sábado, 4 de julho de 2009

CAPÍTULO XIV (CONTINUAÇÃO)

(...)
Quando chegou a casa de Dimitri, um segurança o informou que ele não estava e que não tinha hora para voltar.
─ Você está dispensado de vigiar o interior da casa. Deixe por minha conta. Tente se comunicar com o seu companheiro.
─ Sim, senhor Dario.

A lua já estava alta no céu escuro e estrelado quando Serena resolveu sair da piscina. Ultimamente estava gostando de nadar nesse horário tardio, pois Lucas já dormia e a casa ficava no mais completo silêncio.
Enrolando-se numa toalha, ela sentou numa das espreguiçadeiras e se pôs a pentear os cabelos molhados. Estava tão distraída que não percebeu a chegada sorrateira de Dario.
─ Sabia que nessa época do ano, o vento é gelado?
Serena se assustou com a voz de Dario e acabou largando o pente. Sentiu no coração uma alegria imensa ao vê-lo ali tão perto, mas as lembranças recentes nublavam esse sentimento.
─ O que faz aqui, Dario? ─ perguntou, num tom mais frio possível.
Ele se aproximou dela e pegou o pente do chão.
─ Você devia ter medo de ficar doente.
Como se aquela frase fosse à última gota d´água, Serena pegou o pente com a mão trêmula e desandou a falar.
─ E se eu ficar doente? O que isso importa para você, Dario? Você esqueceu de mim, não é mesmo? Pouco se importou comigo quando estávamos fugindo... eu estava apavorada, sabia?... você quis me dar uma lição, não foi? Pois pode se sentir satisfeito, pois conseguiu! Não quero mais envolvimento nessa história... não quero mais ficar aqui... vou sumir com meu irmão...
Antes que pudesse terminar a frase, Dario a abraçou com força e desespero, segurou sua cabeça e a beijou com certa violência.
─ Solte-me! ─ gritou e, reunindo o pouco de força conseguiu, o empurrou ─ Não quero sua piedade.
Nessa altura, sentiu as lágrimas descerem pelo seu rosto. Sentindo um misto de vergonha e humilhação, virou as costas e correu para dentro da casa. Mas antes de conseguir passar pela porta, Dario a alcançou e segurou seu braço.
─ Agora você vai me ouvir, Serena! ─ disse, com voz alta e séria.
─ Por favor... solte-me! ─ implorou. Sua voz não era mais que um murmúrio.
─ Perdoe-me, Serena. Eu só agi daquele jeito por medo. Você podia ter morrido... não pensou nas conseqüências dos seus atos. E eu não me perdoaria se não conseguisse te proteger! Eu não podia agir com o coração!
─ Por favor... olhe para mim! ─ pediu ele.
Serena abriu os olhos, lentamente. As suas palavras iam penetrando em sua mente.
─ Por quê?
─ Porque quero que olhe nos meus olhos e diga se estou mentindo... Eu te amo, Serena! Eu me sinto incapaz quando você está em perigo. Mas prometo que vou aprender a superar esse sentimento. E preciso que me ajude... me ensine!
Eles ficaram uns minutos se olhando. O mundo parecia ter parado de girar nesse instante.
─ Eu te amo, Dario. Eu também quero que me ajude... amar sempre foi sinônimo de sofrimento para mim...
Ele colou sua boca na dela, impedindo que terminasse a frase.
─ Vou te ensinar o que é amar, Serena.

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