terça-feira, 21 de julho de 2009

CAPÍTULO XV

O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá, mais se tem.
(Saint Exupèry)



Serena abriu os olhos com dificuldade por causa da claridade e se espreguiçou. Apesar de certa confusão mental, lembrou-se do que tinha acontecido. Sem conseguir evitar, seus lábios se abriram em um sorriso quando procurou Dario ao seu lado. Ele estava profundamente adormecido ainda, provavelmente devido ao cansaço acumulado do trabalho e a noite anterior.
Sem fazer barulho, ela se levantou e vestiu o hobby novamente. Já passavam das oito da manhã e Lucas já estava acordado em sua cama. Como ainda usava fralda para dormir, Serena tirou sua fralda e desceu com ele no colo para preparar o café-da-manhã.
─ O que quer comer hoje, meu amor? ─ perguntou, feliz ─ Hoje sua irmã está feliz... aproveite!
─ Feliz, Serena!! Quero cereal...
Serena pôs o cereal no pote do irmão e preparou café e panquecas.
─ Serena, vamos para casa?
─ Meu amor, achei que você estava gostando de ficar aqui...
─ Quero passear... patos!
Serena ficou muda. Não sabia o que responder ao irmão.
─ Vocês voltam para casa hoje, Lucas. ─ uma voz na porta respondeu.
Dario havia acordado e tinha escutado o final da conversa. Sabia que ambos queriam retornar a antiga vida.
─ Dario? Está falando a verdade? ─ perguntou ela, correndo para seus braços ─ Jura?
─ Juro, meu amor!
Os dois se fitaram por alguns instantes.
─ Venha... fiz nosso café! Devo chamar os seguranças?
─ Eles comem mais tarde, Serena! ─ respondeu, duramente.
Ela deu uma risada, mas ficou quieta.

sábado, 18 de julho de 2009

Em breve novas fotos!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

CAPÍTULO XIV - FINAL

“Você está brincando com fogo, menina!” pensou Dario, enquanto seguia para um dos quartos de hóspedes. Precisava tomar um banho para se refrescar e acalmar o seu estado de excitação. Não tinha certeza se Serena sabia o que estava fazendo, por isso precisava ficar menos ansioso. Estava trabalhando tanto nos últimos tempos, e juntando com essa ansiedade, sentia uma forte tensão nos ombros. Depois de pronto, ele hesitou na hora de sair do quarto.
“Melhor esclarecer logo essa situação, senão fico louco!”

Serena estava sentada na cama vestindo apenas um hobby rosa. Estava se sentindo muito nervosa. Tinha conseguido chegar até ali e não ia desistir, mas não conseguia disfarçar as mãos frias e trêmulas. Dario estava demorando e isso a deixava mais aflita ainda.
“Será que desistiu?” pensou, antes de levantar da cama e caminhar até a porta. Colocou os dedos trêmulos na maçaneta, mas hesitou. Ficou algum tempo olhando para a porta, como se pudesse olhar através dela e sentiu algumas lágrimas solitárias descerem pelo seu rosto.
Antes que pudesse tomar alguma atitude, sentiu uma leve batida na porta. Sentindo uma felicidade grande no coração, passou as costas da mão do rosto para limpar os vestígios de lágrimas e abriu a porta.
Os dois se fitaram por um tempo, visivelmente ansiosos. Dario percebeu que ela estava nervosa pelo leve tremor de suas mãos.
─ Posso entrar?
Ela recuou para ele passar e fechou a porta. Ficou alguns segundos fitando a porta que acabara de fechar e com a mão na maçaneta. Seus pensamentos voltaram ao seu pai.
“Não! Você não vai mais atrapalhar minha vida!” pensou desesperada, sentindo os olhos úmidos novamente. Sabia que precisava exorcizar esse fantasma que era a lembrança de seu pai.
─ Sente aqui, Serena. Vamos conversar!
─ Não quero conversar mais, Dario. Estou decidida a seguir em frente. Não posso deixar que as lembranças do meu pai atormentem sempre minha vida. ─ sua voz não era mais que um murmúrio. Ela virou o corpo, de modo a ficar de frente para ele.
Dario sentiu o coração apertar ao fitá-la. Ela tinha no rosto uma expressão decidida, mas o olhar a traía com as lágrimas que ela não deixava descer. Sabia o quanto corajosa ela estava sendo nesse momento.
─ Serena, quero te dizer que não precisamos fazer nada... eu vou ajudá-la a esquecer...
Porém se aproximou alguns passos e pôs o dedo indicador em sua boca suavemente, interrompendo-o.
─ Não diga mais nada... só me beije.
Não resistindo aquele apelo, ele a abraçou com força e tomou seus lábios num beijo carinhoso. Mas ela colou o corpo no dele, desarmando-o. Com um gemido rouco, ele aprofundou o beijo, descobrindo cada canto de sua boca.
Mesmo pega de surpresa, ela não sentiu medo. Nem quando sentiu as mãos dele passeando pelas suas costas até chegarem às nádegas. Quando ele a apertou nessa região, não conseguiu evitar um gemido baixo.
─ Não quero que se envergonhe de expressar seus sentimentos, Serena... ─ disse ele baixinho, percebendo que ela evitava emitir algum som─ Gema para mim, meu amor...
Sentindo as faces vermelhas, ela assentiu timidamente.
─ Perdão... você precisa me ensinar...
─ Eu vou...
Dizendo isso, ele levou a mão até o cinto de seu hobby e o desatou. Quando ele escorregou até o chão, percebeu que ela não havia posto nada por baixo dele.
─ Você é linda, Serena!─ disse, extasiado. Ela ainda tentou se cobrir com os braços, mas ele a impediu.
Pegou ela no colo e a pôs delicadamente na cama. Também, sem nenhuma pressa, começou a se despir. Serena sentiu o ar faltando ao ver seu peito desnudo. Já tinha visto antes, mas agora era diferente. Quando expôs a prova de sua virilidade ao seu olhar, ficou admirada e um pouco assustada.
Ele se deitou a seu lado e a abraçou novamente. Dessa vez, ela passou as mãos pelo peito musculoso e costas. Queria seguir em frente, mas ficou sem jeito. Percebendo sua dúvida, ele pegou sua mão e levou até onde ela queria.
Ele estava quente e muito duro. Passou a mão por toda sua extensão e observava que ele gostava disso, o que a deixou mais confiante.
─ Assim você acaba comigo... ─ disse ele, de repente, tirando a mão dela. ─ Minha vez...
E ele cumpriu. Beijou seus lábios novamente com paixão, enquanto que suas mãos passavam por todo seu corpo. Levou os lábios a seus seios rosados e deu leves mordiscadas. Serena já não raciocinava mais, sentia o corpo arder de desejo. Mas quando ele levou a mão a um ponto do meio das suas pernas, achou que não fosse mais agüentar.
─ Dario, por favor... ─ suplicou ─ Não agüento mais!
─ Calma, meu amor... ─ delicadamente ele introduziu um dedo nela, fazendo ela soltar um gemido rouco ─ Você está pronta!
Ele tinha na voz algo triunfante e algo de felicidade.
─ Querida, olhe para mim! Quero que olhe nos meus olhos enquanto a tomo... pode ser que doa um pouco, mas prometo que passa.
─ Não estou com medo, Dario. Te amo!
Ele afastou suas pernas e se posicionou.
─ Também te amo, Serena. Mais que a minha vida!
E se enterrou em seu corpo de uma vez só. Serena sentiu uma ardência e tentou afastar o corpo, mas ele a segurou. Seu olhar dizia para confiar nele. E foi o que fez. A dor passou rápido e logo seu corpo voltou a tremer de desejo.
─ Dario, vou morrer...
─ Isso é amar, minha querida... ─ exclamou ele, entrando em êxtase junto com ela.
A lua já havia sumido do céu, quando os dois adormeceram, exaustos.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

CAPÍTULO XIV (CONTINUAÇÃO)

Muito lentamente, as duas bocas se uniram. Beijaram-se apaixonadamente com mil promessas não ditas, porém muito bem entendidas.
Instintivamente, Serena colocou os braços ao redor do pescoço dele e aproximou mais o seu corpo. Com esse movimento, a toalha que a protegia escorregou, revelando o biquíni verde e branco que usava.
─ Estou te molhando, Dario. ─ disse Serena, sem jeito. Mas não deixou de perceber o olhar dele sobre seu corpo.
Dario tinha um brilho forte no olhar e ia falar algo, mas antes que pudesse emitir algum som, seu amigo Dimitri abriu a porta de vidro.
─ Dario, que bom que o encontrei aqui. Preciso falar com você! ─ disse Dimitri, sem perceber o que se passava. Atrás dele estavam os dois seguranças, que perceberam a cena e deram uma discreta risada entre eles.
Muito sem graça, Serena pegou a toalha no chão e se enrolou.
─ Vou subir para me trocar. Volto daqui a pouco, Dario.

Os homens foram para a sala.
─ Dario, recebi informações de Ricardo. Ele foi visto na cidade vizinha, segunda uma fonte anônima. Acho que vale a pena conferirmos essa informação.
─ Tem certeza, Dimitri? Já recebemos muitas informações erradas. Estou desconfiado de que há alguém de dentro do escritório envolvido nessa história.
─ Dario, melhor conversarmos sobre isso uma outra hora. Não confio nos dois aqui, são novos e podem comentar com outra pessoa. Além do mais, não acho que Serena deva saber disso também.
─ Acho que você tem razão. ─ respondeu, inquieto.
─ Você anda trabalhando demais, rapaz. Sabe que ficar cansado assim não leva a lugar algum, não é mesmo?... Mas vamos mudar de assunto, chega de falar de trabalho.
Dario assentiu, mas continuava pensativo.
Percebendo que o amigo ainda não estava totalmente afastado do assunto, disse:
─ Sabe, Dario, Serena e Lucas tem alegrado bastante essa casa, mas percebo que ela não vê a hora de voltar as suas funções habituais. Além do mais... acho que os dois seguranças já tiveram diversão o suficiente.
─ Não entendi o que está tentando me dizer... sem meias palavras, por favor.
─ Serena anda tendo o hábito de nadar a noite na piscina. Pessoalmente, não tenho nada contra... acho um hábito muito saudável...
─ O que tem Serena? ─ perguntou, novamente e impaciente.
─ Já peguei mais de uma vez os seguranças bisbilhotando...
─ O que? Como se atrevem? ─ perguntou, furioso.
─ Calma, Dario... nada mais natural... uma moça linda e solteira, não é mesmo? ─ perguntou, piscando o olho.

Serena subiu a seu quarto e tomou um banho rápido. A noite estava quente e vestiu um vestido sem mangas, florido. Passou no quarto de Lucas e deu um leve beijo em seu rosto adormecido.
Desceu as escadas e, quando chegava a sala, escutou seu nome. Percebeu qual era o assunto e não conseguiu esconder o sorriso. Dario estava com ciúmes de dois rapazes!
Não se contendo, entrou na sala e interrompeu a conversa da forma mais natural possível.
─ É verdade, Dimitri. O que tem demais em dois rapazes olhando um simples banho de piscina? ─ perguntou, com um sorriso no rosto.
─ Serena! ─ ralhou Dario.
─ Vamos acalmar os nervos, “crianças”. Que tal fazermos um lanche?
Os três seguiram para a cozinha e comeram uns sanduíches que estavam prontos na geladeira. Dario não parava de olhar Serena, ora ciumento, ora raivoso e ora desejoso. E sempre encostava-se a ela, com alguma desculpa. Serena estava gostando daquele jogo.
─ Dario, já está tarde. Acho melhor você dormir aqui... não é mesmo, Dimitri? ─ disse Serena, sentindo-se ousada.
─ Concordo. Bom, eu vou dormir. Amanhã preciso acordar muito cedo. Tenha uma ótima noite vocês dois. ─ disse, enfatizando a última frase e saindo da cozinha.
─ Eu também vou para meu quarto, Dario. ─ disse, imitando um bocejo.
─ Ainda não terminei meu assunto com você, mocinha!
─ Não? ─ fingindo-se inocente.─ Será que você se refere ao fato de ter sido observada nadando? Não estava nua, Dario.
─ Serena... não me faça perder o juízo! ─ disse, sentindo-se atormentado pelas imagens que começaram a surgir em sua mente.
Ela se aproximou dele e o beijou nos lábios levemente. Depois disse baixinho no seu ouvido:
─ Esse é um privilégio que só você terá... você sabe aonde fica meu quarto...
Serena tinha as faces em fogo quando saiu correndo da cozinha. Seu coração dava piruetas dentro de seu peito. Nunca imaginara fazer algo tão ousado. Mas sentia uma necessidade enorme de dar um passo em frente com Dario. Finalmente, tinha a certeza de seu amor em seu coração.

sábado, 4 de julho de 2009

CAPÍTULO XIV (CONTINUAÇÃO)

(...)
Quando chegou a casa de Dimitri, um segurança o informou que ele não estava e que não tinha hora para voltar.
─ Você está dispensado de vigiar o interior da casa. Deixe por minha conta. Tente se comunicar com o seu companheiro.
─ Sim, senhor Dario.

A lua já estava alta no céu escuro e estrelado quando Serena resolveu sair da piscina. Ultimamente estava gostando de nadar nesse horário tardio, pois Lucas já dormia e a casa ficava no mais completo silêncio.
Enrolando-se numa toalha, ela sentou numa das espreguiçadeiras e se pôs a pentear os cabelos molhados. Estava tão distraída que não percebeu a chegada sorrateira de Dario.
─ Sabia que nessa época do ano, o vento é gelado?
Serena se assustou com a voz de Dario e acabou largando o pente. Sentiu no coração uma alegria imensa ao vê-lo ali tão perto, mas as lembranças recentes nublavam esse sentimento.
─ O que faz aqui, Dario? ─ perguntou, num tom mais frio possível.
Ele se aproximou dela e pegou o pente do chão.
─ Você devia ter medo de ficar doente.
Como se aquela frase fosse à última gota d´água, Serena pegou o pente com a mão trêmula e desandou a falar.
─ E se eu ficar doente? O que isso importa para você, Dario? Você esqueceu de mim, não é mesmo? Pouco se importou comigo quando estávamos fugindo... eu estava apavorada, sabia?... você quis me dar uma lição, não foi? Pois pode se sentir satisfeito, pois conseguiu! Não quero mais envolvimento nessa história... não quero mais ficar aqui... vou sumir com meu irmão...
Antes que pudesse terminar a frase, Dario a abraçou com força e desespero, segurou sua cabeça e a beijou com certa violência.
─ Solte-me! ─ gritou e, reunindo o pouco de força conseguiu, o empurrou ─ Não quero sua piedade.
Nessa altura, sentiu as lágrimas descerem pelo seu rosto. Sentindo um misto de vergonha e humilhação, virou as costas e correu para dentro da casa. Mas antes de conseguir passar pela porta, Dario a alcançou e segurou seu braço.
─ Agora você vai me ouvir, Serena! ─ disse, com voz alta e séria.
─ Por favor... solte-me! ─ implorou. Sua voz não era mais que um murmúrio.
─ Perdoe-me, Serena. Eu só agi daquele jeito por medo. Você podia ter morrido... não pensou nas conseqüências dos seus atos. E eu não me perdoaria se não conseguisse te proteger! Eu não podia agir com o coração!
─ Por favor... olhe para mim! ─ pediu ele.
Serena abriu os olhos, lentamente. As suas palavras iam penetrando em sua mente.
─ Por quê?
─ Porque quero que olhe nos meus olhos e diga se estou mentindo... Eu te amo, Serena! Eu me sinto incapaz quando você está em perigo. Mas prometo que vou aprender a superar esse sentimento. E preciso que me ajude... me ensine!
Eles ficaram uns minutos se olhando. O mundo parecia ter parado de girar nesse instante.
─ Eu te amo, Dario. Eu também quero que me ajude... amar sempre foi sinônimo de sofrimento para mim...
Ele colou sua boca na dela, impedindo que terminasse a frase.
─ Vou te ensinar o que é amar, Serena.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

CAPÍTULO XIV

Há vários motivos para não se amar uma pessoa e um só para amá-la.
(Carlos Drummond de Andrade)


─ Não acredito que já estamos aqui há um mês, Lucas! ─ exclamou Serena e fechando o notebook.
Lucas estava sentado no quarto brincando e Serena, trabalhando. Dario a havia levado a casa do amigo Dimitri há exatamente um mês e tinha ficado escondida ali durante esse tempo. Lucas fora trazido dois dias depois e Serena ficou com a incumbência de escrever a matéria sobre o tráfico de órgãos.
A casa era ampla e muito bem decorada. Dimitri ficava pouco tempo com eles, pois sempre estava trabalhando fora. Mas Serena nunca tinha privacidade porque dois seguranças tomavam conta da casa.
Dario ligava regularmente para ela, mas sempre ligações rápidas e evasivas. Ela já estava ficando entediada e revoltada com aquela situação. Estava se sentindo uma prisioneira e a saudade de Dario era forte, apesar de não admitir isso para ele.
─ Sabe de uma coisa, Lucas? Vamos descer e ficar um pouco na piscina. Quer?
─ Oba! Quero tomar... “sovete”!
─ Claro, meu bem. Vou pôr uma sunga em você primeiro.
Dito isso, pegou Lucas no colo e entrou no quarto. Poucos minutos depois, estavam no térreo. Serena observa Lucas brincando na piscina rasa. Ele estava se divertindo naquele mês.
“Tudo seria ótimo se Dario tivesse aqui...” pensou.
─ Pelo menos alguém está se divertindo! ─ exclamou Mônica ao lado dela.
Serena se assustou com a voz repentina.
─ Oi Mônica! Que bom que está aqui!
─ Por que não tenta se divertir igual ao seu irmão, minha querida?─ perguntou a senhora, sentando-se ao seu lado.
─ Não agüento mais ficar presa aqui, Mônica. Pelo que sei todos já estão presos ou aguardando julgamento.
─ Ricardo está foragido ainda, Serena. E você sabe muito bem que ele tem motivos para querer vir atrás de você.
Ricardo havia sumido da cidade quando soube da prisão de Lisa. O estado todo estava a sua procura, mas nem sinal dele.
─ Não posso viver escondida para sempre. Seu filho está sendo muito cruel comigo. Só veio aqui uma vez e não ficou nem dez minutos...
Sem se dar conta, Serena falava em tom de melancolia. Odiava expor seus sentimentos, mas via em Mônica uma segunda mãe.
─ Ele tem seus motivos, querida. Acho que está muito preocupado com sua segurança.
─ Não me convenceu, Mônica. ─ disse dando um meio sorriso.─ Mas vamos falar de outra coisa... quer sorvete?
Mônica ficou o resto da tarde com eles. Queria tanto distrair Serena, pois percebia sua tristeza. Sabia muito bem que seu filho sabia ser muito frio quando queria e não concordava com as atitudes dele.
Quando chegou em casa, encontrou Dario tomando um copo de leite na cozinha.
─ Boa noite, meu filho. Vou esquentar o jantar.
─ Não precisa, mãe. Passei rápido para tomar um banho e vou voltar à delegacia já.
─ Meu filho, até agora me calei diante dessa situação. Você está tão obcecado por pegar Ricardo que esqueceu que Serena tem sentimentos. Mas não vou permitir que você continue fazendo isso com Serena.
─ Acabo de chegar da casa de Dimitri. Ela está triste e não quer mais ficar presa igual a uma prisioneira. ─ continuou Mônica.
─ É temporário...
─ Não quero mais saber se é temporário ou não. Ela não fala muito sobre o que sente, mas eu vejo no rosto dela. Por que você não a visita mais? Sei muito bem que você não quer misturar seus sentimentos com seu trabalho, mas não criei um filho para ser frio assim igual a você, Dario!─ disse e saiu da cozinha.
Dario ficou sozinho por um tempo antes de sair de casa. Sua expressão era triste, mas ansiosa quando entrou no carro e seguiu rumo à casa do amigo.

CAPÍTULO XIII

"A verdadeira decisão é medida pelo fato de que você tomou uma atitude. Se não houver atitude, então você realmente não decidiu. " (Desconhecido)


O sol já espalhava os primeiros raios pelo céu enquanto Dario e Serena se dirigiam ao encontro de Dimitri. Apesar de terem ficaram em silêncio o caminho todo, Dario segurava as mãos frias e levemente trêmulas dela entre as suas.
Ainda estavam no carro de Mariana, quando o celular de Dario tocou novamente. Serena já sabia quem era antes dele atender.
─ O que foi, Lisa? ─ perguntou ele, com tom impaciente.
─ Dario, você precisa vir para cá. ─ respondeu Lisa, fingindo um tom de voz assustado, do outro lado da linha.
─ Lisa, fica calma. Vou deixar Serena em segurança e te encontro logo em seguida.
─ Não, Dario. Não dá tempo. Ele já sabe... sei que está vindo aqui. Salve-me, Dario... ─ Lisa desligou o telefone no meio da sua fala. Sabia interpretar muito bem.
─ Droga! ─ exclamou Dario.
─ O que foi? ─ perguntou Mariana.
─ Lisa está com problemas. Parece que Ricardo está atrás dela.
─ Por que estaria atrás dela, Dario? ─ perguntou Serena, falando pela primeira vez. ─ Preciso saber o que aconteceu, por favor!
Rapidamente ele expôs para as duas, a primeira ligação de Lisa, que dizia ter informações sobre uma nova vítima. E, segundo ela, era de extrema importância que eu agisse rápido para salvar essa vítima. Mas como aconteceram muitas coisas nesse intervalo de tempo, não tive tempo de ir ao apartamento dela para verificar se era de fato verdade.
─ E como ela descobriu essas informações? ─ perguntou novamente Serena, desconfiada.
─ Disse que escutou uma conversa telefônica suspeita dele no escritório há duas noites atrás e resolveu investigar.
Serena não estava acreditando nem um pouco nessa história. Mas por que ela mentiria a respeito disso? O que ganharia?
─ O que devemos fazer Dario? ─ perguntou Mariana, olhando pelo retrovisor.
─ Mari, deixe-me aqui mesmo. Vou seguir para o apartamento de Lisa agora. ─ precisava tomar uma decisão rápida ─ Leve Serena em segurança ao encontro de Dimitri, por favor!
─ Dario, não vou a lugar algum. ─ interveio Serena, resoluta ─ Não adianta insistir! Essa história não é verdadeira. Há duas noites atrás, você me salvou de Ricardo? Lembra? Ele estava muito bêbado e nunca teria voltado ao escritório e, muito menos, ter feito alguma ligação telefônica. Ela está mentindo!
Dario ficou em silêncio por alguns momentos. Serena estava certa. Ele não havia lembrado o que acontecera há duas noites.
─ Serena, de qualquer forma, preciso ir verificar as intenções dela.
─ Eu tenho um plano, Dario. Ela me odeia! Nunca entendi o porquê desse odeio. Sempre me hostilizou, jogando farpa de algum sentimento de Ricardo por mim. Lembra de quando você foi me buscar na redação para almoçar?
Mariana havia parado o carro no acostamento e ouvia conversa dos dois, sem interromper. Dario ficou em silêncio por alguns segundos. Lembrava bem da farpa que Lisa jogara a respeito de Serena, o que causou uma discussão posterior entre ambos.
─ Você está certa, Serena! ─ exclamou de repente, apertando suas mãos ─ Qual o seu plano?
Ela contou o que pretendia, rapidamente. Ele relutou muito em concordar, mas com a ajuda de Mariana, conseguiu.

Lisa continuava andando de um lado para o outro na sala de seu apartamento. Tinha certeza de que seu plano daria certo. Ricardo só esperava um telefonema para entrar em ação. Provavelmente, Dario viria sozinho e usaria todos os recursos que tinha para que ele dissesse aonde escondeu Serena.
Achando que já era hora, Lisa correu para o quarto trocar de roupa. Iria pôr uma camisola sexy e aparentar medo.
“Homem nenhum resistiria.”

Serena respirou fundo antes de entrar no prédio. O que haviam decidido fôra que Mariana ficaria de vigília na entrada e Dario acompanharia Serena, mas não entraria no apartamento.
Com mil questões martelando em suas cabeças, eles entraram no elevador. Dario continuava segurando sua mão.
─ Vai dar tudo certo, meu amor. ─ ele não concordava com o plano dela entrar sozinha, mas Serena sabia o que estava fazendo. Além de ser muito teimosa também─ Não vou deixar que nada aconteça a você.
Ela apenas assentiu. Estava sentindo o coração bater apressado no peito por estar tão perto dele e, ao mesmo tempo, numa situação de perigo. Mas não esquecera da forma como ele a tratara.
Quando o elevador parou no andar desejado, Dario saiu primeiro para analisar a área antes. Havia três apartamentos por andar e a escada era perto do número de Lisa. Decidiu que ficaria ali escondido.
─ Vou descer a escada e ficar escondido até você entrar. Depois volto e fico perto da porta para escutar o que está acontecendo. Você não pode deixar ela trancar a porta, Serena!
─ Deixa comigo. Vá se esconder então!
Ela percebeu que ele hesitou, parecendo querer lhe dizer algo, mas mudou de idéia. Com o coração apertado, ela levantou a mão para tocar a companhia, mas a reteve no meio do caminho.
─ Dario! ─ chamou, com voz baixa, mas urgente.
Ele se virou para ver o que ela queria e encontrou um par de olhos assustados, que as lentes dos óculos não conseguiam mais esconder.
─ O que foi...
Mas Serena andou até ele e o abraçou, interrompendo-o.
─ Perdão, Dario! Você ainda me ama? ─ perguntou em tom infantil.
Ele a abraçou forte e respondeu da melhor forma que imaginou, unindo seus lábios aos dela. O beijo não foi com paixão violenta, mas sim com um gosto de desespero e perdão.
─ Eu amo tanto você, Dario!
─ Eu te amo também, Serena! Nunca duvide disso. Eu que tenho que pedir perdão a você... ─ foi interrompido pelos dedos dela em sua boca.
Ela lhe deu um pequeno sorriso e um breve beijo nos lábios, antes de se virar novamente para a porta de Lisa. Agora sentia a coragem voltar a tomar conta de seu corpo.
“Vamos, Serena. Você pode!” disse a si mesma, mentalmente e tocou a campanhia de Lisa. Alguns poucos segundos depois, uma voz baixa mandou que entrasse.
Serena abriu a porta e entrou devagar. O apartamento estava com as cortinhas fechadas e um ar de sombriedade pairava no ambiente. Com certa dificuldade, conseguiu distinguir Lisa sentada no sofá, encolhida e com as mãos escondendo o rosto. Parecia chorar.
─ Lisa? ─ chamou, preocupada.
Ao perceber que a voz da pessoa que entrara não era de Dario, Lisa tirou as mãos do rosto e a olhou, irritada.
─ Serena? Posso saber o que faz aqui?
─ Vim conversar com você... está tudo bem?
─ Claro que não está tudo bem! Eu estava esperando por Dario. Não você!
Serena percebeu um tom de contrariedade e histeria em sua voz. Andou rapidamente até a janela e abriu as cortinas, permitindo a claridade entrar no apartamento.
─ O que está havendo...? ─ ia perguntando, quando viu que Lisa estava usando apenas uma camisola preta de renda, muito reveladora.
Lisa, percebendo o olhar dela, deu uma risada alta.
─ Percebe que estragou meus planos, queridinha? Tinha certeza absoluta de que Dario não escaparia de mim hoje. Mas, como sempre, você tinha que estragar meus planos.
─ Isso tudo... você armou isso tudo... só para seduzir Dario?
─ Claro que não... mas vamos ver... ─ continuou Lisa, colocando os dedos no queixo ─ nem tudo está perdido!
Lisa pegou o celular na mesa e discou um número.
─ Para quem você ta ligando? ─ perguntou Serena, perdendo a paciência com todo o joguinho de Lisa.
─ Ricardo? ─ chamou, no celular.
Ao escutar a pessoa para qual ela ligava, Serena sentiu-se mal. Rapidamente, aproximou-se de Lisa e tirou o celular de suas mãos.
─ O que pensa que está fazendo, sua vadiazinha?
─ Do que me chamou? ─ perguntou, irritada.
Lisa começou a gargalhar histericamente.
─ Por que me odeia, Lisa? O que te fiz? ─ perguntou, tentando entender.
─ Odiar você? Não... não odeio... desprezo quem você é! O jeito como todos gostam de você! Pode chamar de inveja... o que quiser! Mas não vou deixar você roubar o que me pertence!!!
─ O que roubei de você ?
Serena estava sentindo um turbilhão de emoções dentro do peito, mas estava conseguindo manter a calma pra fazer Lisa falar.
─ Você roubou a minha chance de ser promovida no Jornal... me roubou o único homem que não me quis na cama! O único homem que amo.
─ E por causa disso você se uniu a Ricardo? Para fazer o que, Lisa? Para ser criminosa, assassina...?
─ Ele me procurou, sabia? Na noite que você fugiu dele... fui o consolo dele! Engraçado isso, né? Mas agora ele pode me dar tudo... basta eu te entregar a ele! Não me importa mais nada... Já sei de todo o esquema do tráfico de órgãos. Nem foi preciso eu investigar!
Serena estava perplexa. Lisa só podia ter enlouquecido.
─ Você precisa de ajuda! ─ exclamou.
─ Ajuda? Você quem precisa... Ricardo vai te matar! Antes, ele vai aproveitar bem os prazeres que seu corpo tem a dar para ele. Espero que você odeie!!! ─ gritava, histérica ─ Devolve meu celular!
Sem esperar, Lisa agarra suas mãos fortemente e tenta tirar o celular a força. Lutando também, Serena tenta escapar, mas Lisa estava implacável. E tinha mais força também.
─ Sabe de uma coisa, Serena? Vou adorar te matar, eu mesma!
Lisa estava totalmente fora de controle, unhava os braços e rosto de Serena, que tentava se soltar.
─ Me solta! ─ começou a gritar, para tentar chamar a atenção de Dario.
De repente, sentiu as mãos de Lisa agarrarem seu pescoço fortemente.
─ Dario! ─ gritou, desesperada, sentindo a voz perder a força.
─ Você está presa, Lisa! ─ Dario gritou, entrando no apartamento já empunhando o seu revólver ─ Solte Serena agora! Não me faça atirar!
Lisa pareceu recobrar um pouco da sua consciência sã e a largou.
─ Era tudo... um truque de vocês! ─ exclamou, de repente.
─ Sim, Lisa. ─ respondeu Serena com voz abafada, já ao lado de Dario ─ Seu ódio por mim é tão grande, que nem te permitiu pensar no motivo que me trouxe aqui.
Lisa ficou visivelmente perturbada, mas ficou muda enquanto Dario a algemava.
─ Dario, você não pode levar ela vestida assim para a delegacia. Vou buscar um casaco para ela.
─ Dario... não percebe porque fiz isso tudo?─ Lisa estava desesperada ─ Eu sempre te amei! Nós podemos ter tudo...
─ Chega, Lisa! ─ mandou Dario, com voz cansada ─ Não piore sua situação.
Nesse instante, Mariana chegou ao apartamento e decidiram que ela levaria Lisa a delegacia. Dario levaria Serena ao encontro de Dimitri, conforme o combinado. Só estariam em total segurança quando o mandado de todos os envolvidos fosse expedido e cumprido. Até lá, Serena precisaria ficar escondida.

domingo, 12 de abril de 2009

CAPÍTULO XII (FIM)

─ Dario, sei que você está zangado com o que fiz, mas... você me tratou de modo tão... tão... frio.
─ Serena, eu estava zangado... sei que isso não é desculpa... mas...
Antes que ele pudesse concluir a frase, a porta do quarto abriu e Mariana entrou segurando o telefone.
─ Que bom que está acordada, Serena! Vocês precisam ir de encontro a Dimitri logo.
─ Serena você vai precisar ir disfarçada. ─ continuou, abrindo o armário apressada.
─ Essa conversa ainda não terminou. ─ disse Dario, segurando seu queixo. Resistindo a vontade de beijá-la, ele saiu do quarto para se vestir.
─ Você o ama, não é? ─ perguntou Mariana de repente.
Serena a olhou desconfiada por alguns instantes. Achou que a pergunta fosse por alguma segunda intenção e que ela gostasse de Dario. Mas percebeu que a pergunta fora feita sem nenhuma emoção pessoal.
─ Sim. ─ respondeu simplesmente.
Mariana deu um sorrisinho simpático e achou o que procurava no armário.
─ Espero que tudo dê certo entre vocês. Dario é um homem especial. E ele está super apaixonado também por você, Serena.
─ Vocês... tiveram algo... mais íntimo no passado?
─ Não. Ele sempre me viu como amiga só. Não precisa ter ciúmes. ─ respondeu enquanto tirava o embrulho do armário. ─ Serena, aqui tem uma peruca e uma roupa para você usar. Garanto que ninguém a reconhecerá.
─ Preciso dos meus óculos... cadê minha bolsa? ─ perguntou, com tom nervoso, enquanto procurava pelo quarto.
─ Fique calma. Nós já achamos o relatório e vou cuidar disso para vocês. Não é seguro vocês ficarem andando com algo tão importante. Dimitri irá ajudar vocês no resto.
─ Quem é Dimitri?
─ É um amigo nosso muito confiável e ligado a mais alta autoridade da polícia civil. Ele já está com as provas que vocês conseguiram antes e está cuidando dos mandatos. É só uma questão de tempo agora. Mas até lá você precisa estar em segurança, entende?
Serena assentiu com a cabeça e começou a vestir o disfarce. Quando terminou, achou que estava mesmo irreconhecível. Olhando no espelho do banheiro, se sentiu a mais feia das criaturas. A peruca era tinha um tom loiro acinzentado e era cacheada. Não combinava em nada com ela. A roupa que Mariana arranjou era um vestido quadriculado muito largo e que ia até seu joelho. Chegava a ser cômica. Colocando os óculos, saiu do quarto.
─ Sabia que esse disfarce era bom! ─ exclamou Mariana empolgada.
Dario também a estava olhando com espanto e, ao mesmo tempo, curiosidade. Ela estava irreconhecível, mas apesar disso, continuava a menina por quem se apaixonou.
─ Bom, vamos? ─ continuou Mariana. ─ Vou levar você de carro até a avenida principal e dali vocês pegam um taxi. Eu vou cuidar desses documentos.
Serena tinha mil perguntas a fazer, mas ainda não era o tempo certo. A principal delas era a respeito de Lisa.
Como se tivesse lido seus pensamentos, Dario se aproximou e segurou sua mão, enquanto saiam do apartamento.
─ Vamos ter tempo de conversar logo.


Lisa andava de um lado para o outro do apartamento inquieta. Muitas coisas haviam acontecido nesses últimos dois dias.
Fora surpreendida com uma ligação de Ricardo no meio da noite. Estava claramente com voz bêbada. Dizia que precisava conversar com ela, pois estava se sentindo solitário. Lisa se sentiu muito envaidecida e pensou logo na sua tão sonhada promoção. Meia hora após a ligação, Ricardo bateu em sua porta e disse que desejava Lisa há tempos. Ela acabou se deixando envolver e dormiram juntos. Na manhã seguinte, surpreendeu ele no telefone falando de Serena. Claro que ele nem imaginava que ela tivesse ouvido sua conversa.
O primeiro impulso de Lisa fora de gritar de revolta. Ele a procurara porque não havia conseguido nada com Serena. Justamente Serena! Mas o resto da conversa a deixara intrigada. Ricardo parecia estar muito irritado por ter descoberto algo a respeito de Serena. Escutou claramente quando mandou a pessoa da outra linha achar imediatamente ela e trazer para ele, com vida. Não precisava ser adivinho para saber que ele queria terminar o que começara na noite anterior.
Lisa fingiu não ter escutado nada. Num primeiro momento, deixou as coisas como estavam. Não queria admitir, mas sentia muita inveja de Serena. Ela era linda e talentosa. E o principal era que tinha conquistado o coração do único homem que realmente queria. Era apaixonada por Dario desde o primeiro momento que o vira. Mas ele nunca sequer a olhara com segunda intenção. Quando percebeu que algo estava acontecendo entre Serena e Dario, foi demais para Lisa. Nunca havia sentido um ciúme tão forte.
Talvez tenha sido por isso que aceitou quando Ricardo pediu que a ajudasse depois. Ele devia ter percebido na redação a animosidade entre as duas. Ela tinha prometido ajudar a achar Serena, mas escondeu o envolvimento de Dario nessa história.
Tinha ligado para Dario na noite anterior, alegando já saber da história e que sabia como ajudar Serena. Para conquistar a confiança dele, disse que tinha informações sobre uma suposta nova vítima. Agora esperava o telefonema de Dario. Era para ele ter trazido Serena há tempos. Algo devia ter acontecido. Resolveu esperar mais algum tempo antes de tentar ligar de novo.

sábado, 11 de abril de 2009

CAPÍTULO XII (CONTINUAÇÃO)

─ Está bem, Mariana. Melhor nos sentarmos.

Serena abriu os olhos e se viu envolta por uma penumbra. Seu primeiro impulso foi de fechá-los novamente e dormir, mas conseguiu resistir. Erguendo o corpo suavemente, percebeu que estava num quarto feminino. Um relógio na mesinha a sua frente marcava cinco e meia da manhã. Aos poucos, sua mente foi clareando e todos os acontecimentos da noite anterior vieram a sua mente. Foi quando sentiu uma tristeza enorme no peito.
Não suportando mais, afastou os lençóis e saiu da cama. Percebeu que estava vestindo apenas uma camisa longa e seu pé fora enfaixado. Pisando com cuidado no chão porque o pé ainda doía, Serena se dirigiu a janela. O céu já estava clareando, mas continuava nublado e isso de algum modo os unia.
“Mamãe, sei que você me ouve. Por que me abandonou? Por que me deixou envolver nisso? Estou com tanto medo... estou me sentindo tão sozinha, mamãe!”Sem perceber, ela murmurou essas palavras em voz alta. Ela segurava o batente da janela fortemente e as lágrimas corriam livremente.
“Tão sozinha...”
De repente, Serena sentiu a mão quente de alguém em seu ombro, forçando-a a virar para frente.
─ Você não está sozinha, meu amor! ─ Dario estava ali a sua frente, como que se tivesse se materializado.
Ela se afastou alguns passos. Não conseguia pensar com ele a tocando.
─ O que está fazendo aqui?
─ Eu estava sentado na poltrona ali. ─ disse apontando para um canto do quarto.
─ Eu não havia te visto... ─ ela tentou se afastar mais, mas esbarrou na cama.
─ Desculpe, Serena.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

CAPÍTULO XII (CONTINUAÇÃO)

A essa altura, ambos já estavam encharcados. Mesmo descalça Serena caminhou da forma mais natural que consegui até a estrada. O carro da tal amiga dele estava parado no acostamento. Dario abriu a porta traseira para ela, mas sentou no banco ao lado da amiga.
Serena ficou magoada com a atitude dele. Sentia um nó na garganta e sabia que estava prestes a chorar.
─ Mariana, essa é Serena. A amiga sobre quem lhe falei.
─ Tudo bem, Serena? Que infortúnio hein? ─ cumprimentou Mariana, enquanto ligava o carro.
“Amiga?”
─ Que sorte eu passar aqui justamente hoje! ─ continuou ela.
─ Que sorte mesmo... ─ respondeu com voz baixa.
Os dois conversaram durante todo o caminho e Serena permanecia em silêncio. Aproveitou para observar melhor a tal Mariana. Era uma mulher loira, com pele bem clara e devia ser alta. Era muito bonita. Bonita demais até.
Chegaram ao destino em menos de uma hora. Mariana estacionou o carro na garagem de um prédio alto no centro da cidade e todos desceram do carro.
─ Nem sei como te agradecer, Mariana.
─ Vocês dois estão muito molhados. Faço questão que subam e troquem de roupa.
─ Não sei se é seguro.
Serena acompanhava a conversa como se não estivesse ali.
─ Dario, já estou acostumada a isso, esqueceu. Somos colegas, lembra?─ disse ela, rindo e dando uma cutucada com o braço nele. Vamos, Serena?
Os dois seguiram em frente e Serena ficou parada por alguns minutos. Tinha vontade de sumir dali. Mas seus pés não a obedeciam. Como um boneca de pano, seguiu os dois pelo corredor. Seu pé doía cada vez mais e estava se sentindo muito fraca. Em determinado momento, os dois viraram para a direita e ela não conseguiu mais seguir em frente. Sentiu que a visão estava falhando.
─ Serena? ─ escutou uma voz masculina, mas parecia vir de longe.
─ Estou... bem...
Ainda conseguiu escutar a voz de Mariana dizer algo sobre o estado de seu pé. Depois disso, a escuridão a envolveu.

─ Dario, como você não percebeu que essa meninas torceu o pé desse jeito? Você sempre foi muito observador. ─ perguntou Mariana, com tom de recriminação na voz.
Quando Serena desmaiou e viu que o pé dela estava bastante inchado e vermelho, Dario se sentiu o pior dos homens. Estavam numa situação de extremo perigo e agiu profissionalmente, apesar de também querer dar uma pequena lição para ela. Mas agora estava muito arrependido.
Ele a pegou nos braços e entraram no apartamento. Mariana cuidou de Serena, deixando Dario do lado de fora do quarto. Ele estava muito nervoso e com uma enorme sensação de culpa.
─ Não sei, Mariana. Foi tudo tão repentino.
─ Qual a sua ligação com essa menina? ─ perguntou, mas nem precisou esperar pela resposta. ─ Nem precisa me responder, dá para ver nos seus olhos. Ela estava segurando a bolsa com muita força. Deve ter algo aqui de importante.
Dario pegou a bolsa e achou o relatório. Tinham as provas necessárias para acabar com tudo já.
─ Acho melhor você me contar tudo desde o princípio, Dario. Sabe que posso ajudar vocês.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

CAÍTULO XII

"Os obstáculos não podem te deter. Os problemas não podem te deter. Mais que tudo, outras pessoas não podem te deter. Somente você pode deter a si mesmo."
(Desconhecido)


Eles andaram por cerca de meia hora em silêncio. Dario estava concentrado pensando no que fariam a seguir e Serena, em pânico. Eles já estavam bem afastados do motel e da estrada, porém só o que viam era a escuridão da mata. As árvores pareciam assustadoras e havia muita pedra no caminho. Devido ao salto, Serena tropeçava o tempo todo, mas Dario não percebia seu desconforto e continuava andando. Em determinado momento, o salto do pé direito acabou quebrando fazendo seu pé virar bruscamente. Mesmo sentindo bastante dor no pé, não ousou emitir nenhum som ou reclamar. Tirou os sapatos e os deixou para trás.
Após alguns minutos, Dario se virou e pediu que ela esperasse um pouco.
─ Serena, vou até a beira da estrada ver se tem alguém nos seguindo. Espere aqui um pouco e, por favor, não saia daqui.
Ela fez que sim com a cabeça. Estava sentindo fome e pé latejava muito.
Sentou sobre uma pedra maior e tentou ver o estado do pé, mas estava muito escuro até para isso. Olhando ao redor, sentiu um medo terrível. Não conseguia distinguir nada a sua frente. O céu estava nublado e as primeiras gotas da chuva começaram a cair. Começou a sentir frio e, juntando o medo e a dor, achou que fosse surtar. Fechando os olhos, começou a rezar baixinho.
“Por favor, mamãe, nos ajude. Não vou agüentar se algo acontecer a Dario e Lucas por minha causa. Prefiro morrer! Você estava errada... agora percebo isso. Eles são minha família agora.”
Não se deu conta do tempo que tinha ficado sozinha ali. Estava sentindo o corpo tremer, mas a sensação de frio não a incomodava mais. Só voltou a abrir os olhos, quando sentiu que alguém a sacudia.
─ Serena, você está bem? ─ perguntou Dario, preocupado ─ Você está tremendo.
─ Estou bem, Dario. Conseguiu algo?
─ Sim. Uma amiga minha estava passando e me viu. Vamos pegar carona com ela para voltar.─ disse e foram para a estrada.
A essa altura, ambos já estavam encharcados.

CAPÍTULO XI (CONTUNUAÇÃO)

Ela abriu os olhos devagar, como se ainda estivesse sonhando. Mas quando viu Dario em pessoa ali parado, deu um pulo e o abraçou. Só ao lado dele se sentia em segurança.
─ Dario... dormi sem querer.
─ Você está cansada, Serena. Nada mais natural.
Rapidamente, narrou os acontecimentos que se sucederam. Imaginou que ele fosse ficar realmente zangado, mas chegou a estremecer de apreensão ao ver seu semblante ao final da narrativa.
Conforme ela ia contando o que tinha feito, Dario sentia o sangue ferver nas veias. Tentou não transparecer seus sentimentos, mas lhe foi impossível. Aquela menina não tinha a mínima noção de perigo.
─ Serena, você tem idéia do que podia ter acontecido? ─ foi só o que conseguiu perguntar, com voz controlada.
─ Eu precisava ter certeza...
─ Certeza de que, Serena? Enlouqueceu? O que vai ser de seu irmão se algo acontecer a você? Quer ser tão irresponsável quanto sua mãe foi? ─ Dario já estava praticamente gritando a essa altura. Tinha vontade de sacudir aquela menina para ver se colocava juízo na cabeça dura.
Mas sabia que tinha passado dos limites. O fato da mãe dela ter se envolvido nessa história e não ter calculado as conseqüências do seu ato envolviam muitas outras coisas complicadas.
Serena tinha os olhos marejados e assustados. O seu primeiro impulso foi de dizer que ele não tinha direito de acusar a sua mãe assim. Muito menos julgar as próprias atitudes. Mas, pela primeira vez, sentiu-se culpada. Seu irmão era praticamente um bebê ainda. Pensara no futuro dele algum momento?
Mas quando ia abrir a boca para dizer algo, o celular de Dario tocou. Percebeu que ele franziu a testa quando viu o visor, mas atendeu a ligação.
─ O que você quer, Lisa?
Ao escutar o nome da pessoa, Serena gelou. Era só o que faltava mesmo. Impaciente, levantou da cama e foi até a janela. Dario ficou apenas alguns poucos minutos no celular, mas pareceu uma eternidade.
─ Serena, temos que sair daqui. Lisa vai nos encontrar... ─ disse ele, quando finalizou a ligação.
─ Vamos encontrar com a Lisa? ─ perguntou, incrédula.
─ Sim. Ela vai nos ajudar. Explico tudo no caminho. Não podemos mais perder tempo. Vá se arrumar.
Mesmo odiando ver o nome de Lisa envolvido nessa história, ela se resignou e foi ao banheiro, sem abrir mais a boca. Sabia que era melhor ficar calada naquele momento e obedecer às ordens dele. Pelo seu tom de voz, percebeu a seriedade da situação.
Ela se trocou rapidamente e saíram em silêncio do quarto. Dario a guiou pelo mesmo caminho que fizera e a escuridão da noite ajudou a manter ambos escondidos. Porém, assim que chegaram perto da estrada, ele parou abruptamente e fez Serena ficar escondida. Dois carros escuros estavam parados na entrada do motel e os motoristas conversavam, gesticulando muito. Um dos carros entrou e o outro ficou parado, mas o motorista e mais um passageiro saíram e ficaram de vigília.
─ Serena, não podemos sair daqui de carro sem sermos vistos. ─ disse em voz baixa ─ Eles logo vão começar a procurar pela região quando não a acharem no quarto. Vamos beirando a estrada, pelo mato mesmo.
Ela apenas assentiu e, apertando a bolsa contra o corpo, sentiu um frio na espinha. O cerco estava se fechando e sabia que era a principal culpada. Mesmo sentindo um medo avassalador, seguiu em frente. Mas não sabia até quando agüentaria.

sábado, 14 de março de 2009

CAPÍTULO XI (CONTINUAÇÃO)

“Sinto que está no fim, mamãe! Mas valeu a pena?” Era o que Serena se indagava. Sentia tanta falta da mãe e Lucas cresceria sem a presença materna.
Bocejando, ela deitou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos. Estava sentindo um sono e um cansaço grandes. “Só um cochilo!” Foi o seu último pensamento antes de adormecer.

Assim que recebera o primeiro telefonema de Serena, contando da morte de Marcos, Dario pegou o carro e se pôs a caminho da estrada. Mas ela demorou a dar o segundo telefonema para avisar do local onde estava, o que o deixou em um estado de ansiedade extrema. Estava nervoso imaginando que algo tivesse acontecido a ela até que seu celular tocou. Foi com muito alívio que escutou a voz doce dela do outro lado da linha, não deixando de perceber o medo que ela tentava não demonstrar.Como não estava muito longe do motel, ele chegou em poucos minutos. Estacionou o carro de forma mais escondida possível e entrou no local pelos fundos. Não queria que o vissem ali. Sabia que precisavam agir da forma mais disfarçada possível até o desfecho da operação. Com extremo cuidado, percorreu os corredores a procura de algo suspeito, antes de procurar o quarto de Serena.
Deu uma leve batida na porta, mas ela não abriu. Ficou alguns minutos ali esperando e resolveu tentar a sorte pelo lado de fora do quarto. Sua vontade era colocar a porta abaixo, tal a sua ansiedade e nervoso. Mas sua experiência profissional o ajudou a manter a calma. Nunca vivera uma situação em que uma pessoa que ele amava estava envolvida. E isso o deixava louco, pois tinha medo perder a razão num momento crucial.
Havia uma janela e nem precisou de muito esforço para abrir. Entrou no quarto de forma silenciosa e encontrou Serena dormindo profundamente na cama. Estava vestindo um roupão e seus cabelos estavam úmidos ainda e soltos. Dario se esforçou para manter sua mente focada no problema e, se aproximando da cama, chamou baixo seu nome.

sexta-feira, 13 de março de 2009

CAPÍTULO XI (CONTINUAÇÃO)

Sabia que não era prudente sair com seu carro para não ser seguida. Correu até a rua principal e conseguiu um taxi. Pediu que ele fosse até a estrada e desceu quase na metade dela. Não queria deixar nenhuma pista e, assim que o carro sumiu de vista, ela começou a andar procurando um motel qualquer. Já estava anoitecendo e a estrada estava escura e deserta. Tentou não pensar no medo que fazia seu coração bater acelerado. Enfim, avistou um motel a sua frente. Antes de entrar, porém, pegou de dentro da bolsa um lenço para esconder os cabelos e pôs os óculos escuros.
Quando já estava no quarto, trancou a porta com a chave e fez a ligação para Dario, que já se encontrava na metade do caminho. Para espantar o medo e a ansiedade, tomou um banho rápido e vestiu o roupão do motel. Sentou-se na cama e pegou o relatório escrito por sua mãe para ler.
Alguns minutos depois, Serena percebeu que já tinham provas suficientes para acabar com essa máfia. Só no relatório de sua mãe haviam fatos detalhadamente documentados e fotografados de 5 vítimas inocentes. Pessoas com muito dinheiro pagavam por órgãos compatíveis. Algumas vítimas eram ludibriadas por pessoas do esquema que se aproximavam para ganhar confiança, muitas vezes havendo envolvimento íntimo. Depois eram dadas como desaparecidas e os médicos atestavam morte natural, quando o corpo era encontrado. Não havia nenhuma investigação aberta da morte das vítimas. Era um esquema muito bem elaborado e fechado. Todos eram corruptos até a alma.
Serena estava espantada e assustada com toda a história. Nunca imaginara houver algo assim numa cidade pequena como Vista Formosa. A mãe Marina havia tido muita coragem ao levar a investigação adiante. Ela guardou todos os papéis dentro de um envelope e pôs dentro de sua bolsa.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

CAPÍTULO XI (CONTINUAÇÃO)

(...)

Serena saiu da lanchonete e andou o mais calmamente que pôde em direção a seu carro. Havia muita gente no quarteirão ainda, a maioria de curiosos. Custava a acreditar que Marcos estava morto e pelo motivo que a mãe.
“Isso não vai ficar assim!”
Num impulso, caminhou até a multidão e, como uma boa jornalista, fez todo o tipo de perguntas. Mas cada um contava uma versão diferente. Foi até um policial para tentar descobrir algo.
─ Por favor... será que o senhor poderia me ajudar? Eu estava vindo visitar o Sr. Wong.
─ Qual a sua relação com ele?
─ Eu sou a enteada dele. ─ respondeu, percebendo que ele não diria nada se não houve relação entre os dois.─ Ou melhor, quase enteada... ele estava noivo de minha mãe.
─ Entendo... qual seu nome?
─ Serena, senhor.
─ Marcos Wong teve o apartamento invadido e saqueado durante a manhã de hoje. E provavelmente reagiu ao assalto e levou três tiros.
─ Meu Deus! Mas havia sinal de luta na casa?
─ Aparentemente não, senhorita.
─ Mas será que o senhor não percebe? Isso não foi um assalto! ─ Serena estava praticamente gritando e chamou atenção de outros policiais.
─ O que está acontecendo aqui?─ perguntou um outro policial. Era moreno, alto e com um olhar assustador.
─ Essa jovem ficou transtornada quando soube do assassinato do Sr Wong!
Quando o outro policial olhou para ela, Serena percebeu que fora reconhecida.
“Já sabem que eu sou!” pensou desesperada.
─ Melhor me acompanhar... Serena! ─ disse, segurando seu braço com força.
Ela se deixou levar apenas alguns passos.
─ Como sabe meu nome?
─ Vamos deixar de encenação, Serena. Você brincou com fogo... e vai sofrer as conseqüências disso.
─ Vocês mataram várias pessoas inocentes, seus assassinos!
O policial deu uma breve risada.
─ Você é mais bonita pessoalmente. Não é a toa que conseguiu enganar Ricardo, um mulherengo de marca maior. Talvez possamos brincar um pouco...
─ Vá para o inferno, seu verme! Vamos ver quem vai sair ganhando! Vou pôr todos na cadeia.
Dito isso, ela gritou desesperadamente “Fogo” e apontou para a entrada do prédio. Todos olharam na direção apontada e correram. Serena sabia que se gritasse por socorro, iriam achar que estava perturbada. Aproveitando o momento de distração do policial que a segurava, ela se soltou e correu na direção oposta. Ele não poderia fazer nada. Nem mesmo prendê-la.

(...)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

CAPÍTULO XI (CONTINUAÇÃO)

Amigos e amigas que acompanham minha história... desculpem a demora para postagem. Espero retomar com certa frequência. Conto com o apoio e opinião de todos vocês. Abraços.


(...)
─ Já sabe a minha história também? ─ perguntou ansiosa.
─ Sim. Na verdade, sempre desconfiei. Vá tomar um banho e vamos almoçar.
Serena tomou um banho demorado e desceu as escadas. Estava começando a sentir fome e encontrou uma mesa farta na cozinha.
─ Nossa! Assim vou engordar muito, Mônica! ─ exclamou, rindo.
─ Você devia sorrir mais. Fica muito mais adorável. Sente-se e vamos conversar enquanto almoçamos.
─ Dario me mandou te dar algumas instruções, minha querida. Ele levou Lucas para ficar com minha filha. Lá estará em segurança. E ele só deve chegar à noitinha.
─ Acho que me envolvi tanto nessa história que não percebi que podia estar colocando a vida de meu irmão em risco. ─ afirmou horrorizada. ─ Sua filha não se importa?
─ Claro que não. E lá tem outras crianças para o Lucas se divertir. Bom, Dario também pediu que você tentasse buscar a caixa que sua mãe deixou. Se você estiver em condições, claro. Ele acha que juntando o conteúdo dessa caixa com o que vocês já têm, dá para concluir esse caso.
─Claro, Mônica. É o que eu mais quero. Vou agora mesmo.

Serena chegou a um Correio, no endereço indicado por sua mãe, no finalzinho da tarde. Estacionou o carro e entrou no local apressada. Localizou o número da caixa postal e abriu. Havia um relatório escrito por sua própria mãe, aonde eram relatadas todas as informações dadas pelo contato anônimo, assim como algumas fotos e recortes de jornais. Serena juntou tudo e guardou dentro de sua bolsa e voltou para o carro.
Procurou o celular, mas foi em vão. Provavelmente esqueceu em casa. Já estava anoitecendo e queria avisar a Dario que estava tudo bem. Antes de ir embora porém, resolveu fazer uma visita rápida a Marcos Wong para agradecer toda a ajuda.
Quando chegou ao antigo Edifício do Jornal, conseguiu com o porteiro o endereço do velho amigo de sua mãe, que era bem perto dali. Assim que se aproximou do prédio notou a movimentação. Havia carros de polícia e uma ambulância parados perto da entrada.
─ Com licença, policial... vim visitar um amigo. O que houve? ─ perguntou.
─ Um homem foi morto há algumas horas, senhorita. O prédio está isolado.
─ Como assim... assassinado você quer dizer? ─ perguntou horrorizada.
─ Sim. Marcos Wong era seu nome. Por favor, melhor se afastar do local.
Em estado de choque, Serena se afastou do prédio. Um alarme começou a tocar na sua cabeça. “Assassinado!”
Correu feito uma louca e entrou numa lanchonete da esquina. Todos ali dentro só comentavam o recente assassinato.
─ Por favor... tem um telefone que eu possa usar? ─ perguntou, com a voz meio trêmula.
─ Ali, senhorita. ─ respondeu um rapazinho.
Discou o número do telefone de Mônica e rezou para que Dario já estivesse em casa.
─ Alô? ─ atendeu a voz que tanto amava.
─ Dario... ainda bem...
─ Serena? Aonde você está? Estou desesperado ligando para o seu celular.
─ Dario, Marcos está morto. Foi assassinado! ─ disse o mais baixo que pôde.─ Ele era o único que sabia do caso. Estou com medo...
─ Meu Deus, Serena! Não é seguro você voltar agora. Temos que agir logo.
Ele estava nervoso, ela conseguia sentir. Mas seu tom era de comando.
─ O que faço?
─ Você vai sair daí e procurar um motel na beira da estrada qualquer. Entendeu? Assim que você entrar no quarto, vai me ligar e dizer o endereço para te encontrar. Você não pode ficar sozinha.
─ Tá bem, Dario!
─ Serena, tente entrar o mais disfarçada possível. Não olhe para ninguém diretamente. Eu te amo, meu amor. Logo estarei aí para protege-la. Não fique com medo.
─ Não ficarei.

(...)