quinta-feira, 25 de outubro de 2007

CAPÍTULO VI (CONTINUAÇÃO)

Uma hora mais tarde, Serena já estava colocando as coisas no carro e seguia para casa da Mônica. O céu estava azul límpido com o sol brilhando forte e, por isso, já fazia calor cedo.
─ Que bom que aceitou meu convite, Serena. Tenho uma piscina que raramente uso, pois já sou velha. ─ disse Mônica, sorrindo.
─ Velha nada! E com uma piscina dessas, você devia dar um mergulho todo dia pela manhã.
A casa de Mônica possuía dois andares e era muito bem decorada, sem exageros. A piscina também não ficava atrás, apesar de não ser muito grande, e ao seu redor tinham umas cadeiras de sol. Havia um lugar reservado para a churrasqueira com mesinhas e cadeiras. Tudo de muito bom gosto.
─ Sua casa é realmente linda, Mônica! Parabéns!
─ Obrigada, querida. Mas venha comigo. Vou te levar a um quarto para que você possa arrumar Lucas e se instalar. Mas, por favor, fique a vontade!
Quando ficou sozinha no quarto, Serena abriu a bolsa que trouxe e tirou uma saída de praia e uma toalha de banho. Como tanto ela quanto Lucas já estavam com roupa de banho por baixo, só foi preciso tirar as roupas. Serena também havia trazido papinha e mamadeira fresca para Lucas. Ela vestiu a saída por cima do biquíni branco e rosa que usava e desceu com Lucas no colo. Não havia sinal de Mônica e, então, resolveu colocar na geladeira a mamadeira de Lucas.

─ Acho que ainda estou sonhando! Ou será que não agüentou de saudades? ─ disse uma voz grave vindo da porta da cozinha, enquanto Serena arrumava um lugar na geladeira.
Quando escutou a voz, achou que quem estava sonhando era ela. Não era possível! Ficou tão nervosa que a mamadeira que segurava acabou caindo no chão, mas, por sorte, não quebrou.
─ Dário... o que... você está fazendo... aqui? ─ perguntou, gaguejando.
─ Acho que eu quem deve perguntar o que você faz em minha casa? ─ perguntou com um sorriso no rosto.
Ele estava lindo. Tinha acabado de acordar e estava vestindo apenas uma bermuda. Seu peito estava descoberto e Serena reparou como era musculoso. Sua barba estava por fazer e o cabelo estava levemente despenteado.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

CAPÍTULO VI (CONTINUAÇÃO)

Serena escutava um barulho insistente ao longe, mas não conseguia identificar do que se tratava em meio ao sono pesado. Com dificuldade, abriu os olhos, mas a luz do sol a fez fechar imediatamente. Quase ao mesmo tempo, Lucas começou a chorar no quarto e ela não teve outra opção a não ser acordar. Quando se sentou na cama, percebeu que o barulho que a incomodava era o telefone tocando.
─ Alô? ─ disse com voz de sono ainda.
─ Bom dia, minha querida. Aqui é Mônica. Desculpe se te acordei.
Serena olhou para o relógio na cabeceira da cama e viu que eram ainda 8:00. E de Domingo!
─ Tudo bem, Mônica. Lucas também acabou de acordar.
─ Bom, o motivo de eu estar te ligando é para te convidar para tomar um banho de piscina aqui em casa com Lucas. O sol está brilhando hoje muito forte e nada melhor do que um mergulho, não é mesmo?
─ Acho que vou aceitar seu convite. Estou precisando mesmo relaxar um pouco.
─ Fico te esperando então, minha querida. Até mais!

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

CAPÍTULO VI (CONTINUAÇÃO)

OBS.: Estou colocando um título provisório para a história. Estava incomodada com isso... aceito sugestões! Abraços!

QUANDO O AMOR ACONTECE


(...)

O céu estava escuro, com poucas estrelas e nuvens. O ar estava seco e não corria praticamente nenhum vento. A casa estava silenciosa e Lucas dormia serenamente no seu berço. Serena estava sentada na cozinha com uma xícara de café a sua frente e a carta de sua mãe na mão.
Tinha demorado a criar coragem para ler a carta. Na verdade, só conseguia lembrar de Dário e de como havia gostado do seu beijo. Estava muito confusa e não queria ter que resolver mais nenhum problema em sua vida. Mas a carta da mãe parecia ser uma resposta indireta para seus questionamentos. Deveria confiar nessa paixão e nesse homem?


Dário se aproximou do galpão abandonado silenciosamente. Tinha certeza de que alguma coisa iria acontecer naquela hora da madrugada. Ele circundou o local sorrateiramente e se escondeu debaixo de uma janela. Só precisou esperar alguns minutos para escutar o barulho do motor de um carro se aproximando. Como estava em um lugar meio escondido, só conseguiu ver um homem vestido de cinza sair e pegar o celular. Alguns instantes depois, um outro carro se aproximou e dois outros homens desceram. Os três trocaram algumas poucas palavras e entraram no galpão, mas antes tiveram o cuidado de olhar ao redor para ver se havia movimentação.

(...)

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

CAPÍTULO VI

OBS.: Peço desculpas pelo meu desaparecimento mas devido a uma nova condição em que me encontro, provavelmente as próximas semanas serão difícies também. Mas espero retornar a uma certa regularidade as postagens. Continuem opinando... mesmo que por emails! ABraços e obrigada pela compreensão!
***

“Minha querida Serena,

Caso você esteja lendo essa carta é porque não estou mais presente em sua vida. E na de Lucas também. Sei que você deve estar com raiva de mim, mas peço que me entenda. Nunca ninguém me entendeu como você, Serena.

Deixei essa carta com Marcos por confiar muito nele. Tenho certeza de que ele só vai te entregar se você o procurar. Não quero que se preocupe à toa. Mas sei muito bem a filha que tenho. Você tem o mesmo espírito que eu, meu anjo.

Quando Juca nos deixou, achei que fosse morrer. Eu amava muito ele, mas percebo agora que de um modo doentio. Mas não podia ser fraca com um filho pequeno para criar ainda, pois você já era crescida. Então procurei por Marcos, um antigo amigo meu. Eu trabalhei para ele anos atrás. E acho que posso te confidenciar que ele gostava muito de mim. E com o passar do tempo, aprendi a gostar dele também. Não o amava, Serena, mas tão pouco amava verdadeiramente seu pai. Eu finalmente descobri isso.

Eu não quero que você fique com amargura nem ódio no coração por causa do pai de vocês. Você não merece isso, minha filha. Você só merece felicidade após tanto sofrimento. Não deixe seu coração fechado para o amor. Amar é maravilhoso! Mas me prometa que nunca você vai deixar de ser o que é por causa de alguém. Lembre-se que amar é ser livre e querer o mesmo ao outro. Agora sei disso tudo.

Você recebeu também de Marcos uma chave. Dentro do envelope há um pequeno papel com um endereço de uma caixa postal para você pegar uma caixa. Lá você encontrará as respostas que precisa. Mas muito cuidado minha querida filha. Mamãe ama muito vocês dois.

Com amor, Marina”.

domingo, 7 de outubro de 2007

CAPÍTULO V (FINAL)

(...)

Ela levantou o rosto banhado de lágrimas e sentiu uma imensa alegria ao ver quem era.

─ Dario... ─ murmurou, saindo do carro. Sem pensar no que fazia, atirou-se em seus braços.
─ O que aconteceu, Serena? ─ perguntou preocupado, abraçando-a também. ─ Alguém a atacou?
─ Não. É tão complicado...

Algum tempo depois, Serena deu conta de que se encontrava nos braços dele. Muito constrangida e com a desculpa de pegar um lenço na bolsa, desvencilhou-se do abraço.
─ Desculpe a cena dramática. Acho melhor eu voltar para casa agora.
Dario ficou alguns instantes em silêncio, apenas olhando-a com seus olhos castanhos enigmáticos.
─ Não posso deixar você dirigir assim, Serena. Vamos comer algo na lanchonete. Sem discussões, por favor. ─ pediu quando viu que ela ia retrucar.
E assim Dario a levou para a lanchonete e pediu café e torradas para ambos.
─ Não vou atrapalhar seu serviço? ─ perguntou ela apontando para seu uniforme.
─ Não estou de serviço agora.
─ E o que está fazendo tão distante do centro da cidade?
─ Eu vim resolver um problema particular.
Foram interrompidos pela garçonete, que veio trazer o pedido.
─ Muito tempo que não te vejo por aqui, policial! ─ exclamou a garçonete abrindo um sorriso ─ Sentimos sua falta.
Serena percebeu que ela estava flertando com Dario e não gostou nem um pouco disso. Mas sabia que um homem bonito como ele e solteiro devia conquistar os corações das mulheres.
─ Suponho que você não queira me falar sobre o que aconteceu.
─ Supôs certo, policial Dario.
─ Será que você podia me explicar porque sempre é tão evasiva comigo? E por que será que não gosto quando me chama de “policial Dario”? Parece que você me recrimina apenas por eu ser um policial.

Serena levou a xícara de café aos lábios para ganhar tempo. Sabia que estava errada em julgá-lo tão cedo, mas não podia confiar em ninguém no momento. Mesmo sendo esse alguém uma pessoa que fazia seu coração bater descompassado.
─ Eu não sei nada a seu respeito, Serena. O que eu sei é que você se mudou para Vista Formosa com seu filho por algum motivo que não entendo. Tenho certeza de que não foi por achar nossa cidade uma maravilha. Estou certo?
─ Você está certo, Dario. Mas não me peça maiores explicações, está bem?
─ Está bem. Eu respeito sua decisão. Mas gostaria que confiasse um pouco mais em mim.
─ Entenda que é algo muito pessoal. Não quero falar sobre isso, por favor.
Ele assentiu com a cabeça e também tomou seu café.
─ Não vou pedir que você entenda nada, pois sei que é impossível. Mas gosto de você como a um... amigo. E vou tentar confiar em você e, quando o momento certo chegar, vou contar tudo. ─ disse, colocando sua mão sobre a dele em cima da mesa, numa atitude confiante.

Os dois ficaram alguns instantes fitando um ao outro, presos num mundo à parte. Serena sabia que estava caindo numa armadilha... e que doce armadilha.
─ Dario, você quer mais alguma coisa? ─ a voz da garçonete apaixonada soou um pouco distante.
Serena voltou à realidade abruptamente e se irritou com a garçonete, que parecia estar ignorando-a propositadamente.
─ NÓS não vamos querer mais nada, obrigada! Pode trazer a conta, por favor? ─ respondeu ela antes de Dario e enfatizando sua presença.
─ Dario, preciso realmente voltar para casa. Já está anoitecendo e preciso dispensar Martha. Muito obrigada pelo café e não precisa me acompanhar ao carro. A garçonete está voltando e não quero atrapalhar o namoro de vocês. ─ continuou.

Mas antes que Serena se movimentasse, ele se levantou e segurou seu braço. Tirou algumas notas do bolso e deixou sobre a mesa.
─ Vamos. ─ mandou com voz seca.
Caminharam em silêncio até o carro dela. Serena estava irritada e, ao mesmo tempo, nervosa.
─ Já disse que não quero atrapalhar seus planos, Dario. Sua namoradinha não vai gostar nem um pouco de...
─ É impressão minha ou você está com ciúmes de Fiona? ─ cortou ele.
─ Eu com ciúmes daquela garçonete? Você só pode estar brincando comigo!
─ Que pena... adoraria vê-la com ciúmes de mim... ao menos teria certeza de que gosta um pouco de mim...
─ E preciso sentir ciúmes para provar que gosto de você? ─ perguntou no calor do momento, sem perceber que se comprometera.
─ Não. Realmente não precisa sentir ciúmes, mas... talvez um outro jeito me ajudaria... ─ insinuou ele com um leve sorriso no canto dos lábios.
─ Que outro jeito?
Dario nem esperou ela concluir a frase. Sabia que ela não estava raciocinando direito sobre o que estava falando e decidiu se aproveitar desse momento irracional dela.

Abraçou Serena, trazendo seu corpo para perto do dele, e a beijou nos lábios. A princípio era apenas um beijo simples. Mas à medida que sentia os lábios daquela menina misteriosa estremecerem sob os seus, perdeu completamente o controle.
Serena foi pega de surpresa. Mas secretamente ansiava por um beijo dele. No início nem conseguir reagir, só sentia os lábios duros daquele homem sob os seus. Depois, foi como se algo começasse a derreter dentro de si e correspondeu abertamente ao beijo. Foi uma sensação incrível e indescritível. Não soube dizer quanto tempo ficaram ali, abraçados... como se um tentasse completar o outro.
─ Eu sabia, Serena. Não ouse negar mais. ─ Dario sussurrou ao seu ouvido, quando afastou os lábios do dela. Estava com a voz rouca de paixão. E virou-lhe as costas, deixando-a com seus próprios pensamentos.

Todos os dias Deus nos dá um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes. O instante mágico é o momento em que um "sim" ou um "não" pode mudar toda a nossa existência.

***

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

CAPÍTULO V (CONTINUAÇÃO)

(...)

Serena sentia lágrimas descerem pelo seu rosto enquanto dirigia de volta para casa em Vista Formosa. A história relatada por Marcos continuava ecoando em sua cabeça.

“... Não sei todos os detalhes, mas sei que sua mãe deixou tudo explicado numa carta. Ela pediu que eu te entregasse essa chave e esse papel. Isso é tudo o que posso te dizer, menina Serena. Eu não quis saber mais. A morte de sua mãe nos afetou de modo avassalador. Por causa de sua investigação, o jornal acabou fechando. Sua mãe mexeu com gente graúda e as conseqüências foram as piores. Por isso, você achou tudo muito quieto e vazio. Serena, não acho necessário você sofrer mais... seja feliz! Tenho certeza de que sua mãe também quer isso.”

Essas foram suas últimas palavras, mas não saíam de sua mente. Ela olhou para o envelope branco jogado no banco do carro e estremeceu. Não tivera coragem de abrir ainda.

Ela secou as lágrimas com as costas da mão e olhou para o céu. Notou que já estava escurecendo. A estrada estava vazia e o silêncio era perturbador. Serena se sentiu muito sozinha e triste nesse momento. Já tinha entrado em Vista Formosa e resolveu parar o carro perto de uma lanchonete.

Encostou o rosto no volante e voltou a chorar. Sentia um vazio imenso dentro de seu coração. Queria entender por que a mãe se expôs tanto quando tinha uma família para cuidar. Queria entender o motivo de sua própria tristeza. Não tinha respostas naquele momento. Apenas lágrimas. Não soube dizer quanto tempo se passou até escutar baterem no vidro do carro.

─ Serena? Está tudo bem? Abre o vidro, por favor. ─ era Dario quem estava do lado de fora, segurando uma lanterna.

Ela levantou o rosto banhado de lágrimas e sentiu uma imensa alegria ao ver quem era.

(...)

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

CAPÍTULO V

Serena olhou com certa tristeza para o prédio que lhe era tão familiar. Muitas vezes sua mãe a levara junto quando ia trabalhar para ir se acostumando a rotina de um jornal. Lembrava de como a atmosfera alegre do departamento a contagiava sempre. Agora alegria era o último sentimento que havia em seu coração.

Abriu a pesada porta da recepção e olhou em volta, procurando alguém, mas estava tudo no mais absoluto silêncio. Caminhou para a escada e foi para o terceiro andar, onde ficava a sala de Marcos Wong. Os corredores estavam estranhamente quietos e completamente diferentes da época que freqüentava.

─ Sr. Wong? ─ chamou Serena, batendo levemente na porta.
─ Pode entrar, menina. ─ respondeu uma voz cansada de dentro da sala.
Serena entrou e se sentou numa cadeira em frente à mesa do editor. Deu uma rápida olhada na sala e constatou que estava vazia também.
─ Sei o que você deve estar pensando. Está tudo muito vazio, não é mesmo?
─ Reconheço que estranhei muito tudo aqui dentro. Mesmo num sábado a tarde, sempre havia gente trabalhando. Lembro muito bem de minha mãe ficando até mais tarde pesquisando e escrevendo matérias, sobre as quais nunca comentava.

A menção do nome da mãe fez o semblante de Marcos mudar instantaneamente.
─ Acho que o sr. tem algo muito sério para me falar. Apesar de estar bastante apreensiva, preciso saber a verdade!
─ Eu sei, menina Serena.

“Logo depois que Marina voltou a trabalhar aqui no jornal, recebemos uma denúncia anônima de corrupção envolvendo pessoas de posições altas e policias em Vista Formosa. Ninguém quis pegar esse caso, por motivos óbvios. Nem eu, menina. Mas Marina não pensou duas vezes. Como um amigo antigo de sua mãe, eu sabia que o que ela queria na verdade era fazer algo surpreendente. O seu pai, menina, quase acabou com a auto-estima de sua mãe. Ela sabia que precisava se sentir útil e nada melhor do que desvendar um mistério desse tipo. Só que ela não pensou nos riscos. E para falar a verdade, nem eu. Ela conseguiu manter contato com o nosso anônimo e, conforme investigava a denúncia, foi descobrindo coisas terríveis. O que havia por trás das corrupções era um esquema de tráfico de órgãos. Sua mãe não contou para ninguém o que descobrira, pois precisava de provas antes de divulgar. Ela só me contou um dia antes de fazer aquela viagem que acabou tirando sua vida. Acho que ela só me contou porque sabia que podia não voltar. E me fez prometer que eu não te contaria nada a não ser que você me procurasse. E acho que ela conhecia muito bem a filha que tinha...”

(...)