sexta-feira, 26 de novembro de 2010

CAPÍTULO XVII (FINAL)

Vendo que não tinha alternativa, narrou os acontecimentos. Ficou de cabeça baixa esperando a explosão dele. Mas ele ficou em silêncio. Pegou a bolsa dela, trancou o carro e a levou para o próprio.
─ Aonde vamos?─ arriscou perguntar.
─ Para a delegacia. Você vai prestar queixa e fazer um exame de corpo de delito. Isso vai ser o suficiente para ser emitido um mandado de prisão para este canalha.
─ Dario, isso é mesmo necessário? ─ perguntou, já sabendo a resposta. Não queria enfrentar um interrogatório, muito menos um exame.
─ Sim.
Fizeram o resto do caminho em silêncio.
─ Serena, eu preciso saber... aconteceu algo mais hoje?
─ Como assim, Dario? Eu contei já.
Ele apontou para sua saia rasgada.
─ Ah...bem... isso é um pouco constrangedor...─ disse colocando as mãos nos olhos.
─ Porque? Não quer falar comigo sobre isso?─ sua voz estava doída.
─ Não é isso. Não quero que você fique se martirizando imaginando coisas. Não aconteceu nada a mais. Tudo o que ele fez comigo hoje... bem, foi para procurar o celular. Mas não achou... está aqui comigo e espero que a gente consiga aproveitar alguma foto.
Mas ele não ficou mais aliviado. Esse homem se aproveitou da situação, expôs Serena e a machucou. E isso dilacerava seu coração.
─ Vamos conseguir sim, Serena.─ disse num tom mais ameno, apertando sua mão.

Três horas depois e Serena só queria tirar aquelas roupas, tomar um banho e dormir. Fizeram todo o tipo de exame, tomaram seu depoimento e ainda fez um retrato falado do suspeito. Seu celular fora levado para análise.
Estava sentada numa cadeira com um copo de café nas mãos e tinha os olhos fixados em algum ponto a sua frente, contudo não via nada. Só sentia uma espécie de desespero a beira de se manifestar. Sabia que perderia o controle logo.
─ Está tudo bem, Serena?─ perguntou uma voz feminina a seu lado. Mariana tinha passado na delegacia e acabou encontrando Dario, que lhe contou tudo.
Ela levantou o olhar, mas continuava vazio.
─ Não... estou tão cansada, Mariana.
A voz dela estava tão fraca que Mariana ficou preocupada.
─ Você não está bem! Quer que eu traga alguma coisa para você comer?
─ Só quero paz...─ disse, fechando os olhos─ Você pode me levar para casa?
Nesse momento, Dario entrou na sala.
─ Já acabamos, Serena. Vamos para casa.
Mas antes que ele levasse Serena, Mariana o chamou num canto.
─ Dario, nem sei como te dizer isso... Serena precisa de ajuda. Conheço pouco ela, mas pelo que conversamos da última vez, ela sente-se um fardo em sua vida.
─ Por que diz isso?
─ Porque ela me perguntou se eu achava que ela era um problema para você. Ainda bem fomos interrompidos pela sua mãe... porque eu teria que ser honesta e responder que sim.
─ Mariana, por favor, não piore as coisas. Vai enfiar mais problemas na cabeça dela... já não basta os que já existem e que eu luto constantemente para tirá-los.
─ Dario, mas ela está certa em perguntar... você não tem dormido direito, tem trabalhado o dobro do normal... fora que você fica imaginando se Serena está bem ou não o tempo todo...
Mas Mariana foi interrompida por um gemido sofrido ao lado deles. Sem que percebessem, Serena havia levantado e se movido para perto.
─ Ela está certa, Dario. Não posso mais viver assim... por favor...─ pediu quando ele tentou segurar seu braço─ está tudo acabado. Será melhor assim.
E saiu correndo da sala, mas ao chegar na entrada, lembrou-se de que seu carro ficara na estrada.
“Céus! Por que tudo é tão difícil?” pensou desesperada, olhando para os lados. O cansaço que sentia acertou-a em cheio, somado a infelicidade e impotência. Precisava fechar os olhos e dormir... e foi o que fez, mas antes sentiu que braços fortes a sustentaram antes de cair no chão, transmitindo uma sensação de segurança. Somente nos braços dele sentia-se assim, segura.

O céu estava estrelado e sem lua. Foi à primeira coisa que re
parou quando abriu os olhos, mais tarde naquela noite. Olhou a sua volta e viu que estava no quarto de Dario. Deu um longo suspiro de alívio, era o único lugar no qual gostaria mesmo de estar. Percebeu que estava usando apenas uma camisa dele no lugar da roupa rasgada de antes e ficou agradecida.
─ Você está melhor?─ perguntou Dario. Ele estava sentado numa cadeira ao lado da cama e acendeu a luz do abajur.
─ Estou... você está acordado até agora?─ perguntou, lembrando de tudo o que acontecera antes.
Sentou-se na cama e afastou a coberta dos pés.
─ Dei um cochilo. Vou buscar algo para você comer. Já volto.─ assim que ele disse isso, percebeu que realmente estava com fome.
Ela levantou-se da cama e foi até o quarto de Mônica. Entrou sem fazer barulho e viu Lucas dormindo serenamente ao lado de Mônica. Ele tinha o semblante de um anjo. Ficou algum tempo olhando para o rosto do irmão adormecido até sentir a mão de Dario no seu ombro.
─ Ele está bem, Serena. Não se preocupe com ele.─ disse com voz baixa.─ Venha... vamos conversar!
Voltaram ao quarto dele e Serena comeu um sanduíche.
─ Estava mesmo com fome... obrigada por lembrar.─ agradeceu, limpando a boca com o guardanapo.
─ Você não ia me contar o que houve hoje, não é mesmo Serena?─ perguntou, de repente.
Ela percebeu o quanto magoado ele estava. E triste também. Não suportava mais será causa de tantos problemas.
─ Por quê? Eu tento te entender, mas sinto que tem uma parte sua que não consigo alcançar... você não me deixa entrar... Por quê?
─ Dario, não podemos mais... ficar juntos.─ disse simplesmente, com voz baixa e sem olhar nos seus olhos.
─ Você não quer mais ficar comigo?
Reunindo toda a força que conseguiu, levantou da cama e ficou de costas para ele.
─ Não!
Um silêncio constrangedor se fez entre eles.
─ Então, você não se importaria de dizer isso olhando nos meus olhos. ─ disse ele, já a seu lado e obrigando-a a virar-se para ele.
Ele levantou o queixo dela com os dedos com muito carinho. Foi a rendição dela. Não conseguia mentir para ele e, antes que pudesse pensar, as palavras saiam de sua boca como uma enxurrada.
─ Eu sou um peso na sua vida. Não suporto mais ser um problema... minha mãe agüentou tanto para me proteger daquele... daquele se nomeia meu pai... sacrificou-se tanto... para que? Para ser infeliz e depois morrer numa busca insana por algo que não entendo bem ainda... E agora eu vejo você cansado e preocupado o tempo todo comigo... você está dormindo pouco e se algo acontece comigo, sente-se culpado... não posso mais permitir isso, Dario! Não posso impor a minha presença assim a alguém... sou um peso! Um peso com uma criança pequena, que terei que criar como filho... não quero te impor isso... não suporto!─ ao final tinha lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
─ Você não sabe o quanto eu fico feliz por ouvir isso... finalmente você deixou eu entrar no seu coração. ─ foi apenas o que ele disse.
Ela o olhou sem entender, tentando limpar as lágrimas.
─ Você me ama, Serena? Você está disposta a lutar por nós?─ perguntou, carinhoso.
─ Eu estava... mas não quero te pedir isso.
─ E você não precisa me pedir porque eu já estou lutando por você. Cada segundo que passa, estou lutando para fazer você entender o quanto amo você, Serena. Quero fazer você esquecer tudo de ruim que o crápula do seu pai fez você e seu irmão passar.─ ele abraçou e beijou sua testa─ Quero fazer você entender que tudo o que faço é pensando em sua proteção... E sabe por que?
Ela fez que não com a cabeça, sentindo os olhos cheios de lágrimas novamente. Nunca sentiu seu coração bater tão apressado e violento assim.
─ Porque não consigo mais viver sem você. Só existe você na minha vida.... quero viver com você... quero ser o pai que o Lucas não teve... quero ajudar você nessa responsabilidade que te foi imposta. Serena, quero começar uma família com você. Com Lucas e nossos filhos. Você consegue entender o que estou tentando te dizer?
A voz dele era ansiosa. Serena estava muito emocionada e soluçava no ombro dele.
─ Eu te amo tanto, Dario. Não consigo imaginar minha vida mais sem você.─ rendeu-se, afinal.─ Sou sua, sempre fui sua.
─ E sempre será, Serena!
Ele secou as lágrimas de seu rosto com beijos até encontrar os lábios dela. Serena correspondeu ao beijo com paixão.
─ Dario, faça amor comigo.
Naquela noite, eles fizeram amor de forma lenta e apaixonada. Dois amantes que se desejavam com paixão violenta, mas também com muito amor. Só foram dormir quando o dia estava amanhecendo. Dormiram abraçados e mais apaixonados do que nunca.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

CAPÍTULO XVII

─ Então? Qual a sua explicação? O que faz invadindo minha casa? Expondo a Serena desse jeito?─ perguntou, fazendo muito esforço para não gritar. A última coisa que queria agora era acordar a mãe e assustar ainda mais Serena.
─ Calma, Dario! Você está muito nervoso... apesar de eu já imaginar, agora tive a certeza de que vocês estão juntos. Tenho que admitir, você não é bobo. Ela é bem... digamos... gostosa...─ foi interrompido por um soco que levou no rosto. Dario não agüentou mais e partiu para cima do “colega” de trabalho.
─ Opa, não quis te ofender, Dario. Você está com a cabeça quente... por isso não vou te dar o troco. Eu vim aqui porque Ricardo foi visto na cidade vizinha. Achei que gostaria de saber. Adeus!
Jean virou as costas e saiu pela porta lateral da casa. Mas Dario estava longe de estar calmo. Sentou numa cadeira próxima da piscina, mas conforme foi pensando no que ouvira, calmo era a última coisa que iria sentir.
Como Jean soubera dessa informação tão rápido, se o seu amigo havia dito de forma confidencial há poucas horas apenas? E como conseguira entrar na sua casa sem ser anunciado?
Mas iria tirar essa história a limpo. E isso significava que precisava dar mais segurança a Serena e Lucas. Pessoas próximas a ele estavam envolvidas.

Serena abriu os olhos e viu que o sol já estava alto no céu. O relógio marcava sete horas da manhã apenas e estava sozinha na cama. Ela lembrou que havia se deitado para esperar por Dario, mas o cansaço venceu a luta contra o sono.
Relembrando os últimos acontecimentos, sentou-se na cama e decidiu o que iria fazer. Dario havia deixado um bilhete para ela dizendo que ia cedo para delegacia para resolver um problema. Já conhecendo ele, sabia que ele estava nervoso com o que tinha acontecido na noite anterior. E isso tinha que parar.
Mônica se ofereceu para levar Lucas à escola e Serena seguiu para o trabalho. Sentou-se em frente ao computador e pegou o papel com o email do amigo de Dario. Abriu seu email e leu a mensagem que a festa da empresa estava marcada para o final de semana. Mas não ficou entusiasmada com a notícia.
“Olá Júlio, aqui é Serena. Precisava falar com você sobre Ricardo. Dario não pode saber de nada por enquanto. Ligue-me assim que puder.” Digitou essa mensagem e deixou o número do seu celular. Feito isso, resolveu ocupar sua cabeça com o trabalho. Anotou uns endereços para umas entrevistas e saiu do Jornal.
Passou a manhã e parte da tarde na rua, coletando informações acerca de uma denúncia de usuários de drogas no parque principal da cidade. Estava guardando sua bolsa no carro quando Júlio ligou.
“Oi, Serena! Tudo bem? Confesso que fiquei surpreso com seu email.”─ disse ele.
“Você não falou nada para Dario, não é?”
“Não... ainda não.”
“Podemos nos encontrar em algum lugar para conversar? Eu li o email que você mandou para Dario... sobre ter visto Ricardo e como poderia me usar para prendê-lo...”
“Eu não quis dizer...”
“Não se preocupe, eu entendi bem o que você quis dizer... e se posso ser útil, vou ser. Dario não pode saber disso de jeito nenhum... ele nunca compreenderia... você entende?”─ sua voz falhou um pouco.
“Sim. Vou pensar. Mas seria bom nos encontrarmos mesmo.”
“Amanhã irei até aí depois do trabalho.”
“Não. Eu a procuro no trabalho, já tenho seus dados. Não se preocupe. Espere-me amanhã.”


Dando um suspiro prolongado, voltou a abrir a porta do carro para entrar, mas notou a presença de um homem a pouca distância dela. Não conseguia vislumbrar a face do homem e sentiu um arrepio na espinha. Fechou a porta do carro novamente e fingiu que estava distraída num outro telefonema. Deu alguns passos distraidamente para ficar numa posição de mais fácil visualização e apertou a tecla da câmera de seu celular. Do melhor jeito que pôde, tirou algumas fotos sem levantar suspeitas e sem saber se estava tirando alguma foto boa. Mas alguma coisa chamou a atenção dele e, quando este deu alguns passos, Serena ficou desesperada. Fez a primeira coisa que passou pela sua cabeça e jogou o telefone debaixo do carro de forma mais escondida possível. Feito isso, correu dali.
Era final da tarde e já estava escurecendo. O parque ficava amedrontador no escuro e a mente de Serena já voltava para a noite que fugia com Dario sob chuva na escuridão. O homem, porém, foi mais rápido e logo a alcançou. Na corrida ele a agarrou e puxou sua saia que rasgou na altura da coxa. Foi quando foi derrubada no chão e se viu presa pelos braços daquele homem que pareciam aços.
─ Melhor ficar quietinha, Serena. Quer acabar como sua mãe? ─ a mesma voz que a atormera tanto.
─ Largue-me! Você pensa que vai escapar?─ Serena estava gritando. Não estava com medo naquele momento, apenas uma raiva imensa.
─ Vou escapar sim. Quanto a você... não tenho tanta certeza! ─ respondeu o homem, apalpando o corpo dela.
─ O que você pensa que está fazendo? Solte-me!
─ Onde está?Eu vi que tirou fotos!
─ Não sei do que está falando!
Mas o homem não a escutava, procurava o celular dela de forma bruta e rasgou a blusa dela na busca.
─ Ricardo que mandou você me vigiar?
─ Pena que não posso brincar com você como gostaria... acho que essa parte é com ele mesmo.
─ Como faço para encontrá-lo?
─ Você pensa que sou burro, garota? Aquele seu namoradinho ta em cima da gente... quem sabe ele não é o próximo? Ele sempre atrapalhou tudo, mas agora... por sua causa, o cerco se fechou.
─ Ele não é meu namoradinho... por favor, deixe-o fora disso.
Mas foram interrompidos por barulhos de passos. Com medo de ser algum policial, o homem a largou e deu um último recado:
─ Eu volto! Fique certa disso.
Ela ficou ainda por alguns minutos, sentada no chão e abraçando o corpo. Sua cabeça estava vazia. Não conseguia pensar em nada. Apenas quando o sol se pôs que acordou para a realidade.
“Ai, meu Deus... Lucas!” pensou desesperada. Correu de volta para o carro, olhando para os lados a todo momento. Achou o celular e se trancou dentro do carro. Tinha ligações perdidas de Dario.
“Ele deve estar desesperado!” pensou, nervosa, antes de ligar o carro e discar o número da Mônica. Por sorte, ela já tinha ido buscar Lucas.
“Serena, minha filha! A escola me ligou, Lucas está aqui comigo. Aonde você está? Dario está igual louco te procurando.”
“Estou bem, Mônica. Precisei resolver um problema e perdi a hora. Obrigada por ter buscado Lucas para mim... passo aí daqui a pouco. E vou ligar para Dario.”
Mas nem foi preciso, uma sirene a fez olhar pelo retrovisor e viu um carro de polícia logo atrás. No mesmo instante, seu celular tocou.
“Oi Dario, desculpe-me... eu tive um contratempo... foi só isso...” Ela nem percebeu o quanto sua voz estava trêmula.
“Serena, encoste o carro.” Foi a única frase que ele disse.
“Não quero te atrapalhar, Dario! Eu estou bem.” Exclamou nervosa, estava beirando a histeria. Mas se deu conta do estado que estava e simplesmente não podia deixar que ele a visse assim.
“Encoste agora, Serena!”
“Tá bom.” Foi diminuindo lentamente a velocidade do carro para ganhar tempo. Passou a mão pelos cabelos desalinhados e tentou fechar a blusa o máximo que pôde. Só então percebeu que estava com marcas vermelhas nos braços e no colo.
Encostou o carro e esperou dentro dele. Não planejava sair dele. O carro dele parou atrás. Ele caminhou rápido e com a cara fechada até ela.
─ Serena, pode me explicar aonde você estava? Achei que tinha ficado claro que você não podia sair sem avisar.─ ele estava nervoso.
─ Desculpe, Dario. Eu fui fazer umas entrevistas no parque e perdi noção do tempo.─ ela falava de forma mais calma possível, mas sem olhá-lo nos olhos. Sabia que não ia conseguir.
─ Mas porque não atendeu o celular?─ perguntou, mas logo reparou como ela segurava firme a frente da sua blusa. Estava escuro e não conseguia vê-la dentro do carro direito.─ Serena, se tem uma coisa que eu aprendi é a conhecer quando fala a verdade para mim. E você está mentindo para mim agora.
Surpresa com a frase dita, de forma carinhosa, ela olhou-o nos olhos por alguns minutos, antes de desviar o olhar.
─ Sabia! Seus olhos não mentem para mim. Saia do carro, Serena... por favor, estou te pedindo.
Diante do pedido dele, sentiu os olhos marejados de lágrimas. O primeiro impulso foi ligar o carro e fugir, mas não conseguia forças para isso. Então, saiu do carro.
Dario fechou os punhos ao ver o estado em que Serena se encontrava. A sua saia estava rasgada na altura da sua coxa, sua meia calça preta estava em farrapos e a blusa devia estar rasgada.
Cuidadosamente, ele segurou sua mão, que ainda estava segurando a blusa contra o seio. A blusa se abriu, expondo o sutiã rosa que usava, assim como várias marcas vermelhas.
─ Serena, o que aconteceu? Por favor, não minta!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

CAPÍTULO XVII

Contra sua vontade, Serena acabou cochilando. Abriu os olhos com certa dificuldade e reparou que o quarto ainda estava na penumbra, indicando que ainda era noite. Dario dormia ao seu lado em sono profundo. Tinha que olhar o computador antes que ele acordasse. Quando entrou no quarto algumas horas antes, percebeu que Dario lia algo desagradável, o que foi confirmado quando desligou rapidamente a tela.

Levantou da cama de forma silenciosa e vestiu a primeira coisa que achou no escuro, que era a blusa de Dario. Ainda olhou para ele adormecido para certificar-se de que não iria acordar, pegou seus óculos na bolsa e ligou a tela do computador. Leu rapidamente a mensagem do amigo dele e entendeu porquê ele estava preocupado. Mas era exatamente o que ela tinha em mente. Anotou num papel o email do amigo dele. Iria mandar um email para ele do trabalho e fazer as coisas do jeito dela e, se necessário, escondido de Dario.

Como estava com sede, saiu do quarto silenciosamente e desceu para a cozinha. Pegou um copo de água e foi para a piscina. Pensava em dar um mergulho, mas não queria fazer barulho e estava sem roupa de banho. Sentou-se na beirada da piscina e ficou olhando a água, pensativa. Por isso, não escutou o barulho de passos.
─ Perdeu o sono?─ Dario estava a seu lado, vestindo apenas um short.
─ Estava com sede...
Ele sentou-se a seu lado, mas estava desconfiado de que ela tinha lido seu email. Sabia que ela não teria posto os óculos se não fosse ler algo.
─ Tem certeza?
Ela olhou para ele, surpresa com a pergunta.
─ Como assim?
─ Tem certeza de que só estava com sede?
“Dario não é bobo.”
─ Na verdade eu tava pensando em mergulhar... mas não trouxe roupa de banho.─ tentou desconversar.
─ O quarto da minha mãe é de frente... e ela tem sono pesado.
No minuto seguinte, ele estava nu na sua frente. Ela não cansava de admirar o corpo bem feito dele.
─ Dario, não acho uma boa idéia...─ não se sentia confortável em mergulhar sem roupa com ele. Ficaria muito exposta.
Sem dizer nada, ele a fez levantar e a beijou lentamente.
─ Não é justo... ─ reclamou ela.
─ O que não é justo, meu amor?─ perguntou ele, docemente.
─ Eu não consigo pensar direito com você me beijando assim...
─ Então não pense...
Quando se deu conta, também estava sem roupa e dentro da piscina com ele.
─ Você é louco...─ disse, com a voz doce e puxando ele pelo pescoço.
─ Só se for por você.─ respondeu, beijando-a e pressionando seu corpo contra a parede.
Mas um barulho nos arbustos assustou a ambos. Rapidamente, Dario saiu da piscina, vestiu o short e foi averiguar o que havia causado o barulho. Lamentou não estar com sua arma por perto. Não achou ninguém ali por perto.
─ Serena, fiquei aí dentro que já volto.Escutou? ─perguntou com voz séria.
Ela ficou quieta dentro da piscina e olhou a sua volta. Alguns galhos mexiam levemente no lado esquerdo da casa. Sentiu um arrepio subir pela espinha ao pensar em quem poderia ter estado ali, observando tudo. Resolveu sair da piscina e procurar Dario, pois estava com medo. Pegou a blusa que vestia e, quando ia vestir, escutou passos pertos.
Quando virou, avistou um homem caminhando em sua direção e com a arma em punho. Com o susto, largou a blusa e, só percebeu a situação quando Dario apareceu, logo em seguida.
Ele gritou para o homem sair dali e parecia muito irritado. Foi só então que se deu conta que estava nua e o tal homem a olhava com um sorriso irritante nos lábios. Abaixou-se e pegou a blusa para se cobrir.
─ O que você está fazendo aqui, Jean? O que pensa que está fazendo entrando na minha casa, invadindo minha privacidade?─ Dario gritava para o homem.
Quando ele viu Serena nua e em pé na frente de Jean, sentiu o sangue fervilhar nas veias. Ele segurava a arma e tinha assustado ela, o que o deixou com uma ira que era incapaz de mensurar.
─ Serena, vá para o quarto. Vou resolver isso aqui e já vou. ─ disse, numa voz mais calma para não assustá-la, envolvendo-a com uma toalha de banho, como se quisesse protegê-la do olhar daquele homem.
─ Está tudo bem.─ disse ainda. Ela o olhava sem entender o que estava acontecendo ali. ─ Já te encontro lá em cima.
Assim que ela desapareceu pela porta, ele se virou com fúria no olhar para o homem parado ali na sua área.