quarta-feira, 19 de setembro de 2007

CAPÍTULO IV

Otimismo é esperar pelo melhor. Confiança é saber lidar com o pior
Roberto Simonsen
Serena empurrava o carrinho de Lucas com um sorriso no rosto. Sua matéria sobre o orfanato havia sido muito elogiada pelo seu chefe, Ricardo Fray. Havia passado praticamente à noite em claro escrevendo a matéria, aproveitando para chamar a atenção sobre a importância da adoção. Já haviam passado três dias da publicação da matéria e estava com algumas outras para escrever. Parecia que já estava conseguindo conquistar a confiança do chefe.

Aproveitava uma folga no final da tarde para passear um pouco com Lucas e se encontrar com Mônica. Assim que entrou no shopping, avistou Mônica sentada num dos bancos da praça principal.
– Como tem passado Mônica?
– Muito bem. Eu que nem preciso perguntar! Li sua matéria. Você deve estar muito orgulhosa.
– Acho que não preciso fingir que não estou. – disse Serena, com um sorriso.
– Claro que não, minha filha. Mas me diga o que tem achado da cidade, do emprego, enfim, de tudo.
Elas se sentaram numa cafeteria, pediram café com torradas e conversaram por algum tempo. Em dado momento, Serena colocou Lucas no colo para dar a papinha de legumes.

– Você deve sentir falta dele quando está trabalhando.
– Sinto sim. Ele é minha única família agora.
– E o pai do Lucas? Desculpa... não devia ter perguntado.– arrependeu-se Mônica vendo que Serena ficou perturbada com a pergunta.
– Eu não sei onde ele está...
– Não se preocupe querida. Não é nenhuma vergonha. O pai dos meus filhos, apesar de já ser falecido, também me abandonou quando os dois ainda eram jovens.
– Não sabia que você tinha filhos.
– Tenho dois filhos. Os dois já são crescidos. Mas só meu filho mais velho ainda mora comigo. Acho que ele tem pena da velha mãe aqui.
– Mônica... você me disse que morava há muito tempo aqui certo?
– Sim, minha filha. A vida inteira.
– Você lembra de algum incêndio que aconteceu há alguns meses? Acho que aconteceu num galpão.
– Incêndio? O último que aconteceu foi há anos.
Serena ficou uns instantes sem palavras.
– Tem certeza?
– Absoluta. Sei de praticamente tudo que ocorre nessa cidade. Ainda mais porque meu filho é policial. Mas por quê?
– É que... fui informada de um incêndio criminoso ocorrido há algum tempo... mas estou bastante confusa agora.
Confusão era pouco para descrever a angústia que Serena sentia. Sua mãe havia dito que tinha ido averiguar um incêndio para escrever uma importante matéria. Se não houve incêndio, o que sua mãe fora fazer ali então?

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