quinta-feira, 9 de abril de 2009

CAPÍTULO XI (CONTUNUAÇÃO)

Ela abriu os olhos devagar, como se ainda estivesse sonhando. Mas quando viu Dario em pessoa ali parado, deu um pulo e o abraçou. Só ao lado dele se sentia em segurança.
─ Dario... dormi sem querer.
─ Você está cansada, Serena. Nada mais natural.
Rapidamente, narrou os acontecimentos que se sucederam. Imaginou que ele fosse ficar realmente zangado, mas chegou a estremecer de apreensão ao ver seu semblante ao final da narrativa.
Conforme ela ia contando o que tinha feito, Dario sentia o sangue ferver nas veias. Tentou não transparecer seus sentimentos, mas lhe foi impossível. Aquela menina não tinha a mínima noção de perigo.
─ Serena, você tem idéia do que podia ter acontecido? ─ foi só o que conseguiu perguntar, com voz controlada.
─ Eu precisava ter certeza...
─ Certeza de que, Serena? Enlouqueceu? O que vai ser de seu irmão se algo acontecer a você? Quer ser tão irresponsável quanto sua mãe foi? ─ Dario já estava praticamente gritando a essa altura. Tinha vontade de sacudir aquela menina para ver se colocava juízo na cabeça dura.
Mas sabia que tinha passado dos limites. O fato da mãe dela ter se envolvido nessa história e não ter calculado as conseqüências do seu ato envolviam muitas outras coisas complicadas.
Serena tinha os olhos marejados e assustados. O seu primeiro impulso foi de dizer que ele não tinha direito de acusar a sua mãe assim. Muito menos julgar as próprias atitudes. Mas, pela primeira vez, sentiu-se culpada. Seu irmão era praticamente um bebê ainda. Pensara no futuro dele algum momento?
Mas quando ia abrir a boca para dizer algo, o celular de Dario tocou. Percebeu que ele franziu a testa quando viu o visor, mas atendeu a ligação.
─ O que você quer, Lisa?
Ao escutar o nome da pessoa, Serena gelou. Era só o que faltava mesmo. Impaciente, levantou da cama e foi até a janela. Dario ficou apenas alguns poucos minutos no celular, mas pareceu uma eternidade.
─ Serena, temos que sair daqui. Lisa vai nos encontrar... ─ disse ele, quando finalizou a ligação.
─ Vamos encontrar com a Lisa? ─ perguntou, incrédula.
─ Sim. Ela vai nos ajudar. Explico tudo no caminho. Não podemos mais perder tempo. Vá se arrumar.
Mesmo odiando ver o nome de Lisa envolvido nessa história, ela se resignou e foi ao banheiro, sem abrir mais a boca. Sabia que era melhor ficar calada naquele momento e obedecer às ordens dele. Pelo seu tom de voz, percebeu a seriedade da situação.
Ela se trocou rapidamente e saíram em silêncio do quarto. Dario a guiou pelo mesmo caminho que fizera e a escuridão da noite ajudou a manter ambos escondidos. Porém, assim que chegaram perto da estrada, ele parou abruptamente e fez Serena ficar escondida. Dois carros escuros estavam parados na entrada do motel e os motoristas conversavam, gesticulando muito. Um dos carros entrou e o outro ficou parado, mas o motorista e mais um passageiro saíram e ficaram de vigília.
─ Serena, não podemos sair daqui de carro sem sermos vistos. ─ disse em voz baixa ─ Eles logo vão começar a procurar pela região quando não a acharem no quarto. Vamos beirando a estrada, pelo mato mesmo.
Ela apenas assentiu e, apertando a bolsa contra o corpo, sentiu um frio na espinha. O cerco estava se fechando e sabia que era a principal culpada. Mesmo sentindo um medo avassalador, seguiu em frente. Mas não sabia até quando agüentaria.

Nenhum comentário: