sábado, 8 de setembro de 2007

CAPÍTULO III

Seu primeiro trabalho como redatora seria cobrir a reforma de um orfanato no centro da cidade, onde o prefeito estaria presente. Serena sabia que precisava se sair muito bem nesse evento para ganhar confiança do editor-chefe.
– Acho que o Sr. Fray gostou de você, Serena. – disse Lisa, uma colega de trabalho.
– Eu acho que é um teste para ver se sou capaz de fazer uma matéria chamativa. Mas vou passar no teste, Lisa.

Lisa preferiu ficar quieta, mas trabalhava no jornal há bastante tempo para saber que não era só um teste. Ricardo Fray estava aparecendo cada vez mais frequentemente ao departamento delas com os mais variados motivos. E em quase todas às vezes, passava perto da mesa da colega. Serena, por sua vez, era tão compenetrada no trabalho que parecia nem notar.

“Ela esconde algum segredo. É óbvio que deve estar fugindo de algum homem”. Era o que pensava Lisa, com certa inveja.

Serena era uma mulher muito bonita. Tinha cabelos castanho-claro compridos e levemente cacheados, olhos da mesma cor, não muito alta e bem proporcionada de corpo. Mas estava sempre muito séria e escondia por trás dos óculos uma profunda tristeza nos olhos. Tristeza até demais para os seus 23 anos de idade, mas que quase ninguém percebia.

Lisa era o oposto. Era loura com cabelos longos e fartos. Tinha olhos claros e, apesar de ser mais baixa que Serena, tinha curvas bem acentuadas. Gostava de se produzir e chamar a atenção. Quando viu a nova redatora, ficou morrendo de inveja, mas depois percebeu que Serena não reparava em nenhum dos homens ali dentro. Só quando percebeu o interesse do redator-chefe nela, ficou realmente preocupada. Não que gostasse do Sr. Ricardo Fray. Mas sabia que ele era do tipo mulherengo e esperava usar isso para conseguir a tão sonhada promoção. Já estava trabalhando como redatora há dois anos e achava que merecia uma chance.

– Você quer ir comigo, Lisa?– perguntou Serena, interrompendo os seus pensamentos.

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