sábado, 17 de novembro de 2007

CAPÍTULO VII (CONTINUAÇÃO)

─ Fontes boas, não é mesmo? ─ perguntou com certa ironia.
─ Pois é... tento me manter informada de tudo o que ocorre aqui na cidade. Faz parte do meu trabalho!
Serena fez uma tentativa de sorriso e voltou sua atenção para seu prato de comida.
“Lisa é perigosa demais. Tenho que ter muito cuidado com ela.” Pensou.
─ Então, o que foi fazer lá? Visitar o pai do seu filho? Quem sabe... matar as saudades! ─ Lisa deu uma piscadela.
─ Lisa, aonde fui ou o que eu fui fazer são problemas unicamente meus. Estamos entendidas? ─ perguntou, em tom perigoso.
Lisa assentiu e passou o restante do almoço em silêncio. Voltaram ao trabalho sem mencionar mais nada.

CAPÍTULO VII

Ama a verdade, mas perdoa o erro.
(Voltaire)


Era hora do almoço da segunda-feira. Lisa não parava de falar ao seu lado e Serena estava ficando angustiada. Estava um dia muito quente e abafado e o ar condicionado não dava vazão.
─ Então, Serena, como foi o final de semana? Sei que você fez uma viagem rápida no sábado.
─ Como você sabe disso, Lisa?
─ Tenho minhas fontes. ─ respondeu com uma risada ─ Mas me conta... o que você foi fazer na cidade vizinha?
─ Nossa... você sabe até aonde eu fui? ─ perguntou, tentando disfarçar ─ Talvez você possa me responder o que eu fui fazer lá...
─ Bom, para você ter voltado no mesmo dia, deduzi que você foi na cidade vizinha... na verdade, joguei um verde e colhi maduro. E segundo minhas fontes, você foi vista chorando na lanchonete do Mario’s. E que quem te ajudou foi Dário!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

CAPÍTULO VI (FINAL)

– Você não vai dar um mergulho? – perguntou Mônica – Nem tirou a saída de banho.
– Vou sim, mas não quis atrapalhar seu filho. Ele está tão entretido com as crianças.
– Ele olha toda hora para cá, querida. Está com vergonha dele?
– Eu? Imagina! ─ exclamou, nervosa.
Mônica fingiu que acreditou nela e não disse mais nada. Sabia que teria que lidar com calma e paciência com Serena.
No final da tarde, Serena deu um banho em Lucas e o deixou com Mônica para que ela própria pudesse se arrumar. Durante o banho, ela pensava que pela primeira vez em meses, conseguiu se divertir e não pensar na morte da mãe. Ela se enrolou numa toalha e, com outra na mão, voltou ao quarto para terminar de secar o cabelo. Ela olhava a paisagem enquanto se ocupava dessa tarefa e não percebeu a porta se abrindo.
─ Você é perfeita, Serena... ─ disse uma voz familiar.
─ Dário! ─ exclamou no susto ─ O que faz aqui? Estou terminando de me arrumar.
─ Estou percebendo isso... e me desculpe. Achei que já te encontraria vestida.
─ Pois não estou. Poderia me esperar do lado de fora?
─ O que a faz tão diferente, Serena? Você é tão valente, mas tão frágil e inocente também. Nunca pensei que fosse encontrar qualidades tão distintas em uma pessoa. Você me intriga muito.
─ Eu... ─ mas não pode concluir a frase, pois Dário a abraçou de repente e a beijou apaixonadamente.
Ela não soube dizer se haviam passado horas ou apenas alguns segundos, mas sabia que não queria que terminasse nunca aquele beijo.
─ Eu estou me apaixonando por você, querida. ─ disse ele com voz rouca ao seu ouvido. ─ E nesse momento sinto algo a mais por você... mas irei te respeitar. Um dia você vai me entender... assim como eu quero muito te entender.
Ele a beijou novamente e Serena sentiu que as mãos deles desciam vagarosamente pelas suas costas. Mas a carícia foi interrompida bruscamente e a deixou sozinha no quarto, com seus pensamentos confusos e desejos.

O maravilhoso da fantasia é nossa capacidade de torná-la realidade.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

CAPÍTULO VI (CONTINUAÇÃO)

Mais tarde, Serena observava a cena a sua frente com curiosidade. A irmã de Dário não pôde aparecer, mas mandou seus dois filhos pequenos. Dário brincou com os sobrinhos e Lucas na piscina enquanto Serena ajudava Mônica a lavar os pratos do almoço. Depois de terem arrumado tudo, ela sentou numa cadeira perto da piscina e conversava com Mônica, mas sem tirar os olhos de Dário. Estava surpresa em ver como ele adorava crianças.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

CAPÍTULO VI (CONTINUAÇÃO)

─ Sua casa? Como assim? ─ perguntou sentindo um imenso rubor no rosto.
Nesse momento, Mônica entrou na cozinha com várias sacolas. Sem perceber o que se passava, começou a esvaziar o conteúdo dos sacos.
─ Dário, meu filho, já conheceu Serena?
Filho?!
─ Já conheci sim, mamãe. ─ respondeu ele com o mesmo sorriso de antes.
Serena estava confusa, mas lembrou-se de que Mônica havia dito que tinha dois filhos, sendo um policial e que morava com ela.
─ Ah! ─ exclamou sem querer.
─ Convidei ela e o filho para um banho de piscina hoje. Está tão quente, não é mesmo? Serena, fique a vontade, sim? Vou só temperar o frango e a carne para um churrasquinho mais tarde.
“Ai, meu Deus!”. Serena ainda estava desnorteada com a coincidência. Não sabia mais como reagir na frente de Dário.
─ Dário, meu filho, nem vi você chegando ontem. Não gosto quando chega muito tarde! Sei que anda aprontando algo...
─ Fiquei de serviço até mais tarde, mamãe. Apenas isso. ─ disse rapidamente, cortando a mãe ─ Vou tomar um banho e me junto a vocês daqui a pouco.
Mas antes de sair da cozinha, abaixou e pegou a mamadeira do chão e entregou a Serena, segurando sua mão por mais tempo que o necessário.
─ Você e essa mania de derrubar as coisas!─ disse em voz baixa antes de sair.

Algum tempo depois, Serena e Mônica estavam sentadas perto da piscina e conversavam.
─ Quer dizer que você já conhece meu filho... Bom, sendo ele policial, não sei por que estou surpresa.
─ Conheci ele na re-inauguração do orfanato.
─ Percebi que os dois já são... um tanto... íntimos.
Serena corou fortemente.
─ Não precisa se envergonhar. Vou te confidenciar algo: nunca vi Dário desse jeito. Aliás, ele estava andado tão sério e fechado, mas de uns tempos para cá, tem estado mais sorridente.
Involuntariamente, Serena sorriu e ficou feliz com o simples comentário.
─ Mas, minha querida, preciso te dizer algo. Desde que te conheci, percebi uma tristeza imensa em seu olhar. Você não precisa concordar com o que eu vou dizer, mas acho que você está procurando algo nessa cidade. Algo que te trará paz... infelizmente, tenho o pressentimento de que é algo perigoso. Peço cuidado ao tomar suas decisões e não deixe que elas atrapalhem sua vida. Sei que você não tem mãe... por isso, me acho na obrigação de dizer isso.
“Mãe!” pensou com revolta e tristeza.
─ Confio muito em você, Mônica. Realmente vim buscar algo aqui na cidade e estou encontrando algo que eu não esperava. Ou melhor, algo em que não acreditava ser possível...
─ Que bom que você usou o verbo no passado. Quer dizer que acredita agora, Serena? ─ perguntou Dário, que havia se aproximado sem que ela percebesse.
─ Estou tentando acreditar, Dário. Eu quero poder acreditar!