encontrava cheio, pegou um espelho na bolsa e deu uma ajeitada na aparência. Sabia que era importante estar bem arrumada e séria. Fechou o carro e entrou no prédio.

– É de algum jornal? – perguntou uma moça, na entrada.
– Sou do Jornal da Vista.
– Preciso ver seu crachá.
– Ai, meu Deus. Desculpe... – Serena abriu sua bolsa, mas tinha tanta coisa dentro, que não estava conseguindo achar o seu crachá.
– Eu vou ver se esqueci no carro e já volto.

Serena estava começando a ficar bastante nervosa. Só faltava ter esquecido o bendito crachá na sua mesa de trabalho. Virou para retornar para carro ainda procurando dentro da bolsa e acabou colidindo com um homem parado atrás dela. No susto, acabou derrubando a bolsa e a maior parte de seu conteúdo foi parar no chão.

– Perdão, senhorita.
– Foi minha culpa, senhor. – disse Serena abaixando na mesma hora para juntar suas coisas.
– Deixe-me ajudá-la.
– Não se preo... – ia começar a dizer quando olhou para o desconhecido. Por um momento, esqueceu o que ia dizer. Era o homem mais bonito que já tinha conhecido. Moreno, forte, com cabelos e olhos castanhos. E era policial!
– Era isso que estava procurando? – perguntou ele com um crachá nas mãos, trazendo ela para a realidade.
– Era sim. Como sabia?
– Eu escutei sua conversa.
– Ah...
Pegou o crachá e terminou de juntar suas coisas rapidamente.
– Muito obrigada! Preciso ir agora. – disse e entrou no prédio, fugindo assim do estranho policial. E dos seus estranhos sentimentos.

sábado, 8 de setembro de 2007

CAPÍTULO III

Seu primeiro trabalho como redatora seria cobrir a reforma de um orfanato no centro da cidade, onde o prefeito estaria presente. Serena sabia que precisava se sair muito bem nesse evento para ganhar confiança do editor-chefe.
– Acho que o Sr. Fray gostou de você, Serena. – disse Lisa, uma colega de trabalho.
– Eu acho que é um teste para ver se sou capaz de fazer uma matéria chamativa. Mas vou passar no teste, Lisa.

Lisa preferiu ficar quieta, mas trabalhava no jornal há bastante tempo para saber que não era só um teste. Ricardo Fray estava aparecendo cada vez mais frequentemente ao departamento delas com os mais variados motivos. E em quase todas às vezes, passava perto da mesa da colega. Serena, por sua vez, era tão compenetrada no trabalho que parecia nem notar.

“Ela esconde algum segredo. É óbvio que deve estar fugindo de algum homem”. Era o que pensava Lisa, com certa inveja.

Serena era uma mulher muito bonita. Tinha cabelos castanho-claro compridos e levemente cacheados, olhos da mesma cor, não muito alta e bem proporcionada de corpo. Mas estava sempre muito séria e escondia por trás dos óculos uma profunda tristeza nos olhos. Tristeza até demais para os seus 23 anos de idade, mas que quase ninguém percebia.

Lisa era o oposto. Era loura com cabelos longos e fartos. Tinha olhos claros e, apesar de ser mais baixa que Serena, tinha curvas bem acentuadas. Gostava de se produzir e chamar a atenção. Quando viu a nova redatora, ficou morrendo de inveja, mas depois percebeu que Serena não reparava em nenhum dos homens ali dentro. Só quando percebeu o interesse do redator-chefe nela, ficou realmente preocupada. Não que gostasse do Sr. Ricardo Fray. Mas sabia que ele era do tipo mulherengo e esperava usar isso para conseguir a tão sonhada promoção. Já estava trabalhando como redatora há dois anos e achava que merecia uma chance.

– Você quer ir comigo, Lisa?– perguntou Serena, interrompendo os seus pensamentos.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Modificações

ATENÇÃO: Para quem acompanha os posts, fiz algumas pequenas modificações no texto:

1) no início do capítulo I (primeiro post);
2) no meio do capítulo II (quinto post).

Aguardem o Capítulo III... mas enquanto isso...


quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Mais uma foto: Serena colocando Lucas no berço para dormir.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

CAPÍTULO II (CONTINUAÇÃO)

(...)
Com Lucas no colo, Serena desceu as escadas e deu a mamadeira com leite a ele. Depois deixou Lucas no cercadinho brincando e foi terminar de arrumar a casa.

Dois dias depois, já com quase tudo em ordem, colocou Lucas no carrinho e resolveu dar uma volta no quarteirão para se familiarizar com o local. Queria conhecer o maior número de pessoas possível. Foi uma agradável surpresa encontrar um parque muito arborizado e com um lago cheio de patos nadando. Pegou Lucas no colo e apontou para os patos coloridos.
– Olha Lucas! Sabe o que são aqueles bichinhos nadando? São patos.
– Patos – repetiu ele, abrindo os braços como se quisesse pegar um deles.
– Isso mesmo, meu anjo. Não são lindos? Mas você não pode pegá-los. Sabe por quê? São animais da natureza e não estão acostumados com os humanos. Mesmo sem querer, você pode machucar eles, assim como eles podem te machucar também.
– Não vou machucar...
– Eu sei que você não quer machucar o patinho. – disse Serena sorrindo.
– Perdão, não pude deixar de escutar. Ele é seu filho? – perguntou uma senhora de cabelos brancos ao seu lado.
– É sim. – respondeu antes de pensar um pouco. Era melhor que todos pensassem que Lucas era seu filho, pois assim evitaria ter que comentar o nome da mãe.
– Você é muito paciente com crianças sendo tão jovem.
– Muito obrigada. Não há como não ser paciente com uma criança tão inocente. – respondeu com certa amargura, fato que não passou despercebido à senhora.
– Você tem toda razão. Meu nome é Mônica Sáros e sou professora primária, mas já estou aposentada.
– Prazer, Sra. Sáros. Meu nome é Serena e esse lindo menino se chama Lucas.
– Você é nova na cidade não é mesmo? – vendo Serena estranhar a pergunta, continuou – É que Vista Formosa é uma cidade pequena e vivo aqui desde criança. Conheço a maior parte dos moradores.
– A senhora tem razão. Hoje é o primeiro dia que consigo sair para tentar conhecer um pouco da cidade. Estive bastante atarefada com a mudança.

Dizendo isso, Serena colocou Lucas no carrinho e convidou Mônica para tomar um café numa lanchonete que viu por perto.
– Só aceito seu convite se não me chamar mais de senhora. Já me sinto muito velha todo dia quando me olho no espelho!– pediu a simpática senhora sorrindo.

Ficaram conversando por quase uma hora na lanchonete. Serena simpatizara bastante com Mônica e foi bom conhecer alguém para poder conversar pois começava a se sentir bastante sozinha.
– Você trabalha em quê, Serena?
– Eu sou formada em Comunicação Social, na área de Jornalismo. Vou entregar meu currículo no Jornal da Vista, pois me foi muito bem recomendado.
– Jornalista... – murmurou Mônica.
– Algum problema?
– Nenhum, minha querida. Espero que você consiga o emprego.

Serena percebeu pela expressão de seu rosto que ela estava escondendo algo, mas achou melhor não insistir.
– Você poderia me recomendar uma creche ou mesmo uma babá de confiança para ficar com Lucas enquanto preciso resolver esse assunto de trabalho? Não conheço nada ainda.
– Claro. Conheço uma babá com ótimas referências. É uma conhecida minha e recomendo de olhos fechados até.

As duas trocaram os números dos telefones e se despediram. No dia seguinte, ligou para a babá indicada e pediu que viesse na sua casa para conversarem. Logo que conheceu Martha, Serena percebeu que era uma pessoa honesta, íntegra e reservada. Tinha excelentes referências e muito amiga de Mônica. Contratou Martha, a princípio, por uns dias apenas, para ver se Lucas se adaptava bem a ela.

Nesse meio tempo, Serena aproveitou para entregar seu currículo na sede do jornal. Vestiu uma roupa séria para aparentar mais idade e foi encaminhada para o Departamento de Recursos Humanos. O responsável pelas contratações analisou seu currículo e disse que ela estava com sorte, pois estavam com uma vaga para Redator. Fez algumas perguntas sobre sua experiência profissional e revelou que, apesar de ter pouca, era bem interessante e sólida. No dia seguinte ligaram para ela com a notícia de sua contratação.

Uma semana depois, Serena contratou Martha definitivamente para tomar conta de Lucas durante o tempo que ficaria fora de casa trabalhando. Eventualmente, precisaria dela quando precisasse sair para investigar algumas coisas. Tudo estava correndo dentro dos planos de Serena.

Fim do capítulo II

Resumo

Consegui fazer o resumo da história. Agora só falta o título.

Estava em busca de vingança. Encontrou o amor.
Quando Serena Hill se mudou para Vista Formosa, só tinha um objetivo: descobrir os mistérios que levaram a morte de sua mãe Marina.
Mesmo tendo assumido o papel da mãe, tanto na vida de seu irmão Lucas quanto profissionalmente, Serena não imaginava os perigos em que estava se metendo.
Apenas quando percebeu que seu coração batia mais rápido por Dario Sáros, um certo policial da pequena cidade, que sentiu medo. Não queria nem podia confiar num policial. Não quando desconfiava do envolvimento da polícia no crime da mãe.
Será que Dario conseguiria chegar ao coração atormentado da nova moradora de olhos tristes? Será que a convenceria de sua honestidade? Da sinceridade de seu amor?
Dario não sabia as respostas a essas questões. Mas estava disposto a lutar por elas e conquistar o amor de Serena.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

CAPÍTULO II (CONTINUAÇÃO)

(...)
“Chega de pensar nisso, Serena!”. Ela se repreendeu mentalmente. Olhou para o berço de Lucas e viu que o menino já estava acordado. Assim que a viu, estendeu os pequenos braços para pedir colo.
– Leite! Quero leite. – disse ele em seu colo.
– Tudo bem, meu anjo.

A gravidez de Marina foi complicada, pois ela já contava com seus 43 anos e não esperava ser mãe novamente. Não com uma filha praticamente adulta. Mas não escondeu de ninguém a felicidade que sentiu, mesmo sofrendo tanto nas mãos do marido. Ela considerava sua gravidez uma benção e um presente divino. Lucas nasceu prematuro de sete meses e precisou ficar em observação no hospital, pois era muito magrinho. Marina e a filha iam todos os dias ao hospital ficar perto de Lucas e, ao mesmo tempo, rezar pela sua saúde. Juca não foi uma única vez sequer e Serena se perguntava até quando a mãe ia agüentar esse sofrimento. Muitas vezes se pegava rezando para que ele desaparecesse de suas vidas.

Juca era um homem forte e trabalhador. Mas era muito orgulhoso e ciumento. Não queria a mulher sendo vista por nenhum homem e, por isso, obrigou que ela abandonasse seu emprego. Marina, como amava muito o marido, aceitava tudo calada e evitava até sair na rua. Fazia de tudo para não provocar a ira do marido porque, nessas horas, ninguém conseguia controlá-lo. Mas por mais que não desse motivo, bastava ele sair com os amigos para beber. Quando voltava para casa, bêbado, muitas vezes batia na mulher e a obrigava a ter relações sexuais com ele. Marina agüentava tudo quieta por causa da filha. Não queria que ela soubesse o pai que tinha. Mas Serena sempre ouvia tudo do quarto, mas nunca teve coragem de fazer nada, a não ser chorar.

Serena tem certeza de que quem deu forças para a mãe se reerguer, foi Lucas. Ele era um bebê lindo, com os cabelos e olhos castanhos claros. Tinhas as bochechas cheias, com duas covinhas e sempre sorria. Depois que saiu do hospital, ele ganhou peso rápido e conquistou a todos na família. Todos, menos o pai, que após alguns meses do nascimento do filho, fez as malas e foi embora sem dar nenhuma satisfação. Sem dinheiro e com um filho pequeno que ainda precisava de cuidados, Marina sabia que não podia se dar ao luxo de ficar triste. Precisa correr atrás do sustento da família. Por amor a seus filhos, conseguiu recuperar parte da auto-estima e orgulho. Mas não totalmente, pois uma outra parte dela foi esmagada pelo marido.
(...)

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Serena e Lucas Hill



Assim é como eu acho que os personagens Serena e Lucas Hill são fisicamente. Atrás deles a nova casa.





domingo, 2 de setembro de 2007

CAPÍTULO II

Não basta que seja pura e justa a nossa causa. É necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós.
O recomeço...

A dor causada pela lembrança da mãe ainda era muito forte, mas o tempo se encarregaria de diminuí-la. Cada vez que Serena olhava para seu irmão Lucas, agradecia por ele ser tão criança ainda e não entender nada. Mas sabia que algo devia ser feito.

Num intervalo de tempo surpreendentemente rápido, conseguiu vender os únicos bens valiosos que possuíam: a casa e o carro. Com o dinheiro das vendas, alugaram uma casa na cidadezinha vizinha, a mesma que havia tirado a vida da mãe. Sabia que era um risco, porém tinha certeza de que era o último lugar que desconfiariam que eles estivessem. Nenhum de seus amigos desconfiou de nada. Como não sabiam da verdadeira história do assassinato de Marina, acharam que ela queria ficar longe de tudo que lembrasse a mãe. Serena, porém, disse apenas que ia ficar com alguns parentes e depois resolveria onde iria morar. Não queria deixar muitas pistas e foi até muito fácil.
Às vezes não acreditava ter sido capaz de ter tomado esta decisão. Justo ela que sempre fora uma menina muito calma e doce. Mas era também muito determinada e agora tinha descoberto ser muito corajosa.

A cidade se chamava Vista Formosa e era bem pequena. Era bastante arborizada, florida e com habitantes bem simpáticos. A casa que alugou, apesar de ter tido pouco tempo para procurar, tinha dois andares e estava muito bem conservada. Apesar de toda a bagunça da mudança, tinha certeza de que depois de arrumada, ficaria bem aconchegante. Comprou um outro carro mais barato e, com o resto do dinheiro, daria para sobreviver por uns tempos. Ia tentar conseguir um emprego no principal Jornal da cidade, Jornal da Vista, pois estudou para ser Jornalista, como a mãe. E, se tudo desse certo, ia começar suas investigações o mais rápido possível.

sábado, 1 de setembro de 2007

CAPÍTULO I (CONTINUAÇÃO)

(...)
Marina tinha ido cobrir um incêndio numa cidade vizinha para uma matéria que sairia no dia seguinte. Para isso, pediu que Serena ficasse com Lucas, pois só retornaria no dia seguinte. Já era de madrugada quando Marina ligou para o celular da filha bastante assustada, dizendo algumas frases incoerentes. Serena ainda estava sonolenta e demorou em entender o que estava acontecendo. A mãe pediu que os dois saíssem de casa e fossem para um hotel.
– Confie em mim, Serena. Só faça o que estou pedindo. Aconteça o que for, lembre-se que amo muito vocês dois. Cuide de Lucas como se fosse seu filho... ele é muito pequeno ainda para entender. Preciso desligar.

Mas antes da mãe desligar o celular, Serena escutou a voz irritada de um homem.
– Você não tem mesmo amor a sua vida! O que pensa que está fazendo?

Ainda deu tempo de escutar um forte barulho e a ligação foi encerrada. Serena soube que havia perdido a mãe naquele momento e, segurando as lágrimas e a dor, fez uma mala com algumas roupas e levou Lucas para um hotel. Muitas horas depois, naquela mesma noite, conseguiu dar vazão a toda tristeza que sentia e chorou até as lágrimas secarem. Mas dois outros sentimentos cresciam dentro de seu peito: revolta e vingança. E a voz daquele homem ficou marcada para sempre na mente e coração de Serena.

Serena nunca soube dizer como conseguiu aparentar surpresa e frieza quando a polícia a procurou para dar a triste notícia. Marina havia sido encontrada com um tiro no peito, abandonada no próprio carro. A polícia disse que tinha sido assalto, pois sua bolsa e objetos de valor haviam desaparecido. Havia também marcas de luta no carro, assim como escoriações e marcas no seu corpo.

Serena insistiu para a polícia continuar investigando, mas de nada adiantou. “Por que então não levaram seu carro?” foi o que argumentou, mas a resposta parecia até já ser ensaiada. “Provavelmente não queriam ser rastreados. Num caso de morte, o que eles menos querem é deixar pistas.” Foi a resposta seca do delegado, ignorando a dor surgida nos belos olhos castanhos de Serena.

Intuitivamente, Serena sabia que a mãe havia descoberto algo. E em algo que a polícia não queria se meter. Como se a mãe a tivesse guiando, não comentou nada sobre a ligação de madrugada. Vingaria a morte da mãe e não importava o tempo que levasse. Essa era a única certeza que tinha.
As únicas desgraças completas são as desgraças com as quais nada aprendemos.
(William Ernest Hocking)

O INÍCIO

Bom, minha idéia é começar a montar uma história romântica. Estou com algumas idéias na mente mas nada formado ainda. Já visualizei como serão meus personagens principais e seus nomes. Agora vou deixar o tempo ditar as regras. Conto com a participação e ajuda de quem for acompanhar. Sugestões serão muito bem vindas.
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CAPÍTULO I

Serena Hill abriu a pesada janela de seu quarto e olhou para o céu. Nuvens escuras se formavam e, o que antes era um céu azul escuro, se tornava cinzento. Apesar disso, estava quente ainda e deixou a janela um pouco aberta para refrescar. Suspirando, olhou a sua volta e viu que ainda tinham muitas caixas a serem abertas e, espantando o cansaço, voltou a trabalhar nelas.

Uma hora mais tarde, Serena já havia arrumado grande parte de suas coisas e da cozinha. A mudança havia chegado no dia anterior e, sozinha, precisava dar conta de arrumar os móveis e objetos na casa nova, assim como cuidar de seu irmão mais novo. Pensando nisso, subiu as escadas e foi ver se seu irmão ainda estava dormindo.

Lucas tinha apenas dois anos e acabou, por força de um trágico fato, sendo quase um filho para Serena. A mãe deles, Marina, morrera há exatamente 6 meses. Era uma mulher de fibra e muito carinhosa. Desde que Juca, seu marido, a abandonara a própria sorte, Marina se transformou e mostrou sua força. De uma mulher submissa e dona de casa, conseguira retornar a carreira jornalística. E isso num período de um ano. Ela havia desistido de sua carreira a pedido do marido, quando se descobriu grávida de Serena. Quando se viu sozinha e sem dinheiro, não pensou duas vezes. Implorou por um emprego no seu antigo trabalho e, devido a uma antiga amizade com o responsável pelo setor de finanças do Jornal da cidade, foi bem sucedida. Nunca mais tocou no nome de Juca e ninguém ficou sabendo o que havia ocorrido com ele. Até o dia que tudo mudou drasticamente.
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Bom, o que vocês acharam? Devem ter percebido que ainda não tem título... vou pensar melhor nisso! Vou tentar fazer um resumo do que espero dessa história e, se alguém quiser opinar no título, vai ser bem vindo.

Abraços