sábado, 1 de dezembro de 2007

CAPÍTULO VII (CONTINUAÇÃO)

(...)
Dário se preparava para sair da delegacia quando o telefone de sua mesa tocou. Já estava com uma das mãos na maçaneta da porta e pensou duas vezes antes de voltar para atender. Suas atividades profissionais e extra-profissionais estavam esgotando sua mente. Por fim, sua consciência falou mais alto e atendeu o telefone. A pessoa do outro lado da linha passou uma informação rápida, mas importante. Quem o conhecia, sabia pela expressão de seu rosto, que a notícia o havia perturbado. Ele desligou o telefone vagarosamente e, após pensar por alguns instantes, levantou rápido e saiu da delegacia.

Já era fim do expediente e a maioria dos funcionários já havia ido embora. Serena estava sentada em sua mesa e terminava de escrever uma matéria. Felizmente, Lisa a havia deixado em paz e não a procurara mais durante o resto do dia, embora pudesse sentir seu olhar o tempo todo. Sabia que estava ganhando uma inimiga.
Serena escrever a última frase e, após uma rápida revisão, mandou imprimir a matéria. Como a impressora do jornal ficava no final da sala, ela juntou suas coisas e desligou o computador. Pegou as folhas impressas e se dirigiu a sala do editor-chefe, Ricardo Fray. Queria deixar com ele a matéria para que ele aprovasse sua publicação no jornal do dia seguinte. Antes de bater na porta, percebeu que ele estava ao telefone, embora falasse bem baixo.
─ Quem está interessado? ─ perguntou Ricardo.
Serena pensou se tratar de uma conversar particular e não queria interromper. Já ia se afastando da porta quando ouviu mais uma parte da conversa e ficou estarrecida.
─ Mas é transplante de rim? Qual o tipo sangüíneo do interessado?
Serena ficou imediatamente em alerta e, olhando a sua volta e percebendo estar sozinha, se abaixou perto da porta para escutar melhor a conversa.
─ Esse sangue vai ser mais difícil... ─ continuava ele, em voz bem baixa.
─ ... Certo. Vamos nos encontrar hoje às onze horas no galpão abandonado... Até.
Percebendo que a conversa chegara ao fim e que Ricardo se levantou da cadeira, Serena saiu de seu esconderijo e correu ao longo do corredor. Chegou à portaria do prédio ofegante e assustada. A conversa fora um tanto suspeita e precisava confirmar sua desconfiança. Iria até esse galpão abandonado... mesmo não tendo idéia de onde era. Com esse pensamento, saiu correndo do prédio e, ao mesmo tempo, procurando seu celular na bolsa para avisar a Martha que chegaria tarde em casa. Mas foi uma péssima idéia. Na pressa, acabou tropeçando e caiu no chão e todo o conteúdo da bolsa se espalhou a sua volta.
─ Acho que meu destino é sempre te ajudar mesmo, Serena Hill. ─ disse Dário, chegando por trás e estendendo a mão para ajudá-la.
Serena suspirou aliviada ao vê-lo. Já estava acostumada com suas chegadas inesperadas. Quando levantou do chão e olhou para seu rosto, percebeu que ele estava mais sério do que nunca o havia visto.
─ Está machucada? ─ perguntou, sem mudar a expressão de seu rosto e juntando os objetos espalhados.
─ Não. Obrigada pela ajuda, Dário. Nem sei mais o que faço sem você... ─ perguntou, tentando faze-lo rir um pouco. Adorava seu sorriso.
─ Nem sempre vou poder ajudá-la, Serena. ─ respondeu, ainda sério.
Ela estranhou a atitude dele, mas não comentou mais nada. Quando deu um passo em sua direção, seu joelho doeu e, sem querer, soltou uma exclamação de dor.
─ Você está machucada, Serena. Quando vai deixar de ser teimosa, menina? ─ perguntou e a pegou no colo, antes que ela pudesse protestar. ─ Vou levá-la para minha casa para cuidar desse ferimento.
─ Foi só um arranhão, Dário... ─ ia começar, mas se calou. O colo dele era confortante.
Ele a depositou com muito carinho no carro dele e foram para a casa dele.
─ Mônica não vai estranhar você me trazendo para cá há essa hora? ─ perguntou Serena assim que chegaram.
─ Minha mãe foi a uma reunião das amigas dela. Não deve chegar cedo.
Ele a colocou sentada na mesa da cozinha e foi buscar o kit de primeiro socorros.

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