sábado, 29 de setembro de 2007

CAPÍTULO IV (FINAL)

No dia seguinte, enquanto digitava um texto no computador, Serena pensava no que ia ser revelado nessa conversa com Marcos Wong. Precisava estar preparada para tudo.
─ Você está fazendo muito sucesso. O sr. Fray está gostando muito disso. ─ disse Lisa, encostando o corpo em sua mesa.
─ Não entendi, Lisa. Você está insinuando alguma coisa? ─ perguntou sem, no entanto, levantar os olhos da tela.
─ Ora, Serena. Todos aqui do departamento já perceberam os olhares que ele te dirige. Não é possível que...
─ Lisa, por favor, vamos parar por aqui. Você está imaginando coisas. O Sr. Fray nunca me dirigiu uma palavra mais íntima. Isso aqui é um ambiente de trabalho. E, por falar nisso, você não tem trabalho para fazer?
Lisa ficou surpresa com o tom de voz dela. Sabia que se quisesse ganhar algo nessa história toda, precisaria bancar a amiga legal.
─ Desculpe, Serena. Acho que estou com um pouco de ciúmes só.
─ Tudo bem. Só espero não escutar mais essas insinuações pois me ofendem.
Lisa assentiu e voltou a sua mesa. Precisava se acalmar. E pensar seriamente em algumas coisas.

***
"Otimismo é esperar pelo melhor. Confiança é saber lidar com o pior."
Roberto Simonsen

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

CAPÍTULO IV (CONTINUAÇÃO)

(...)

– Bom dia, Sr. Wong! Como vai o senhor? – Serena perguntou a pessoa do outro lado da linha.
– Vou muito bem, Serena. O que aconteceu com vocês? Sumiram de repente.
– Sr. Wong, preciso muito conversar com o senhor pessoalmente. É urgente.
– Você pode me adiantar o assunto?
– É sobre minha mãe.
Marcos ficou uns poucos instantes mudo. Parecia procurar as palavras certas.
– Bom, Serena, eu acho que já sei o que você quer. Você não está na casa de parentes, certo?
– Não. Estou em Vista Formosa.
Mais um momento de silêncio.
– Eu devia ter imaginado desde o principio. Você tem alguma noção do perigo que está correndo aí, Serena?
– Não é hora para sermões. Realmente preciso me encontrar com o senhor o mais rápido possível.
– Tudo bem, Serena. Eu já esperava um telefonema seu mais cedo ou mais tarde. Acho melhor você vir até o meu jornal no final de semana. Não acho prudente eu aparecer aí.
– Como o senhor quiser.
E desligou o telefone.

domingo, 23 de setembro de 2007

CAPÍTULO IV (CONTINUAÇÃO)

(...)
Colocou Lucas no carrinho novamente e abriu a bolsa procurando o celular. Para variar, ela estava lotada, inclusive com o material de trabalho e acabou deixando a bolsa cair no chão.
─ Pelo visto, Serena, você sempre carrega uma pequena mala ao invés de uma simples bolsa. ─ disse alguém ao seu lado de pé.
Não ficou surpresa ao ver que era Dario. Ele estava uniformizado e com um leve sorriso na boca.
─ Deixe-me ajudá-la.
─ Obrigada, Dario.
─ É um prazer para mim. Fico feliz que se lembre de meu nome também.
─ E por que não lembraria? Esqueceu de que sou jornalista? Tenho memória fotográfica! ─ disse ela, simplesmente.
─ Não. Com certeza não me esqueci. ─ ele disse num tom levemente rouco.
Serena preferia não tentar entender algumas das sensações que estava sentindo, só por estar ao lado daquele homem.
─ Li sua matéria.
─ E...?
─ Você já deve ter recebido muitos elogios. Vai ficar convencida.
Ela quase respondeu que adoraria receber um elogio dele, mas conseguiu se conter.
─ E quem é esse garotão?
─ Lucas... ─ respondeu o menino, antes.
─ Ele é meu filho, Policial Dario. ─ disse, em tom de desafio e enfatizando a palavra policial.
Dario arqueou as sobrancelhas, um pouco surpreso.
─ Você me parece bem nova. Não sabia que era casada...
─ Não sou casada. Não posso ser mãe solteira? Por acaso é preconceituoso?
─ Não sou preconceituoso, Serena. E, se me permite dizer, fico feliz que seja solteira.
Antes que ela pudesse abrir a boca para responder, uma senhora se aproximou dele, pedindo ajuda para atravessar a rua.
─ Bom, o dever me chama. Espero poder continuar essa conversa uma outra hora. Até mais, Serena.
─ Até, Dario.
E ela sabia que gostaria muito de revê-lo.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

CAPÍTULO IV (CONTINUAÇÃO)

– Percebo que você ficou bastante perturbada. Vou pedir um copo de água.
Com o copo já vazio nas mãos, Serena olhou para Mônica e disse:
– Muito obrigada, mas já estou melhor.
– Tem certeza? Não quer conversar sobre isso?
– Não é preciso. Como eu disse, foi só um mal entendido. Vamos dar uma volta no shopping?
E encerrou o assunto.

Duas horas mais tarde, Mônica já havia ido embora e Serena sentou num banco da praça com Lucas no colo. A única conclusão a que conseguiu chegar foi que a mãe estava metida em algo muito sério. Tão sério a ponto de nem comentar nada com a filha.
– Mamãe deve ter deixado alguma dica para mim, Lucas. Ela não faria algo tão perigoso sem ninguém saber.
– Mamãe... tenho saudades, Sere..na – ele ainda tinha dificuldades em pronunciar o nome da irmã.
– Eu sei, meu querido. Também tenho. Mas sabe onde ela está agora?
– No céu?
– Isso mesmo. Lembra que eu falei que mamãe se transformou em um lindo anjo que mora no céu? Sabe como podemos conversar com ela?
– Não.
– Juntamos nossa mão, fechamos os olhos bem fortes e pedimos em oração. Ela sempre escuta.
Lucas deu um sorriso e fez o que ela ensinou. Ambos fecharam os olhos e oraram para a mãe.
– Marcos Wong!!! – exclamou Serena, de repente – O amigo e chefe de mamãe. Ele com certeza deve saber de algo.
– Obrigada mamãe... – murmurou, em tom de agradecimento. Sabia que a mãe a tinha ajudado de alguma forma.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

CAPÍTULO IV

Otimismo é esperar pelo melhor. Confiança é saber lidar com o pior
Roberto Simonsen
Serena empurrava o carrinho de Lucas com um sorriso no rosto. Sua matéria sobre o orfanato havia sido muito elogiada pelo seu chefe, Ricardo Fray. Havia passado praticamente à noite em claro escrevendo a matéria, aproveitando para chamar a atenção sobre a importância da adoção. Já haviam passado três dias da publicação da matéria e estava com algumas outras para escrever. Parecia que já estava conseguindo conquistar a confiança do chefe.

Aproveitava uma folga no final da tarde para passear um pouco com Lucas e se encontrar com Mônica. Assim que entrou no shopping, avistou Mônica sentada num dos bancos da praça principal.
– Como tem passado Mônica?
– Muito bem. Eu que nem preciso perguntar! Li sua matéria. Você deve estar muito orgulhosa.
– Acho que não preciso fingir que não estou. – disse Serena, com um sorriso.
– Claro que não, minha filha. Mas me diga o que tem achado da cidade, do emprego, enfim, de tudo.
Elas se sentaram numa cafeteria, pediram café com torradas e conversaram por algum tempo. Em dado momento, Serena colocou Lucas no colo para dar a papinha de legumes.

– Você deve sentir falta dele quando está trabalhando.
– Sinto sim. Ele é minha única família agora.
– E o pai do Lucas? Desculpa... não devia ter perguntado.– arrependeu-se Mônica vendo que Serena ficou perturbada com a pergunta.
– Eu não sei onde ele está...
– Não se preocupe querida. Não é nenhuma vergonha. O pai dos meus filhos, apesar de já ser falecido, também me abandonou quando os dois ainda eram jovens.
– Não sabia que você tinha filhos.
– Tenho dois filhos. Os dois já são crescidos. Mas só meu filho mais velho ainda mora comigo. Acho que ele tem pena da velha mãe aqui.
– Mônica... você me disse que morava há muito tempo aqui certo?
– Sim, minha filha. A vida inteira.
– Você lembra de algum incêndio que aconteceu há alguns meses? Acho que aconteceu num galpão.
– Incêndio? O último que aconteceu foi há anos.
Serena ficou uns instantes sem palavras.
– Tem certeza?
– Absoluta. Sei de praticamente tudo que ocorre nessa cidade. Ainda mais porque meu filho é policial. Mas por quê?
– É que... fui informada de um incêndio criminoso ocorrido há algum tempo... mas estou bastante confusa agora.
Confusão era pouco para descrever a angústia que Serena sentia. Sua mãe havia dito que tinha ido averiguar um incêndio para escrever uma importante matéria. Se não houve incêndio, o que sua mãe fora fazer ali então?

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

CAPÍTULO III (FINAL)

Pediu que o fotógrafo tirasse algumas fotos das crianças brincando e, quando escutou o burburinho, foram para o jardim. Serena viu o mesmo policial que encontrara na entrada subindo ao palanque para ficar de prontidão. Sem perceber, ficou observando ele por um tempo.
– Você vai fazer alguma pergunta? – perguntou o fotógrafo, desviando sua atenção.
– Sim.
– Então vamos ficar mais perto do palanque.
Quando olhou de novo para o policial, percebeu que olhava para ela, com um leve sorriso. Sem conseguir evitar, ficou ruborizada e fingiu que anotava algo no seu bloco para esconder o rosto.

Quando a cerimônia foi dada como aberta, uma aglomeração de pessoas formou-se perto do palanque. O prefeito fez um discurso pequeno e passou a palavra para a diretora do orfanato. Assim que ela terminou de falar, os repórteres puderam, finalmente, fazer as perguntas. Serena esperou para ver que tipo de perguntas eram feitas e ficou surpresa ao perceber que nenhuma delas era relacionada ao bem-estar das crianças.
– Sr. Prefeito! – falou alto, esperando o momento certo – Quando vocês resolveram fazer a reforma no orfanato, procuraram saber a opinião das crianças?

Tanto o prefeito quanto a diretora ficaram bastante surpresos com a pergunta. Quem acabou respondendo foi o engenheiro-chefe, que estava ao lado do prefeito. E como já esperava, disse que a reforma foi baseada nos melhores orfanatos do país, que, por sua vez, visavam apenas o conforto das crianças.
– Se o Sr. me permite – continuou Serena, antes que alguém tomasse a palavra – acho que deveriam escutar mais as opiniões das crianças já que estas são as principais interessadas. E tenho uma sugestão a fazer.
– Qual o seu nome, minha filha? – perguntou o prefeito, falando pela primeira vez.
– Serena, senhor. Jornal da Vista.
– Gostaria de ouvir sua sugestão.
– Bom, acho que poderíamos fazer uma campanha de adoção, mostrando os seus benefícios. O que as crianças mais necessitam é de uma família e de carinho. Conversei com algumas delas, senhor.
– Você tem futuro, Serena. Vou passar sua sugestão para meus assessores. – respondeu o prefeito com um sorriso.

O resto da tarde, Serena passou brincando com as crianças que havia conversado antes. Estava muito feliz por ter conseguido a atenção do prefeito. Tinha certeza de que sua matéria iria ser um sucesso.
– Então seu nome é Serena? – perguntou uma voz masculina ao seu lado.
Ela estava tão entretida com a brincadeira que se assustou. Quando viu quem era, ruborizou de novo.
– Ah... é você.
– Meu nome é Dario. Você chamou bastante atenção na entrevista.
– Só fiz o que achei certo. Não quis chamar nenhuma atenção.


Dario sorriu diante da resposta malcriada dela.
– Não achei ruim. Você foi brilhante. Há muito tempo não via ninguém fazer perguntas decentes.
– Sei... bom, se me dá licença agora, vou para casa para escrever a matéria. Já estou bastante atrasada.
– Você quer uma carona?
– Você não está de serviço? – perguntou, apontando para o seu uniforme de trabalho.
– Estou voltando para a delegacia já. Um pequeno desvio não irá fazer nenhum mal... além do mais, será nosso segredo.
– Muito obrigada, Dario. Estou de carro. Tchau.

Serena virou-lhe as costas e rumou ao pátio. Não queria admitir, mas sabia que queria fugir do olhar dele. Precisava ocupar sua mente com o trabalho. Sabia que o momento de começar as próprias investigações e de agir estava se aproximando.
***

Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.
(Clarisse Lispector)

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

CAPÍTULO III (CONTINUAÇÃO)

(...)

O salão principal estava lotado e havia muitos repórteres. Havia flores enfeitando o salão, mas a recepção iria ocorrer no amplo jardim do orfanato. Este estava muito enfeitado e havia um pequeno palanque montado com um microfone no meio. No centro do jardim, muito florido e arborizado, tinha uma mesa de buffet e alguns garçons circulavam com bebidas.

Serena encontrou o fotógrafo do jornal e pediu que tirasse fotos do jardim e da entrada do orfanato. Também pediu que não esquecesse de tirar fotos das crianças que corriam de um lado para outro. Tinha crianças de variadas idades e todas estavam vestidas com seus uniformes do local, mas de muito bom gosto.

– Olá crianças!– exclamou sorrindo se aproximando de um grupo delas – Meu nome é Serena. Como se chamam?
Todas as crianças disseram os nomes praticamente ao mesmo tempo.
– Vamos com calma. Sou repórter do Jornal da Vista. Vocês conhecem?
Apenas duas crianças responderam afirmativamente.
– É um jornal onde saem as principais notícias da cidade de vocês! Sabiam que hoje está acontecendo um evento especial?
– Não. – responderam.
– Pois é sim. Hoje é um dia em homenagem a vocês, sabiam disso? Por isso gostaria de entrevistar vocês. Posso?
– Simmm!– todas responderam alegres.
– Bom, então vamos começar a dizer o nome de vocês... mas um de cada vez! – pediu com um sorriso, pegando seu bloco de anotações e gravador.
Serena anotou pacientemente o nome de cada uma delas. Depois perguntou a opinião delas sobre a vida que levavam e sobre o orfanato. Todas gostavam muito do orfanato e acharam que a reforma melhorou bastante as condições do lugar.

– Agora tenho uma cama só minha! E brinquedos! – foi a resposta de uma menina que não passava dos cinco anos.
– Fizeram também um parque cheio de brinquedos para nós! –respondeu um menino.
– Vejo que vocês estão muito felizes! Agora me diga do que sentem falta?
Todas as crianças se calaram de repente.
– Acho que posso responder por todos aqui. – se prontificou um menino de treze anos – Sentimos falta de uma família. Tive mãe até meus nove anos e sei o que é ter uma família, mesmo que pequena.

Serena sentiu os olhos ficarem cheios de lágrimas. Imaginava o sofrimento dessas pequenas e inocentes crianças.
– Posso dizer uma coisa a vocês? Vocês acabaram de ganhar uma amiga leal. Sempre que eu puder venho brincar com vocês. Mas quero que vocês tenham algo em mente... não importa o que houver, sempre lembrem-se que vocês têm uns aos outros. Não há nada mais importante que a amizade sincera de um amigo. Muitas vezes é a única coisa em que podemos confiar!

terça-feira, 11 de setembro de 2007

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

CAPÍTULO III (CONTINUAÇÃO)

– Não posso. Tenho que terminar de escrever essa matéria ainda hoje.
– Está bem. Vou andando então. Tchau, Lisa.

Dizendo isso, Serena juntou suas coisas, não esquecendo de seu rádio gravador e seu bloco de anotações, e foi pegar seu carro. Quando chegou ao local, que já se encontrava cheio, pegou um espelho na bolsa e deu uma ajeitada na aparência. Sabia que era importante estar bem arrumada e séria. Fechou o carro e entrou no prédio.

– É de algum jornal? – perguntou uma moça, na entrada.
– Sou do Jornal da Vista.
– Preciso ver seu crachá.
– Ai, meu Deus. Desculpe... – Serena abriu sua bolsa, mas tinha tanta coisa dentro, que não estava conseguindo achar o seu crachá.
– Eu vou ver se esqueci no carro e já volto.

Serena estava começando a ficar bastante nervosa. Só faltava ter esquecido o bendito crachá na sua mesa de trabalho. Virou para retornar para carro ainda procurando dentro da bolsa e acabou colidindo com um homem parado atrás dela. No susto, acabou derrubando a bolsa e a maior parte de seu conteúdo foi parar no chão.

– Perdão, senhorita.
– Foi minha culpa, senhor. – disse Serena abaixando na mesma hora para juntar suas coisas.
– Deixe-me ajudá-la.
– Não se preo... – ia começar a dizer quando olhou para o desconhecido. Por um momento, esqueceu o que ia dizer. Era o homem mais bonito que já tinha conhecido. Moreno, forte, com cabelos e olhos castanhos. E era policial!
– Era isso que estava procurando? – perguntou ele com um crachá nas mãos, trazendo ela para a realidade.
– Era sim. Como sabia?
– Eu escutei sua conversa.
– Ah...
Pegou o crachá e terminou de juntar suas coisas rapidamente.
– Muito obrigada! Preciso ir agora. – disse e entrou no prédio, fugindo assim do estranho policial. E dos seus estranhos sentimentos.

sábado, 8 de setembro de 2007

CAPÍTULO III

Seu primeiro trabalho como redatora seria cobrir a reforma de um orfanato no centro da cidade, onde o prefeito estaria presente. Serena sabia que precisava se sair muito bem nesse evento para ganhar confiança do editor-chefe.
– Acho que o Sr. Fray gostou de você, Serena. – disse Lisa, uma colega de trabalho.
– Eu acho que é um teste para ver se sou capaz de fazer uma matéria chamativa. Mas vou passar no teste, Lisa.

Lisa preferiu ficar quieta, mas trabalhava no jornal há bastante tempo para saber que não era só um teste. Ricardo Fray estava aparecendo cada vez mais frequentemente ao departamento delas com os mais variados motivos. E em quase todas às vezes, passava perto da mesa da colega. Serena, por sua vez, era tão compenetrada no trabalho que parecia nem notar.

“Ela esconde algum segredo. É óbvio que deve estar fugindo de algum homem”. Era o que pensava Lisa, com certa inveja.

Serena era uma mulher muito bonita. Tinha cabelos castanho-claro compridos e levemente cacheados, olhos da mesma cor, não muito alta e bem proporcionada de corpo. Mas estava sempre muito séria e escondia por trás dos óculos uma profunda tristeza nos olhos. Tristeza até demais para os seus 23 anos de idade, mas que quase ninguém percebia.

Lisa era o oposto. Era loura com cabelos longos e fartos. Tinha olhos claros e, apesar de ser mais baixa que Serena, tinha curvas bem acentuadas. Gostava de se produzir e chamar a atenção. Quando viu a nova redatora, ficou morrendo de inveja, mas depois percebeu que Serena não reparava em nenhum dos homens ali dentro. Só quando percebeu o interesse do redator-chefe nela, ficou realmente preocupada. Não que gostasse do Sr. Ricardo Fray. Mas sabia que ele era do tipo mulherengo e esperava usar isso para conseguir a tão sonhada promoção. Já estava trabalhando como redatora há dois anos e achava que merecia uma chance.

– Você quer ir comigo, Lisa?– perguntou Serena, interrompendo os seus pensamentos.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Modificações

ATENÇÃO: Para quem acompanha os posts, fiz algumas pequenas modificações no texto:

1) no início do capítulo I (primeiro post);
2) no meio do capítulo II (quinto post).

Aguardem o Capítulo III... mas enquanto isso...


quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Mais uma foto: Serena colocando Lucas no berço para dormir.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

CAPÍTULO II (CONTINUAÇÃO)

(...)
Com Lucas no colo, Serena desceu as escadas e deu a mamadeira com leite a ele. Depois deixou Lucas no cercadinho brincando e foi terminar de arrumar a casa.

Dois dias depois, já com quase tudo em ordem, colocou Lucas no carrinho e resolveu dar uma volta no quarteirão para se familiarizar com o local. Queria conhecer o maior número de pessoas possível. Foi uma agradável surpresa encontrar um parque muito arborizado e com um lago cheio de patos nadando. Pegou Lucas no colo e apontou para os patos coloridos.
– Olha Lucas! Sabe o que são aqueles bichinhos nadando? São patos.
– Patos – repetiu ele, abrindo os braços como se quisesse pegar um deles.
– Isso mesmo, meu anjo. Não são lindos? Mas você não pode pegá-los. Sabe por quê? São animais da natureza e não estão acostumados com os humanos. Mesmo sem querer, você pode machucar eles, assim como eles podem te machucar também.
– Não vou machucar...
– Eu sei que você não quer machucar o patinho. – disse Serena sorrindo.
– Perdão, não pude deixar de escutar. Ele é seu filho? – perguntou uma senhora de cabelos brancos ao seu lado.
– É sim. – respondeu antes de pensar um pouco. Era melhor que todos pensassem que Lucas era seu filho, pois assim evitaria ter que comentar o nome da mãe.
– Você é muito paciente com crianças sendo tão jovem.
– Muito obrigada. Não há como não ser paciente com uma criança tão inocente. – respondeu com certa amargura, fato que não passou despercebido à senhora.
– Você tem toda razão. Meu nome é Mônica Sáros e sou professora primária, mas já estou aposentada.
– Prazer, Sra. Sáros. Meu nome é Serena e esse lindo menino se chama Lucas.
– Você é nova na cidade não é mesmo? – vendo Serena estranhar a pergunta, continuou – É que Vista Formosa é uma cidade pequena e vivo aqui desde criança. Conheço a maior parte dos moradores.
– A senhora tem razão. Hoje é o primeiro dia que consigo sair para tentar conhecer um pouco da cidade. Estive bastante atarefada com a mudança.

Dizendo isso, Serena colocou Lucas no carrinho e convidou Mônica para tomar um café numa lanchonete que viu por perto.
– Só aceito seu convite se não me chamar mais de senhora. Já me sinto muito velha todo dia quando me olho no espelho!– pediu a simpática senhora sorrindo.

Ficaram conversando por quase uma hora na lanchonete. Serena simpatizara bastante com Mônica e foi bom conhecer alguém para poder conversar pois começava a se sentir bastante sozinha.
– Você trabalha em quê, Serena?
– Eu sou formada em Comunicação Social, na área de Jornalismo. Vou entregar meu currículo no Jornal da Vista, pois me foi muito bem recomendado.
– Jornalista... – murmurou Mônica.
– Algum problema?
– Nenhum, minha querida. Espero que você consiga o emprego.

Serena percebeu pela expressão de seu rosto que ela estava escondendo algo, mas achou melhor não insistir.
– Você poderia me recomendar uma creche ou mesmo uma babá de confiança para ficar com Lucas enquanto preciso resolver esse assunto de trabalho? Não conheço nada ainda.
– Claro. Conheço uma babá com ótimas referências. É uma conhecida minha e recomendo de olhos fechados até.

As duas trocaram os números dos telefones e se despediram. No dia seguinte, ligou para a babá indicada e pediu que viesse na sua casa para conversarem. Logo que conheceu Martha, Serena percebeu que era uma pessoa honesta, íntegra e reservada. Tinha excelentes referências e muito amiga de Mônica. Contratou Martha, a princípio, por uns dias apenas, para ver se Lucas se adaptava bem a ela.

Nesse meio tempo, Serena aproveitou para entregar seu currículo na sede do jornal. Vestiu uma roupa séria para aparentar mais idade e foi encaminhada para o Departamento de Recursos Humanos. O responsável pelas contratações analisou seu currículo e disse que ela estava com sorte, pois estavam com uma vaga para Redator. Fez algumas perguntas sobre sua experiência profissional e revelou que, apesar de ter pouca, era bem interessante e sólida. No dia seguinte ligaram para ela com a notícia de sua contratação.

Uma semana depois, Serena contratou Martha definitivamente para tomar conta de Lucas durante o tempo que ficaria fora de casa trabalhando. Eventualmente, precisaria dela quando precisasse sair para investigar algumas coisas. Tudo estava correndo dentro dos planos de Serena.

Fim do capítulo II

Resumo

Consegui fazer o resumo da história. Agora só falta o título.

Estava em busca de vingança. Encontrou o amor.
Quando Serena Hill se mudou para Vista Formosa, só tinha um objetivo: descobrir os mistérios que levaram a morte de sua mãe Marina.
Mesmo tendo assumido o papel da mãe, tanto na vida de seu irmão Lucas quanto profissionalmente, Serena não imaginava os perigos em que estava se metendo.
Apenas quando percebeu que seu coração batia mais rápido por Dario Sáros, um certo policial da pequena cidade, que sentiu medo. Não queria nem podia confiar num policial. Não quando desconfiava do envolvimento da polícia no crime da mãe.
Será que Dario conseguiria chegar ao coração atormentado da nova moradora de olhos tristes? Será que a convenceria de sua honestidade? Da sinceridade de seu amor?
Dario não sabia as respostas a essas questões. Mas estava disposto a lutar por elas e conquistar o amor de Serena.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

CAPÍTULO II (CONTINUAÇÃO)

(...)
“Chega de pensar nisso, Serena!”. Ela se repreendeu mentalmente. Olhou para o berço de Lucas e viu que o menino já estava acordado. Assim que a viu, estendeu os pequenos braços para pedir colo.
– Leite! Quero leite. – disse ele em seu colo.
– Tudo bem, meu anjo.

A gravidez de Marina foi complicada, pois ela já contava com seus 43 anos e não esperava ser mãe novamente. Não com uma filha praticamente adulta. Mas não escondeu de ninguém a felicidade que sentiu, mesmo sofrendo tanto nas mãos do marido. Ela considerava sua gravidez uma benção e um presente divino. Lucas nasceu prematuro de sete meses e precisou ficar em observação no hospital, pois era muito magrinho. Marina e a filha iam todos os dias ao hospital ficar perto de Lucas e, ao mesmo tempo, rezar pela sua saúde. Juca não foi uma única vez sequer e Serena se perguntava até quando a mãe ia agüentar esse sofrimento. Muitas vezes se pegava rezando para que ele desaparecesse de suas vidas.

Juca era um homem forte e trabalhador. Mas era muito orgulhoso e ciumento. Não queria a mulher sendo vista por nenhum homem e, por isso, obrigou que ela abandonasse seu emprego. Marina, como amava muito o marido, aceitava tudo calada e evitava até sair na rua. Fazia de tudo para não provocar a ira do marido porque, nessas horas, ninguém conseguia controlá-lo. Mas por mais que não desse motivo, bastava ele sair com os amigos para beber. Quando voltava para casa, bêbado, muitas vezes batia na mulher e a obrigava a ter relações sexuais com ele. Marina agüentava tudo quieta por causa da filha. Não queria que ela soubesse o pai que tinha. Mas Serena sempre ouvia tudo do quarto, mas nunca teve coragem de fazer nada, a não ser chorar.

Serena tem certeza de que quem deu forças para a mãe se reerguer, foi Lucas. Ele era um bebê lindo, com os cabelos e olhos castanhos claros. Tinhas as bochechas cheias, com duas covinhas e sempre sorria. Depois que saiu do hospital, ele ganhou peso rápido e conquistou a todos na família. Todos, menos o pai, que após alguns meses do nascimento do filho, fez as malas e foi embora sem dar nenhuma satisfação. Sem dinheiro e com um filho pequeno que ainda precisava de cuidados, Marina sabia que não podia se dar ao luxo de ficar triste. Precisa correr atrás do sustento da família. Por amor a seus filhos, conseguiu recuperar parte da auto-estima e orgulho. Mas não totalmente, pois uma outra parte dela foi esmagada pelo marido.
(...)

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Serena e Lucas Hill



Assim é como eu acho que os personagens Serena e Lucas Hill são fisicamente. Atrás deles a nova casa.





domingo, 2 de setembro de 2007

CAPÍTULO II

Não basta que seja pura e justa a nossa causa. É necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós.
O recomeço...

A dor causada pela lembrança da mãe ainda era muito forte, mas o tempo se encarregaria de diminuí-la. Cada vez que Serena olhava para seu irmão Lucas, agradecia por ele ser tão criança ainda e não entender nada. Mas sabia que algo devia ser feito.

Num intervalo de tempo surpreendentemente rápido, conseguiu vender os únicos bens valiosos que possuíam: a casa e o carro. Com o dinheiro das vendas, alugaram uma casa na cidadezinha vizinha, a mesma que havia tirado a vida da mãe. Sabia que era um risco, porém tinha certeza de que era o último lugar que desconfiariam que eles estivessem. Nenhum de seus amigos desconfiou de nada. Como não sabiam da verdadeira história do assassinato de Marina, acharam que ela queria ficar longe de tudo que lembrasse a mãe. Serena, porém, disse apenas que ia ficar com alguns parentes e depois resolveria onde iria morar. Não queria deixar muitas pistas e foi até muito fácil.
Às vezes não acreditava ter sido capaz de ter tomado esta decisão. Justo ela que sempre fora uma menina muito calma e doce. Mas era também muito determinada e agora tinha descoberto ser muito corajosa.

A cidade se chamava Vista Formosa e era bem pequena. Era bastante arborizada, florida e com habitantes bem simpáticos. A casa que alugou, apesar de ter tido pouco tempo para procurar, tinha dois andares e estava muito bem conservada. Apesar de toda a bagunça da mudança, tinha certeza de que depois de arrumada, ficaria bem aconchegante. Comprou um outro carro mais barato e, com o resto do dinheiro, daria para sobreviver por uns tempos. Ia tentar conseguir um emprego no principal Jornal da cidade, Jornal da Vista, pois estudou para ser Jornalista, como a mãe. E, se tudo desse certo, ia começar suas investigações o mais rápido possível.

sábado, 1 de setembro de 2007

CAPÍTULO I (CONTINUAÇÃO)

(...)
Marina tinha ido cobrir um incêndio numa cidade vizinha para uma matéria que sairia no dia seguinte. Para isso, pediu que Serena ficasse com Lucas, pois só retornaria no dia seguinte. Já era de madrugada quando Marina ligou para o celular da filha bastante assustada, dizendo algumas frases incoerentes. Serena ainda estava sonolenta e demorou em entender o que estava acontecendo. A mãe pediu que os dois saíssem de casa e fossem para um hotel.
– Confie em mim, Serena. Só faça o que estou pedindo. Aconteça o que for, lembre-se que amo muito vocês dois. Cuide de Lucas como se fosse seu filho... ele é muito pequeno ainda para entender. Preciso desligar.

Mas antes da mãe desligar o celular, Serena escutou a voz irritada de um homem.
– Você não tem mesmo amor a sua vida! O que pensa que está fazendo?

Ainda deu tempo de escutar um forte barulho e a ligação foi encerrada. Serena soube que havia perdido a mãe naquele momento e, segurando as lágrimas e a dor, fez uma mala com algumas roupas e levou Lucas para um hotel. Muitas horas depois, naquela mesma noite, conseguiu dar vazão a toda tristeza que sentia e chorou até as lágrimas secarem. Mas dois outros sentimentos cresciam dentro de seu peito: revolta e vingança. E a voz daquele homem ficou marcada para sempre na mente e coração de Serena.

Serena nunca soube dizer como conseguiu aparentar surpresa e frieza quando a polícia a procurou para dar a triste notícia. Marina havia sido encontrada com um tiro no peito, abandonada no próprio carro. A polícia disse que tinha sido assalto, pois sua bolsa e objetos de valor haviam desaparecido. Havia também marcas de luta no carro, assim como escoriações e marcas no seu corpo.

Serena insistiu para a polícia continuar investigando, mas de nada adiantou. “Por que então não levaram seu carro?” foi o que argumentou, mas a resposta parecia até já ser ensaiada. “Provavelmente não queriam ser rastreados. Num caso de morte, o que eles menos querem é deixar pistas.” Foi a resposta seca do delegado, ignorando a dor surgida nos belos olhos castanhos de Serena.

Intuitivamente, Serena sabia que a mãe havia descoberto algo. E em algo que a polícia não queria se meter. Como se a mãe a tivesse guiando, não comentou nada sobre a ligação de madrugada. Vingaria a morte da mãe e não importava o tempo que levasse. Essa era a única certeza que tinha.
As únicas desgraças completas são as desgraças com as quais nada aprendemos.
(William Ernest Hocking)

O INÍCIO

Bom, minha idéia é começar a montar uma história romântica. Estou com algumas idéias na mente mas nada formado ainda. Já visualizei como serão meus personagens principais e seus nomes. Agora vou deixar o tempo ditar as regras. Conto com a participação e ajuda de quem for acompanhar. Sugestões serão muito bem vindas.
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CAPÍTULO I

Serena Hill abriu a pesada janela de seu quarto e olhou para o céu. Nuvens escuras se formavam e, o que antes era um céu azul escuro, se tornava cinzento. Apesar disso, estava quente ainda e deixou a janela um pouco aberta para refrescar. Suspirando, olhou a sua volta e viu que ainda tinham muitas caixas a serem abertas e, espantando o cansaço, voltou a trabalhar nelas.

Uma hora mais tarde, Serena já havia arrumado grande parte de suas coisas e da cozinha. A mudança havia chegado no dia anterior e, sozinha, precisava dar conta de arrumar os móveis e objetos na casa nova, assim como cuidar de seu irmão mais novo. Pensando nisso, subiu as escadas e foi ver se seu irmão ainda estava dormindo.

Lucas tinha apenas dois anos e acabou, por força de um trágico fato, sendo quase um filho para Serena. A mãe deles, Marina, morrera há exatamente 6 meses. Era uma mulher de fibra e muito carinhosa. Desde que Juca, seu marido, a abandonara a própria sorte, Marina se transformou e mostrou sua força. De uma mulher submissa e dona de casa, conseguira retornar a carreira jornalística. E isso num período de um ano. Ela havia desistido de sua carreira a pedido do marido, quando se descobriu grávida de Serena. Quando se viu sozinha e sem dinheiro, não pensou duas vezes. Implorou por um emprego no seu antigo trabalho e, devido a uma antiga amizade com o responsável pelo setor de finanças do Jornal da cidade, foi bem sucedida. Nunca mais tocou no nome de Juca e ninguém ficou sabendo o que havia ocorrido com ele. Até o dia que tudo mudou drasticamente.
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Bom, o que vocês acharam? Devem ter percebido que ainda não tem título... vou pensar melhor nisso! Vou tentar fazer um resumo do que espero dessa história e, se alguém quiser opinar no título, vai ser bem vindo.

Abraços