sábado, 15 de novembro de 2008

CAPÍTULO X (FINAL)

(...)
Dario parou no mesmo instante e a olhou apreensivo. Tudo o que via a sua frente era Serena trêmula e com os olhos arregalados de medo. Ele se sente extremamente culpado por essa situação.
─ Perdão, Serena. Não queria te assustar. Nunca foi a minha intenção... ─ foi apenas o que conseguiu dizer.
Ele não sabia mais como se retratar. O que fizera era imperdoável pois tinha certeza de que Serena tinha medo de amar e havia acabado de sofrer uma tentativa de violência nas mãos de Ricardo. Sabia que ela devia estar mais assustada do que nunca.
A fim de não piorar ainda mais a situação, ele saiu do quarto para se acalmar e voltar ao seu estado normal. Algum tempo depois, quando retornou, a encontrou sentada na cama e com o olhar vago.
─ Serena... ─ começou ele.
─ Dario, você está aborrecido comigo? ─ perguntou, ansiosa e interrompendo-o.
─ Claro que não, querida. Eu apenas saí do quarto para não te assustar mais. ─ respondeu, sentado ao seu lado e segurando sua mão ternamente. ─ Você me perdoa?
─ ... não há nada para perdoar. Eu que quero pedir desculpas... não, Dario... deixa eu terminar primeiro ─ pediu quando ele ameaçou interrompe-la ─ Eu juro para você que queria ir até o fim... mas lembrei do que aconteceu hoje...
Ele percebeu que ela se referia à Ricardo. Só de pensar nele, seu sangue fervia nas veias.
─ Se tem alguma coisa que tenho certeza... é que amo você.
─ Serena, quero saber o que aquele cretino do Ricardo fez com você. Preciso saber tudo.
Vendo que ele não desistiria, ela levantou-se da cama e caminhou até a janela. A noite estava linda, mas não conseguia apreciar o espetáculo. Pausadamente, narrou os acontecimentos, tais como sucederam. No final, sentiu os olhos marejados de lágrimas mas não as derramou. Apesar da raiva crescente que sentiu ao longo da narrativa, Daria apenas a ouviu e a abraçou. Sabia que ela precisa desse desabafo.
Algum tempo depois, os dois resolveram olhar todos os papéis. Dario conhecia a maioria dos nomes escritos na agenda. A maior parte era policial, que provavelmente eram pagos para acobertar as ações criminosas. Havia também nomes de médicos e de alguns políticos. Era uma máfia com um esquema muito bem elaborado.
─ Serena, esses papéis são provas muito importantes. Meu Deus! Juntando com minhas gravações e fotos, acho que podemos acabar com essa máfia.
─ Tem mais uma coisa. Minha mãe me deixou uma carta e uma chave de uma caixa postal. Com todos os acontecimentos recentes, esqueci da sua existência. Ela diz na carta que vou encontrar o que preciso com a tal chave. Mas preciso retornar a minha antiga cidade.
─ Posso ler a carta? ─ perguntou achando que poderia descobrir algo a mais sobre a sua amada.
Após pensar por alguns segundos, ela lhe deu o papel. Decidiu não esconder mais nada dele.
Ele pegou a carta e se sentou na cama para lê-la. Ao seu término, perguntou:
─ O que seu pai fez a vocês, Serena? ─ perguntou, desconfiando ser essa a raiz de todo o problema.
─ Meu pai era muito ciumento e fez de minha mãe prisioneira por muito tempo. Ele era violento também, principalmente quando bebia.
─ Alguma vez ele bateu em você ou no seu irmão?
─ Não. Eu aprendi a ficar longe dele quando estava bêbado. E minha mãe intervia quando necessário... Ele nem chegou a conviver com Lucas porque nos abandonou. Esse dia, Dario, foi o mais feliz da minha vida. Significava o começo de nossa liberdade e felicidade. Triste não?
─ Você sofreu demais, Serena. Acho que começo a entender porque sua mãe se envolveu nesse caso.
─ Meu pai... ele violentava minha mãe. Eu ouvia tudo do meu quarto... minha mãe pedindo que ele parasse, ela chorando... Mas nunca tive coragem de fazer nada.
E Dario também entendeu o porquê dela ter se envolvida nessa história.

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