quarta-feira, 7 de novembro de 2007

CAPÍTULO VI (CONTINUAÇÃO)

─ Sua casa? Como assim? ─ perguntou sentindo um imenso rubor no rosto.
Nesse momento, Mônica entrou na cozinha com várias sacolas. Sem perceber o que se passava, começou a esvaziar o conteúdo dos sacos.
─ Dário, meu filho, já conheceu Serena?
Filho?!
─ Já conheci sim, mamãe. ─ respondeu ele com o mesmo sorriso de antes.
Serena estava confusa, mas lembrou-se de que Mônica havia dito que tinha dois filhos, sendo um policial e que morava com ela.
─ Ah! ─ exclamou sem querer.
─ Convidei ela e o filho para um banho de piscina hoje. Está tão quente, não é mesmo? Serena, fique a vontade, sim? Vou só temperar o frango e a carne para um churrasquinho mais tarde.
“Ai, meu Deus!”. Serena ainda estava desnorteada com a coincidência. Não sabia mais como reagir na frente de Dário.
─ Dário, meu filho, nem vi você chegando ontem. Não gosto quando chega muito tarde! Sei que anda aprontando algo...
─ Fiquei de serviço até mais tarde, mamãe. Apenas isso. ─ disse rapidamente, cortando a mãe ─ Vou tomar um banho e me junto a vocês daqui a pouco.
Mas antes de sair da cozinha, abaixou e pegou a mamadeira do chão e entregou a Serena, segurando sua mão por mais tempo que o necessário.
─ Você e essa mania de derrubar as coisas!─ disse em voz baixa antes de sair.

Algum tempo depois, Serena e Mônica estavam sentadas perto da piscina e conversavam.
─ Quer dizer que você já conhece meu filho... Bom, sendo ele policial, não sei por que estou surpresa.
─ Conheci ele na re-inauguração do orfanato.
─ Percebi que os dois já são... um tanto... íntimos.
Serena corou fortemente.
─ Não precisa se envergonhar. Vou te confidenciar algo: nunca vi Dário desse jeito. Aliás, ele estava andado tão sério e fechado, mas de uns tempos para cá, tem estado mais sorridente.
Involuntariamente, Serena sorriu e ficou feliz com o simples comentário.
─ Mas, minha querida, preciso te dizer algo. Desde que te conheci, percebi uma tristeza imensa em seu olhar. Você não precisa concordar com o que eu vou dizer, mas acho que você está procurando algo nessa cidade. Algo que te trará paz... infelizmente, tenho o pressentimento de que é algo perigoso. Peço cuidado ao tomar suas decisões e não deixe que elas atrapalhem sua vida. Sei que você não tem mãe... por isso, me acho na obrigação de dizer isso.
“Mãe!” pensou com revolta e tristeza.
─ Confio muito em você, Mônica. Realmente vim buscar algo aqui na cidade e estou encontrando algo que eu não esperava. Ou melhor, algo em que não acreditava ser possível...
─ Que bom que você usou o verbo no passado. Quer dizer que acredita agora, Serena? ─ perguntou Dário, que havia se aproximado sem que ela percebesse.
─ Estou tentando acreditar, Dário. Eu quero poder acreditar!

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