terça-feira, 11 de novembro de 2008

CAPÍTULO IX (FINAL)

─ Não, minha filha. Dario me mata se chegar em casa e não te encontrar.
─ Mônica, confie em mim. É realmente muito importante. Preciso passar na minha casa primeiro.
Serena saiu apressada e nem deixou Mônica dizer mais nada. Quanto menos informações, melhor.
Chegando em casa, correu para seu quarto para se arrumar. Tinha que estar atraente. Era essencial para que seu plano funcionasse. Por isso escolheu um vestido preto justo com um leve decote em “V” de alças finas e, apesar do calor, colocou meias-calças pretas com um sapato de salto alto. Prendeu o cabelo num coque do melhor jeito que conseguiu e pôs uma leve maquiagem. Quando olhou sua imagem refletida no espelho, achou que estava bom. Só uma leve sensação de culpa a acompanhava. Sabia que Dario a desaprovaria totalmente. E preferia estar se vestindo assim para ele. Mas uma buzina a trouxe para a realidade.
Serena e Ricardo jantaram num restaurante bem calmo. Como estava nervosa, comeu muito pouco, mas percebeu que Ricardo estava exagerando no vinho tinto. Ela fingia que bebia o conteúdo de sua taça e ele acabou bebendo sozinho quase duas garrafas inteiras do vinho. Ela fez o possível para agradá-lo com sorrisos e palavras gentis. Conversaram assuntos banais no restaurante e, quando estavam caminhando para o carro, finalmente veio a proposta que estava esperando ansiosa.
─ Serena, acho que você já deve ter percebido minhas intenções. ─ disse, antes de entrarem no carro, com voz meio enrolada.
─ E quais são? ─ disse com voz inocente e um pouco sedutora.
─ Acho que te desejei desde o primeiro momento que você apareceu na redação, Serena. Quero te beijar agora...
Quando ela percebeu que ele ia abraçá-la, deu um passo para trás e disse:
─ Não podemos ir a um lugar mais... digamos reservado?
─ É o que eu mais quero, Serena. Vamos para minha casa. ─ disse com olhar lascivo.
“Além de ser bandido e estar bêbado, não sabe nem seduzir uma mulher!” pensou ela com ironia. Mas tudo não podia estar melhor. Deu graças por ele morar perto porque ele estava sem condições de dirigir por muito tempo. Assim que saíram do carro, ele passou o braço por volta da sua cintura e, apesar de sentir nojo, achou melhor deixar.
─ Bem vinda a minha casa, pequena! Não vamos mais perder tempo... ─ disse tentando agarrá-la.
─ Você não tem... uma bebida? Um champanhe, quem sabe?
Ele pensou por alguns instantes, enquanto ela rezava para que ele não tivesse.
─ Não tenho champanhe... mas podemos tomar vinho... e depois...
─ Não... ─ Serena precisou se conter para não gritar. ─ Por favor, meu querido... essa noite tem que ser especial.
─ Se você me trouxer uma taça de champanhe, prometo que nossa noite vai ser mais do que especial.
Ricardo a olhou por alguns poucos segundos, mas a idéia do que poderia acontecer depois o agradou.
─ Vou trazer seu champanhe, minha princesa... mas vou cobrar a promessa... esteja certa!
Assim que ele saiu da casa, Serena começou sua busca desesperada.
“Tenho que encontrar alguma prova!” era só o que pensava. Entrou no quarto dele e revirou todas as gavetas rapidamente, debaixo do colchão e nada.
Depois achou seu escritório e vasculhou em todos os cantos e armários. Já estava desanimando quando percebeu que uma das gavetas tinha uma chave.
“Chave? Onde será que está a chave?” Imediatamente lembrou que ele havia saído sem o paletó. Correu para a sala e achou no bolso um molho de chaves. Provavelmente estava tão bêbado que não lembrou da importância das chaves.
Após algumas tentativas, conseguiu abrir a gaveta e no seu interior havia uma pasta de papel. Abriu a pasta e achou uma agenda com vários nomes e telefones e várias fichas de pacientes, de diferentes hospitais.
“Bingo!”
Mas nem deu tempo de comemorar, pois escutou a porta da sala abrindo. Rapidamente, correu para o quarto dele, que era ao lado do escritório e tirou o casaco para esconder a pasta.
Nem bem fez isso, Ricardo entra no quarto com uma taça de champanhe.
─ Você está aqui, minha princesa. Trouxe seu champanhe, mas vejo que já me esperava ansiosa.
Ela pegou a taça automaticamente e bebeu um gole. O medo começou a brotar no seu coração, pois não sabia como fugir. Não havia pensado no que fazer depois. Havia sido impulsiva.
─ Para que perder mais tempo, Serena?─ perguntou com a voz mais enrolada ainda, agarrando ela e a pressionou contra a parede atrás.
Serena sentiu os lábios daquele homem no seu pescoço e seu corpo todo tremeu de medo e nojo. O desespero começou a tomar conta dela e não conseguia mais pensar em nada. Só sabia que precisava lutar.
─ Não! Me solte, por favor! ─ gritou desesperada.
Mas Ricardo não a ouvia mais. Ele estava muito excitado com toda a situação. Sentiu as mãos dele rasgando sua meia, quando tentava subir seu vestido. Como vestido era um pouco justo, resolveu tentar a sorte por cima. Sem pensar mais e ignorando os gritos desesperados de Serena, acabou por rasgando uma das alças do vestido. Ele era tão forte que machucava o braço de dela.
─ Socorro! ─ gritava chorando, mas não se rendia.
Achando que não ia se salvar, começou a pedir ajuda de sua mãe. Foi quando a campainha tocou, insistentemente.
Ricardo pareceu recuperar a razão nesse momento. Soltou Serena tão de repente, que ela acabou escorregando para o chão. Ela chorava copiosamente, mas agradecia a interrupção divina.
─ Já volto!─ disse ele.
Serena se deixou ficar ali por us segundos apenas. Precisava fugir dali. Pegou as provas que estavam enroladas no seu casaco e sua bolsa e olhou a sua volta. Não sabia por onde ir quando avistou as janelas. Mas antes de fazer qualquer coisa, escutou uma voz conhecida na sala.
A voz do seu amor.
─ Dário... ─ murmurou aliviada.

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